Tupi – Parte III: da virada histórica à conquista da vaga para a Série C

Juiz de Fora (MG), 8 de novembro de 2011

Nada no caminho do Carijó até a conquista do acesso à Série C foi fácil. Após a suada conquista da vaga no mata-mata, o Alvinegro teria uma duro adversário pela frente: o Volta Redonda. Antes do duelo, o Tupi anunciou o retorno de um ídolo da torcida: o atacante Allan estava de volta a Santa Terezinha. No retorno ao clube que o projetou, o “xodó” da torcida revelou o desejo de voltar a marcar vestindo a camisa alvinegra.

Allan não poderia ter chegado em momento melhor. O anúncio da vinda do jogador coincidiu com a contusão de Ademílson, que sofreu estiramento colateral medial e uma distensão no ligamento poplíteo no joelho direito. Adê sofreu uma pancada na região na partida em que o Galo garantiu a classificação contra o Itumbiara. O cidadão benemérito de Juiz de Fora pararia por quatro semanas. Leia mais.

Após a fase classificatória, o Tupi teria pela frente o Volta Redonda, do técnico Dário Lourenço. O tradicional Voltaço, que manda seus jogos no funcional Estádio da Cidadania, foi um adversário que exigiu todas as forças do Carijó. Para passar pelo Tigre de Aço, o Galo precisou usar de todas as suas forças. Conseguiu, em uma de suas melhores atuações em cem anos de história. Sorte de quem estava no Estádio Municipal naquele 1º de outubro, quando ocorreu o jogo de volta.

A primeira partida contra o Voltaço, em 25 de setembro, no Sul Fluminense, não contou com uma boa atuação do Alvinegro. Sem Ademílson, Ricardo Drubscky escalou Allan e Jefferson no ataque. A pressão do adversário forçou o Carijó adotar uma postura defensiva. O time segurou o empate até os 47 minutos do segundo tempo, quando o atacante Luisinho acertou um chutaço da intermediária e decretou a vitória: 1 a 0. Leia como foi a partida.

O jogo de volta marcaria a história do Carijó. Havia uma ideia de que o Tupi não poderia levar gol. Se isso acontecesse, a classificação ficaria quase impossível, já que a defesa do Volta Redonda era uma das melhores da Série D: tinha levado apenas três gols em nove partidas.

O Tupi conseguiu furar a retranca aos 27 minutos do primeiro tempo: Chrys abriu o placar. Mas, o que todos temiam, aconteceu. Atrás no marcador, Dário Lourenço colocou Jonathan em campo. Na primeira jogada do atacante, ele deixou tudo igual. A situação ficaria ainda pior no segundo tempo. Aos 5 minutos, novamente Jonathan virou para o Voltaço: 2 a 1. A essa altura, o Tupi precisaria fazer mais três gols para garantir a classificação. E foi o que aconteceu: em 15 minutos fantásticos o Carijó virou para 4 a 1, com gols de Wesley Ladeira, Allan e Henrique. Festa no Municipal. Confira os detalhes da partida histórica.

Após a classificação, o Tupi teve que esperar… Como um barco à vela que vê os ventos sumirem, o Carijó aguardava a definição do adversário que enfrentaria nas quartas de final da Série D. A Anapolina entrou com ação na Justiça Desportiva pedindo a anulação de seu jogo contra o Tocantinópolis, pela última rodada da primeira fase. O jogo foi encerrado antes dos 90 minutos regulamentares por falta de jogadores: o Tocantinópolis fez cai-cai e o árbitro encerrou a partida quando o Xata vencia por 4 a 1. Se marcasse mais um gol, a Xata garantiria a vaga no saldo de gols.

Após disputadas judiciais, o STJF deu ganho de causa ao Anapolina e remarcou o duelo contra o Tocantinópolis. A equipe goiana goleou o adversário por 6 a 1 e garantiu a classificação, tendo pela frente o Villa nova, que até havia feito jogo contra o Itumbiara, que foi anulado. Com a bola rolando, a Anapolina eliminou o Leão e entrou novamente no caminho do Tupi.

Enquanto todo o imbróglio era resolvido, o Tupi treinava. Fez jogo-treino com o Milan (equipe amadora de Juiz de Fora) e com o time misto do Cruzeiro. Havia um medo que a falta de ritmo pudesse prejudicar. Foram 24 dias até a primeira partida contra a Anapolina. Mas o que poderia ser um empecilho acabou sendo o um trunfo. Com a paralisação, o departamento médico pôde recuperar Ademílson, que teria papel decisivo da conquista da vaga para a Série C.

No dia 26 de outubro, Adê estava escalado ao lado de Allan no ataque carijó para encarar a Anapolina. O atacante perdeu um gol no início da partida… Mas, depois, balançaria a rede do goleiro Edinho três vezes. Como se fosse pouco, ainda deu o passe para Henrique sacramentar a goleada: 4 a 1. A vaga para a Série C estava perto, apesar dos quase mil quilômetros a ser enfrentados até Anápolis (MG). Confira com foi a apresentação de gala de Ademílson.

O segundo jogo das quartas de final seria quatro dias depois, no dia 30 de outubro. Para garantir o acesso, o Galo poderia perder por até dois gols de diferença. Mas o técnico Ricardo Drubscky não queria saber de derrota.

Dito e feito. O Tupi conquistou a tão sonhada vaga para a Série C com o empate em 2 a 2 contra a Anapolina, no Estádio Jonas Duarte, em Anápolis. Mas não sem deixar a torcida carijó com o coração na mão. O primeiro tempo começou com vitória da Xata por 1 a 0. Logo no início da segunda etapa, o adversário teve um jogador expulso após fazer falta em Ademílson. Mesmo com um a menos, a Rubra conseguiu ampliar faltando 15 minutos para o fim. Se fizesse mais um gol, a Anapolina ficaria com a vaga. Apreensão pelas ondas do rádio, que não durou muito. Pouco depois, a estrela de Adê voltou a brilhar. Ele marcou dois gols e selou a classificação. Festa no gramado e festa em Juiz de Fora, com direito a carreata no Alto dos Passos. Enfim, a torcida carijó tinha bons motivos para comemorar no Campeonato Brasileiro. Tupi reage, empata em 2 a 2 com gols de Ademilson e já está na Série C de 2012

Mas o campeonato não havia terminado. Todos em Santa Terezinha queriam o título da Série D. O Oeste seria o próximo adversário, enquanto que o Santa Cruz esperava para decidir o título. Mas isso é assunto para o próximo capítulo.

Texto e edição: Thiago Stephan

Ilustração: Rogério Caetano

Deixe seu comentário