Faltam sete partidas para o fim da primeira fase da Superliga e as perguntas sobre o que vai acontecer com o time da UFJF começam a rondar a cabeça do torcedor. Caso a equipe fique na última posição, a principio vai disputar a Superliga B. Se ficar entre 9º e 11º joga uma seletiva para buscar a vaga na elite.
Na Federal, ninguém quer acreditar na queda dentro de quadra e sim buscar uma reação já a partir desta quarta-feira, 29, contra o Vivo/Minas, na Arena Vivo, em Belo Horizonte, às 19h30. Esse pode ser o primeiro passo rumo a uma arrancada na reta final. Para o diretor técnico da UFJF, Maurício Bara, não é hora de fazer projeções e sim de focar jogo a jogo.
“Eu parei de fazer projeção, porque toda vez que você faz uma projeção dá errado. A projeção é o próximo jogo, que é o Minas e temos que arrancar alguma coisa deles. Nós não pontuamos fora de casa ainda, temos que fazer alguma coisa para pontuar. Temos Funvic, Volta Redonda e Campinas aqui, mas o fator casa não pesa tanto assim fora, então dá pra ir lá e conseguir essas vitórias contra os outros.”.
Momento delicado
A série de oito derrotas consecutivas assusta o torcedor e também preocupa quem está dentro da UFJF. Para Bara, esse é sim um momento delicado, mas nada tão diferente do que o time já tenha passado.
“A gente passou por situações bem similares nas outras ligas, mas de uma forma ou de outra nós nunca estivemos tanto tempo da maneira que a gente está em último lugar. Ano passado, nós começamos em último, mas depois fomos subindo, chegamos a estar em décimo, nono, então é um momento delicado, mas nada tão diferente do que aconteceu nas outras ligas não”.
Segundo, o diretor técnico, ano passado o time venceu apenas três, mas o fato de ter levado tantos jogos para o tie-break colaborou para uma situação menos preocupante.
“Ano passado foi uma situação um pouco diferenciada, porque a gente estava embaixo na tabela, mas nós combatemos muito os times. Muitas pessoas achavam ruim porque nós tínhamos feito nove tie-breaks e perdemos oito, mas era um sinal de que a gente estava combatendo. Agora, digamos assim, a luz vermelha ou amarela acendeu um pouco mais rápido”.
Hora de romper limites
A Federal começou sua trajetória na Superliga na temporada 2011/2012 e terminou na décima primeira colocação com 14 pontos, quatro a mais que o último, o Londrina. Foram quatro vitórias, duas em casa e duas fora e outros três jogos decididos no tie -break.
Na segunda temporada, o time também terminou a na 11ª primeira posição, dessa vez com 16 pontos, dois a mais que o último, Funvic/Midia Fone. Foram três vitórias, sendo uma em casa e duas fora, além de nove tie-breaks.
Para Maurício Bara, o time atual tem muito mais capacidade de superar os resultados das temporadas anteriores e disse que vai ser muito doloroso se a equipe não conseguir romper os limites.
“A gente não podia ter perdido tantas partidas por 3 a 0 ou 3 a 1, isso me lembrou um pouco a primeira temporada, o que era natural. Naquela temporada, a distância entre os pontos era muito maior, nós perdíamos de 25 a 17, 25 a 19, enfim, agora são muitos sets próximos. Nós temos que romper o limite interno. Nós temos muito mais capacidade de ganhar do que as quatro que a gente ganhou na primeira temporada, eu dirigia o time, eu sabia qual era o nosso limite. E temos capacidade de fazer mais do que os 16 pontos da segunda temporada. Vai ser muito doloroso para mim se não romper esses limites, pelo menos, mas eu quero muito mais do que isso”.
Presente desde a primeira temporada na equipe, o levantador Danilo Gelinski disse que houve muita diferença entre os times, já que o primeiro foi montado às pressas, o segundo era formado por muitos jogadores inexperientes, e o time desse ano é uma mescla de juventude e experiencia. Mas, mesmo com os resultados ruins, Gelinski diz ainda acreditar em uma classificação aos playoffs.
“O primeiro time foi formado meio às pressas, um mês antes da Superliga, então não teve aquele treinamento todo para conseguir algum resultado positivo. O segundo ano foi quando o projeto iniciou na data certa, um time muito jovem, com muitas caras novas, ninguém com tanta experiência, ninguém campeão, mas onde vários jogadores se destacaram. Não conseguimos o resultado que a gente queria, mas fizemos jogos duríssimos tanto aqui na Arena como fora. E essa Superliga está acontecendo ainda, não estamos no lugar que gostaríamos, mas ainda tem alguns jogos de confronto direto. A gente sabe que o grupo tem um potencial muito grande, foi mantida a base da segunda temporada para essa e também não alcançamos os resultados esperados. Mas, nós acreditamos que, com o máximo, nós vamos conseguir a classificação”
Ex-ponteiro da Federal nas duas primeiras temporadas de Superliga e atualmente defendendo o Al Wahda, dos Emirados Arábes, Clinty disse que pela distância não tem conseguido acompanhar tanto o desempenho da equipe, mas ele também destacou alguns problemas das temporadas anteriores.
“No primeiro ano em que joguei tivemos uma equipe montada às pressas, faltou tempo para fazer uma pré-temporada e aprimorar o tão necessário entrosamento entre os jogadores. Mas apesar de todas as dificuldades, conseguimos manter o time na elite do vôlei nacional.Na segunda temporada, a equipe foi renovada, muitos jogadores saíram, outros atletas foram contratados e a comissão técnica também sofreu alterações. Tivemos jogos equilibrados com as principais equipes do país, nestes jogos pesou muito a inexperiência do nosso grupo. E infelizmente os resultados esperados não foram atingidos”, disse Clinty.
Contratações de peso
Desde o inicio do projeto, a UFJF investiu em jogadores pouco conhecidos, mas com a qualidade técnica que coubesse no orçamento da equipe. Alguns nomes experientes foram ventilados no mercado essa temporada, caso do ponteiro Giba, que inicialmente fechou com o Funvic/Taubaté, mas depois se transferiu para o voleibol dos Emirados Árabes e o do oposto juiz-forano, André Nascimento, que fechou com o Vôlei Sul/Paquetá, que disputa a Superliga B.
Bara disse que chegou a tentar a contratação de jogadores mais experientes e que apesar do André Nascimento ser um sonho, era muito difícil trazê-lo.
“O André Nascimento seria um sonho para nós, mas eu não o conheço pessoalmente. O procurador dele me conhece e nunca cogitou colocar o André aqui. Esse ano eu não sei, vamos ver, o André está voltando agora, mas ele não aceitou ir para Canoas no ano passado. Não sei o motivo, mas ele não jogou, então temos que ver”, afirmou.
De acordo com Bara, a volta do central Jardel, que já havia jogado a primeira temporada com a camisa da UFJF, foi pensando justamente em trazer experiência e qualidade dentro das condições do time.
“A volta do Jardel fazia parte do raciocínio de trazer jogadores experientes para o grupo. Quem era o central mais experiente, bom tecnicamente que cabia dentro do nosso orçamento, era o Jardel. Porque eu não contratei fulano, porque ele é o dobro do preço e a qualidade técnica é igual ou abaixo da dele”.
E disse que muitos jogadores pedem altos salários e depois acabam fechando com outros clubes por menos, por considerarem a UFJF ainda um time pequeno.
“Um exemplo, o mesmo jogador que conversa comigo e me pede R$25 mil para jogar aqui, nós ficamos sabendo que ele fecha com um time grande por R$10 mil. Porque na hora H o mercado vai fechando. O jogador não vem de peito aberto aqui, porque nós ainda somos time pequeno na cabeça de todo mundo, apesar de termos estrutura e honrar os compromissos. O cara chega e fala ‘eu vou pra ai, e quem vem também?. Eu falo, não tem os outros ainda, você é o primeiro a ser contratado e ai isso se arrasta, então é muito tenso contratar”, revela Bara.
Torcida que faz pressão
Em três anos de Superliga, a UFJF não pode reclamar de falta de apoio da torcida. Com o ginásio sempre lotado e com muita pressão, muitos adversários já disseram se sentir intimidados. Esse ano, mesmo com a campanha abaixo do esperado, a torcida tem comparecido em ótimo número, mas agora com mais cobrança, inclusive com vaias.
Para Gelinski, é normal que essa temporada tenha um tom maior de cobrança, mas que a torcida é fundamental para ajudar o time dentro de quadra.
“Nessa temporada a cobrança está muito maior. No primeiro ano era só festa, na segunda era uma festa com um pouco de cobrança, nessa está sendo muito mais cobrança, porque a torcida já está entendendo mais de vôlei, está frustrada também, são três anos lutando e não consegue os resultados e eles querem respostas que a gente não consegue dar dentro de quadra. Não é por falta de esforço, nem a gente sabe o que está acontecendo, mas com certeza a torcida faz uma grande diferença, com um ginásio lotado, outros jogadores já falaram que jogar aqui é difícil, que a torcida pressiona, pega no pé e incentiva a gente”.
Identificado com a torcida quando passou pela UFJF, Clinty também destacou a paixão do torcedor e que ele tem um papel decisivo para a equipe durante a partida.
“Hoje quando você fala em jogar contra a UFJF em Juiz de Fora, o opositor sabe que encontrará uma torcida presente, fiel e apaixonada. Acredito que o papel dela sempre foi crucial para mantermos os jogos equilibrados. Nos anos em que participei do projeto, o pessoal estava sempre presente em todos os jogos, lotando os ginásios e incentivando a equipe a cada ponto, independentemente do placar ou do adversário”, disse o ponteiro.
Em relação a essa temporada, Mauricio Bara disse que é normal que a empatia da torcida com o grupo esteja menor, já que os resultados não estão acontecendo, mas que ainda assim a torcida tem o surpreendido positivamente.
“A torcida quer ganhar. No primeiro ano era novidade, então a torcida via o time fazer um jogo duro contra um grande time, já era uma satisfação. Ano passado ficou a sensação do quase, combateu, mas não ganhou. Esse ano ela quer que o time ganhe. E me surpreendeu muito positivamente, a postura da torcida nos últimos dois jogos. Contra o Cruzeiro eu pensei, o ginásio está cheio por causa do Cruzeiro, normal, mas a hora que a gente combateu um pouco no jogo, ela veio com a gente. Contra o Rio, também, ela sentiu o momento difícil. É normal não ter toda essa empatia? É, porque não tem resultado, então não adianta torcer por um time que só está perdendo”, afirmou Bara.
Fim de um projeto?
Ganhar títulos, montar super elencos, ser reconhecido como um dos melhores times de vôlei do Brasil. Tudo isso não é suficiente para manter uma equipe na elite nacional. Cada vez mais dependendo do dinheiro de patrocinadores, equipes se vêem na obrigação de encerrar as atividades.
O Vôlei Futuro, equipe criada em 2006, com sede em Araçatuba e que chegou a ser vice-campeã da Superliga, na temporada 2011/2012, não teve condições de disputar a temporada atual da Superliga, por falta de patrocínio.
O Florianópolis manteve uma hegemonia de cinco temporadas, com quatro títulos na Superliga, além de uma torcida apaixonada. Mas com a saída de seu principal investidor, o grupo farmacêutico Cimed, na temporada 2011/12, o time não conseguiu se reerguer. Chegou a fechar um novo patrocínio com a rede de Hipermercados Imperatriz. Mas, os resultados não foram satisfatórios e o patrocinador deixou o clube que não conseguiu disputar esta temporada da competição.
O RJ Vôlei se encaminha para algo semelhante. Atual campeão da Superliga, o time passa por uma séria crise financeira depois da saída da empresa OGX, de Eike Batista. Sem o dinheiro, vários jogadores deixaram o time, que atualmente joga a Superliga com apenas 10 atletas.
Na UFJF, a falta de bons resultados e até uma queda para Superliga B podem influenciar na decisão de encerrar as atividades. Maurício Bara disse que no que depender dele, o projeto continua, mas que não se pode descartar jogar a Superliga B.
“Eu acredito que o projeto vá continuar e se depender da minha vontade. Já estamos reestruturando toda a base, tem meninos que daqui a um ou dois anos, a gente vai ver jogando. Agora, a queda para a Superliga B pode ocorrer por dois motivos: o motivo quadra, ficamos em último ficou determinado que jogaríamos a Superliga B e em um primeiro momento nós vamos jogar. Não quero que isso aconteça, vamos lutar até o fim, mas pode acontecer. O outro motivo que pode gerar um retrocesso é não termos o orçamento para jogar a Superliga A. Isso pode acontecer, não vou jogar aqui, vou jogar lá, é normal”, afirmou Bara.
Mas ele acredita que uma vaga nos playoffs nesse momento pode mudar o patamar da situação.
“O que eu queria era uma vaga nos playoffs para dizer olha nós rompemos os nossos limites, porque fora da Universidade quase ninguém ajudou a gente, tirando os nossos parceiros atuais, não apareceu ninguém novo, é difícil trabalhar assim, mas estamos firmes”.
Assim, como Bara, Danilo Gelinski também não acredita em fim do projeto e diz querer continuar para a próxima temporada.
“Hoje em dia no Brasil, não se sabe. O Rio de Janeiro é um exemplo, campeão da Superliga anterior e agora passando por isso. Então, você pode estar muito bem na Superliga esse ano e acabar. Infelizmente o vôlei no Brasil está assim, mas eu fico me perguntando do porquê os resultados não vêm, se sou eu o problema, mas não sei se chega a me preocupar se vai acabar ou não. Não porque eu não esteja nem aí para o projeto, porque foi um projeto que me acolheu, se tivesse um novo ano eu gostaria de ficar aqui, mas eu acredito que não vá acabar porque o resultado não vai ser esse, nós vamos conseguir as vitórias e subir na tabela”, disse Gelinski.
O técnico Chiquita disse se preocupar sim com a continuidade do time, mas acredita que a equipe tem totais condições de reverter isso na reta final.
“A preocupação com o futuro do projeto, todos nós temos, mas tem que ter a cabeça no lugar, tranquilidade, trabalhar e buscar porque temos condições e eles já mostraram isso. Se eles não tivessem mostrado isso, ai sim seria muito mais preocupante, mas eles podem. Tem que baixar a ansiedade”, afirmou o técnico.
Problemas com o elenco
Desde o início da temporada, a Federal tem passado por alguns problemas em relação a alguns jogadores. Excesso de contusões, queda de rendimento e constante mudança de esquemas. O técnico Chiquita falou sobre os problemas de lesão da equipe e disse que alguns jogadores que rendiam muito, sofreram uma queda durante essa temporada.
“O grupo da temporada passada era mais jovem e o único problema de lesão que nós tivemos no ano passado foi o do Lucão. Nessa temporada, o Gelinski e o Hugo, quando voltaram da Seleção, ficaram quase um mês parados. O Reffatti é um jogador que já tem um problema no joelho, o próprio Daniel, sem sequência. Jogadores como o Hugo, Japa, Gelinski, que na temporada passada foram muito bem, dessa vez eles estão bem abaixo do padrão mínimo deles, isso também está dando um diferencial para baixo na equipe”, afirmou.
Para Maurício Bara, a UFJF montou o melhor elenco que podia para aquele momento. Segundo ele, o time tem mais qualidade do que vem demonstrando.
“A gente quase conseguiu alguns jogadores mais experientes, mas financeiramente ficou inviável naquele momento. Então, na teoria, nós conseguimos montar o melhor grupo com o que nós tínhamos. Aí o encaixe das peças pode não ter sido o melhor possível. Acredito que o grupo tenha muita qualidade, mas eles ainda não conseguiram explora-lá”, disse Bara.
Um pouco de descaso
Apesar de estar três anos consecutivos na elite voleibol nacional, dentro da UFJF eles percebem que o time não seja tão valorizado como deveria. Bara disse que sente um pouco de descaso da mídia com o time.
“Eu vejo que às vezes tratam a gente como se fosse um projeto qualquer. Não quero ser diferente de ninguém não, mas acho que hoje nós somos a única equipe que é pioneira, de uma universidade no alto rendimento do esporte. Tem várias equipes tentando e fazem jus a isso, mas nos últimos anos, ninguém chegou a um patamar superior e é sempre o negativo que prevalece. Eu percebo um descaso e nós jogamos uma das três maiores ligas do mundo, somos a única equipe da cidade e é verdade temos que ganhar mais, mas eu vejo o negativo prevalecendo sobre o positivo”.
E o diretor técnico finalizou dizendo que a Federal paga em Juiz de Fora uma dívida que não pertence a ela.
“Em Juiz de Fora nós pagamos uma dívida sem ser nossa. A dívida de não ter esporte de alto rendimento na cidade não é nossa. Nós estamos tentando romper alguns limites, e nós tínhamos a expectativa de brigar por romper esse limite. E às vezes quando você não atinge isso é delicado, mas não pode ter desespero, é preciso mais apoio”, falou Bara.
Texto: Mari Sequeto
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Leia também entrevista EXCLUSIVA e REVELADORA no http://www.toquedebola.esp.br com Wilson Gottardo. Link: http://www.toquedebola.esp.br/esporte-local/2014/01/gottardo-e-estupidez-alguem-dizer-que-estou-comecando-agora-e-nao-estou-preparado/
Vôlei da UFJF: “Temos que romper o limite interno”: Faltam sete partidas para o fim da primeira fase da… http://t.co/UvX4V3mN83