Depois de treinar o Villa Nova, em 2015, o treinador Wellington Fajardo ficou numa espécie de “cadeirinha do pensamento”. Mas não aquela cadeirinha de castigo que os alunos eventualmente têm que ir por fazer coisa errada. A ideia era manter conhecimentos sempre atualizados para que, quando voltasse à beira de campo, o desempenho fosse o melhor possível.
Três anos depois, quem apostou no renovado professor Wellington acertou em cheio. Contratado pela Patrocinense quando a equipe estava ameaçada de rebaixamento no Campeonato Mineiro, conseguiu evitar a queda e ainda colocou a equipe numa inédita participação em campeonato nacional de futebol (a Série D).
Mas espera aí, “prof”. Você não tinha dito ao Toque de Bola que não assumiria mais um time já com a temporada em andamento, e com risco de queda?
No início desta semana, Welington revelou ao Toque a satisfação do trabalho realizado até aqui. Ele diz que “a cidade está em êxtase” com a reação.
Confira o que o treinador diz sobre o trabalho desenvolvido no comando da Patrocinense e a sua volta à prática depois de anos dedicados aos estudos do futebol
Welington Fajardo: de volta à prática, comanda reação da Patrocinense no Campeonato Mineiro
“Assumimos aqui em situação bastante crítica. Time estava na zona do rebaixamento, tinha três partidas fora, duas em casa, sendo uma delas contra o Cruzeiro. O objetivo principal era livrar do rebaixamento, e conseguimos nos livrar na última rodada. E com o empate (1 a 1 diante do Cruzeiro em Patrocínio), alcançamos ainda a vaga para as quartas-de-finais e para a Série D do Brasileiro. É a primeira vez na história que ela vai participar de um campeonato nacional (a Série D).
Na cidade está todo mundo muito feliz. Foi um trabalho de muito sacrifício, muito difícil. Eu já tinha conversado com vocês (Toque de Bola), que não ia mais assumir nenhum time nessa situação. É a quarta vez que eu pego um time na zona do rebaixamento e consigo livrar. Mas achei que era a hora de vir. Estava estudando muito, tinha as palestras que eu fazia e queria colocar isso em prática.
Tive a oportunidade de contratar uma Comissão Técnica espetacular. Um preparador físico que também é fisiologista, Denis Azevedo. Preparador de goleiros do São Paulo, Rufino. Auxiliar técnico Marcos, do sub-20 do Cruzeiro e Fluminense. Uma Comissão Técnica muito boa. E tivemos total apoio da diretoria. Tudo em dia: pagamento, gratificação, premiação, e jogadores de muita qualidade, embora seja um grupo reduzido, com apenas 22 atletas.
Tivemos também um apoio muito grande da imprensa, que apoiou o trabalho desde o início, e a torcida fez a grande diferença. É muito vibrante, enche o estádio. A cidade está vivendo um clima bastante diferente. Já estão se programando para um 2019 com calendário cheio, coisa que nunca ocorreu na história de Patrocínio. Eu também fico muito satisfeito de ter colocado Pude colocar minhas ideias em prática, nesse tempo que fiquei em casa só estudando futebol. O tema da palestra era “Futebol Moderno – O que mudou na prática e sempre evoluindo”.
Gosto muito de estudar a parte tática do futebol. Agradecer a Faculdade Estácio de Sá e Universo. As palestras foram um aprendizado não só para os alunos, mas principalmente para mim. De três em três meses, modificando alguma coisa dentro dos tópicos. Para você ver como o futebol é dinâmico, de uma palestra a outra eu mudava até 80 por cento do que eu ia abordar. Isso foi muito importante. Sou recém-formado, tenho só nove anos de formado, isso ajudou muito mesmo. A cidade está em êxtase. Vocês não têm ideia da alegria do povo, da torcida. Se a gente falar algo sobre contrato, podem até dizer que eu estou exagerando. Já nos chamaram para uma conversa para 2019, mas acho que ainda é muito cedo, tem muita coisa para acontecer. Para mim, é interessante. Se eu tiver a possibilidade de montar um grupo, fica muito mais fácil para o treinador. E como nós conseguimos um calendário cheio para a Patrocinense em 2019, abriu-se uma porta muito boa para fazer o trabalho que eu gosto, desde o início. Mas no futebol tudo muda muito rápido. Hoje o que eu posso dizer é que sou muito grato pelo convite e pelo apoio que tive desde o início. E que aprendi muito nesse tempo que fiquei em casa. Futebol muda muito.”