“Um jogo para ficar na memória dos tricolores”. Leia artigo sobre Boca x Flu, por Mônica Cury

Entre os torcedores do Fluminense que estiveram em Buenos Aires na quarta-feira, 7 de março, para ver a vitória tricolor sobre o Boca Juniors  em pleno estádio La Bombonera, estava a  jornalista juiz-forana Mônica Cury.

A pedido do Toque de Bola, ela fez um relato da noite inesquecível. Confira:

  “Um jogo para ficar na memória dos tricolores”

Não era apenas uma partida de futebol. Nem só uma disputa entre onze jogadores vestidos de azul e amarelo, contra onze de verde, branco e grená. Era um espetáculo digno de um palco mítico. E esse palco todo sujeito que se diz entendedor de futebol já ouviu falar: La Bombonera! O estádio estava pronto para receber a terceira rodada da fase de grupos da Libertadores 2012. Fluminense e Boca Jrs se enfrentaram naquela noite de quarta-feira, dia 07 de março, numa partida que ficou para sempre na memória dos tricolores.

  O jogo estava na cabeça dos brasileiros – jogadores e torcedores – como uma batalha. E isso se deve muito ao fato do Boca Jrs ser o segundo maior vencedor da Libertadores da América e, consequentemente, o time com mais tradição na competição. Vencê-los seria um passo importantíssimo para o objetivo de se classificar na fase de grupos, além de encher os tricolores de moral para os próximos jogos. Do outro lado, “os xeneizes” também tinham suas motivações. Jogavam em casa e queriam uma revanche contra aquele time que, quatro anos antes, tirou a chance de Riquelme e companhia conquistarem o hepta na Libertadores.

  Foi nesse clima que os 22 jogadores entraram em campo. E, se é difícil passar em palavras a emoção que a temida La Bombonera proporciona, vamos tentar em números. O estádio do Boca Jrs é famoso pela proximidade que a torcida fica do campo de jogo – aproximadamente dois metros – e pelo caldeirão em que ele se torna quando os barra bravas da La 12 resolvem soltar a voz. E o que se diz por aí é que eles fazem isso durante os 90 minutos de jogo, mesmo se a equipe estiver numa fase ruim. E o caso não era esse. O time do técnico Júlio César Falcioni não perdia há 36 jogos, e seu goleiro não havia sofrido um gol sequer nas quatro primeiras rodadas do campeonato argentino. Mais números? Os 11 jogadores “xeneizes” contavam com o incentivo de mais de 40 mil torcedores que lotavam as arquibancadas! Já os guerreiros de 3 cores pouco escutaram sua torcida. Mas ela estava lá, na chamada terceira bandeja do estádio, o ponto mais alto. Eram quase 4 mil tricolores, que percorreram uma distância maior do que 2.600 km para ir de Laranjeiras à La Bombonera e, graças ao seu camisa 20, lá fizeram história.

  O jogo começou nervoso, com a bola queimando nos pés dos mais novos, como o jovem Wellington Nem, com apenas duas décadas de idade. Mas isso era questão de tempo, e de se ter como companheiro de ataque Fred, que logo tratou de parar a bola, sofrer faltas, e chamar a responsabilidade para si. E, se estamos falando de números, o camisa 9 tricolor precisou apenas de 9 minutos e um passe de Deco para abrir o placar e calar, por uns 5 segundos, a La 12. Os donos da casa logo voltaram a cantar e viram seu time ir com tudo para tentar o empate. O que eles não sabiam é que, se eles se consideram o décimo segundo jogador do Boca Jrs, o Fluminense também tem o seu camisa 12. E ele não estava disposto a deixar a bola passar. Diego Cavalieri jogava para longe qualquer possibilidade de gol adversário.

  O segundo tempo começa e com apenas 1 minuto os argentinos empatam a partida. Riquelme cobrou falta com capricho, a bola ainda bateu na trave e voltou para Somoza fazer a Bombonera explodir. E explodiu mesmo. Com a torcida cantando mais alto ainda, Riquelme passou a jogar como um exímio camisa 10. Organizava o meio campo, virava o jogo, e liderava o time do Boca. Mas, se o Fluminense não tem um “10”, tem dois! Deco, o maestro tricolor, é duas vezes 10. Deco é 20! E foi dele o gol da vitória. A partir daí o time de Abel Braga jogou com inteligência, administrou o resultado, e saiu de lá com mais 3 pontos.

  A lua em Buenos Aires estava cheia acima do estádio La Bombonera naquela noite. Mudou de lugar, talvez para ver de um ângulo melhor as jogadas geniais, mas permaneceu ali, observando o jogo. Brilhava. Já previa o espetáculo que iria presenciar. Já conhecia Deco de céus espanhóis.

Artigo: Mônica Cury

 

Este post tem um comentário

  1. Maurício W. A. Cury

    Aquele final sobre a lua , muito bem inspirado , coisa de poetas e românticos . Gostei .

Deixe seu comentário