Em dois jogos em Juiz de Fora, o Tupi sofreu dois gols originados em cobranças de escanteio. Contra o Guarani, o goleiro era Jordan, e o adversário marcou um gol de cabeça no primeiro pau. Diante do América, de Teófilo Otoni, o goleiro era Tadeu, e a bola que atravessou a pequena área chegou para a conclusão, desta vez com o pé, de um jogador de baixa estatura.
Confira o papo do Toque de Bola com o preparador de goleiros do Tupi, Walker Campos:
Toque de Bola: Como o preparador de goleiros do Tupi trabalhou esta semana, sabendo que o Atlético tem, entre outros recursos, uma jogada aérea poderosa, com o zagueiro Réver, o atacante Jô, e outros jogadores, que nem sempre concluem, às vezes preferem ajeitar para quem vem de trás?
Walker: “Temos enfatizado esse trabalho, conversando com os goleiros. Posicionamento, antecipação numa bola mais viajada como a do Réver que todos conhecem. Parece fácil mas é difícil. Quanto aos gols sofridos, foram parecidos mas de certa forma diferentes. O gol sofrido por Jordan: há uma divisão de responsabilidade. A bola no primeiro pau já colocamos um jogador ali visualizando uma situação. Uma bola mais baixa, esse jogador tenta cortar, e o goleiro tem que ficar atento para confiar desconfiando. Tentar socar essa bola ou desviar de alguma forma. Houve 50% para cada um, não vou eximir o goleiro mas houve também uma falha no corte daquela bola. Sem contar que houve um atleta de encontro a essa bola. São fatores que num lance são determinantes.
Quanto ao gol sofrido pelo Tadeu, foi diferente porque a bola foi escorada para trás. Foi rápida noprimeiro pau, bem batida, e um atleta adversário conseguiu desviá-la para o segundo pau. No segundo pau, tem que haver também um acompanhamento. Há também uma divisão de responsabilidades.
Às vezes a pessoa fala: bola na pequena área é do goleiro. Mas depende de como ela vem. Da situação. Quando falha, falha todo mundo. Não vou crucificar ninguém. São atletas que já nos deram muitas vitórias, foram decisivos. E eu costumo brincar com eles: goleiro bom é goleiro decisivo. Tivemos goleiros que passaram aqui, Rodrigo Eládio, Marcelo Cruz, que foram decisivos. Então eu passo isso para eles. São jovens, a cobrança é muito grande em cima deles, são meninos. Ah, são grandes, são fortes. Sim, mas são meninos. São garotos que não haviam jogado ainda numa equipe profissional de primeira divisão. O Campeonato Mineiro é considerado o terceiro melhor do Brasil. Agora, por exemplo, vamos enfrentar jogadores de altíssima qualidade. Ronaldinho Gaúcho, Réver, etc. Então, além da preparação técnica tem que ter a parte psicológica, que deve estar muito bem equilibrada. Já enfrentamos várias vezes o Atlético, a torcida é maravilhosa, empurra o tempo todo, mas é esquecer a torcida, fazer um bom jogo porque nosso time está encaixadinho, e vai dar tudo certo”.
Toque de Bola: Trabalho dos goleiros é a repetição. São os últimos a deixar o campo, o preparador e os goleiros. Essa repetição é importante, treinar à exaustão e adquirir confiança? Quais são as prioridades nesta preparação específica dos goleiros?
Walker: “O trabalho é exaustivo porque tem que ser assim. É repetição, sim, mas repetição com qualidade. Não adianta ficar treinando duas horas, duas horas e meia direto, sem qualidade. Costumo planejar. Um dia trabalhamos força, velocidade. No outro dia, agilidade. Tempo de reação, enfim, vamos pautando os trabalhos durante a semana. Temos os cruzamentos, um treinamento mais técnico, reposição de bola. Costumamos trabalhar com pouco intervalo de descanso, um volume maior num tempo reduzido”.
Texto e foto: Toque de Bola
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