“Eu sou muito agradecido por chegar a Copa do Mundo”. A frase é de Marcelo Carvalho Van Gasse, 37 anos, nascido em Valença (RJ) e formado em Educação Física pela UFJF. Ele é auxiliar da Federação Paulista de Futebol e vai marcar presença na Copa do Mundo de 2014, no Brasil, ao lado do assistente Émerson Augusto de Carvalho, também da Federação Paulista, e do árbitro Sandro Meira Ricci, que apita pelo Distrito Federal. O anuncio foi feito na última quinta-feira, 15, pela Fifa.
“Fiz o curso de Educação Física na UFJF e em 1999 e 2000, e o Rodrigo Cintra (ex-árbitro), que era meu amigo, me deu um toque para fazer o curso de árbitro em São Paulo em parceria com a minha universidade. Saía de lá 10 horas da manhã, de ônibus, assistia o curso à noite, e depois retornava para estudar no outro dia. Agora tive a felicidade de receber esse presente, são poucas pessoas que chegam nesse nível, de fazer uma Copa do Mundo”, disse Van Gasse.
Vivendo de aparência
Van Gasse é auxiliar pela Federação Paulista de Futebol e entrou para o quadro da FIFA em 2011. Só em 2013, ele esteve presente nas finais do Paulistão, Copa do Brasil, Recopa Sul-Americana e Mundial de Clubes da FIFA, além de trabalhar no Campeonato Brasileiro e também na Copa do Mundo Sub-17. Van Gasse afirmou que os árbitros vivem de aparência, por isso é sempre bom estar em finais e que o Mundial do Marrocos foi o campeonato mais importante que ele já fez.
“Eu fiz todos os campeonatos, desde as divisões de base até o profissional. Já fiz as finais do campeonato da minha Federação, Brasileirão, Copa do Brasil, Sul-americana. O árbitro vive de aparência, de espelho no campo de jogo e quanto mais finais você faz, mais bem visto você é. Agora, eu tive a oportunidade de fazer o Campeonato do Marrocos (Mundial de Clubes) que acredito eu foi o que me creditou para fazer uma Copa do Mundo, acho que esse Mundial foi o mais importante que eu fiz”.
Pés no chão
Antes de ter a presença 100% garantida no Mundial, o trio brasileiro vai para Zurique, na Suíça, para passar por alguns testes físicos. Van Gasse diz que agora é preciso ter os pés no chão para chegar bem na Copa.
“Na verdade é passo a passo. Saiu a lista da FIFA agora da Copa do Mundo e a gente tem um trabalho a ser feito de cinco meses e em abril nós vamos para Zurique fazer um teste físico e nós só vamos estar aptos a trabalhar na Copa depois desse teste físico. Então tem que ter pé no chão, trabalhando a parte física e técnica para chegar no Mundial 100%.
“O árbitro é solitário”
Em outubro de 2013, a Presidente Dilma Rousseff sancionou uma lei de que árbitro de futebol passaria a ser uma profissão regulamentada. O projeto tramitou no Congresso durante 12 anos. De acordo com o decreto presidencial, os árbitros têm o direito de se organizar em associações profissionais e sindicatos. Mesmo com a regulamentação, Van Gasse afirmou que não dá para viver somente como árbitro e que eles são solitários na profissão.
“Na verdade o árbitro é sozinho. Apesar de as instituições ajudarem, nós temos que ter outro trabalho, porque você não pode viver de arbitragem. Se você comete algum tipo de erro você fica fora sem receber. Então, isso no país do futebol deveria ser um pouco melhor, mas apesar de tudo a CBF, a Federação Paulista, onde eu trabalho, estão dando um apoio na medida do possível, mas eu fico feliz de ter o comprometimento. Como sou solitário, fiz a minha parte e deu certo”, disse.
Mais uma Copa?
Aos 37 anos, Van Gasse sabe que tem condições de estar em pelo menos mais um mundial. Mas ele prefere não pensar nisso ainda e disse que chegar em uma Copa em um país com tantos árbitros já é motivo de orgulho.
“Eu não pensei nisso ainda. É a minha primeira Copa do Mundo e para um árbitro estar em uma Copa já é muito difícil. Eu sou muito agradecido pelo que aconteceu e daqui a quatro anos, em 2018 tem muita coisa para acontecer. Eu tenho idade para ir eu sei disso, mas as oportunidades são poucas, tem outros árbitros aqui no Brasil, são 10 assistentes da FIFA, então primeiro eu quero pensar nessa Copa e fazer da melhor forma”, contou Van Gasse.
Texto: Mari Sequeto
Foto: Divulgação
Entrevista exclusiva ao Toque de Bola, para Mari Sequetto.
Van Gasse na Copa do Mundo: agradecido, diz que ´árbitro é um solitário´: “Eu sou muito agradecido por chegar a… http://t.co/U2caHaxeL9