Pegou mal! Treinadores, ex-goleiros e preparador de JF repercutem saída de Fábio do Cruzeiro

Na noite da última quarta, dia 5, o futebol brasileiro foi surpreendido pela notícia da saída do goleiro Fábio, de 41 anos, do Cruzeiro.

Cruzeiro se despediu de Fábio de forma polêmica

Logo após uma reunião com os novos gestores da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) que adquiriu o clube, tendo o ex-atacante Ronaldo Fenômeno como principal acionista, o goleiro fez um post em sua conta no Twitter. Na postagem que anunciava a saída da Raposa, o resumo do sentimento da hora: gratidão e dor. Na mesma rede social, Fábio havia comemorado, em meados de dezembro, a compra do Cruzeiro pelo ex-companheiro de Seleção Brasileria.

O anuncio oficial ocorreu ainda na noite de quarta, em postagem nas redes sociais. Nesta quinta, dia 6, o clube emitiu um comunicado, justificando a decisão. Entre os argumentos, a responsabilidade financeira, o momento de reestruturação pelo qual passa o Cruzeiro e a revelação de uma oferta de contrato para Fábio disputar o Campeonato Mineiro pela Raposa.

Repercussão

Fajardo reassume URT com ano cheio
Fajardo lembrou que Fábio completaria 1000 jogos no Cruzeiro

O Toque procurou profissionais ligados à posição, ao Cruzeiro e que conhecem pessoalmente o ex-camisa 1 do clube celeste para repercutir a saída do jogador do clube que defendeu por 18 anos. Um dos goleiros com maior número de atuações com a camisa do Cruzeiro, Welington Fajardo, sabe bem o que é defender o gol azul.

Para o atual técnico da URT, que atuou pelo Cruzeiro em 80 jogos e por três anos, Fábio tinha pelo menos uma grande meta a alcançar no clube. “É uma situação complicada. Não se trata apenas do lado profissional. No Brasil, o futebol está tomando outro rumo com as sociedades anônimas. Mas tem uma questão humana, com um goleiro que passou praticamente a carreira toda no clube. Ia fazer 1000 jogos nesta temporada. São marcas que eu, como ex-atleta do clube, sei que buscamos pensando em todo sofrimento do dia a dia. Estou certo que ele tinha essa meta, além de já ser o jogador que mais vestiu a camisa do clube. Vendo o lado do atleta, fico bem chateado”, avalia Welington.

Financeiro pesou

Mas a difícil situação cruzeirense em relação às finanças também pesa na balança desta difícil decisão, segundo Fajardo. “Tem o lado do clube. Não sabemos como foi o bastidor dessa negociação. Existe a verdade do Fábio, a verdade do Cruzeiro e a verdade verdadeira, que essa ninguém saberá o que aconteceu. Lamento pelo atleta, pelo clube que defendi durante três anos, com 80 jogos, e espero, apesar desta decisão conturbada, tanto o Fábio quanto o Cruzeiro possam achar seu caminho. Ele com sua carreira, e o time com o rumo certo na parte profissional e financeira”, deseja o treinador.

Walker (dir) durante trabalho do Manchester

Para o preparador de goleiros do Manchester, Walker Campos, a saída não teve a proporção do tamanho de Fábio na história da Raposa. “Todos nós fomos pegos de surpresa da forma que foi. Achei muito traumática a saída. Sabemos que, com esse tempo todo de clube, a quantidade de títulos, tudo que representa para a torcida e a instituição Cruzeiro, não achei legal a forma que ele foi tratado.”

Segundo Campos, Fábio ainda pode atuar em alto nível seguindo o que ele mesmo já faz. “Ainda atua em alto nível. Isso diz muito sobre ele, dentro e fora de campo, sempre se cuidando. Apesar da idade, a experiência que ele passa para os atletas e a segurança, até mesmo para a torcida, mostra afigura fantástica. Com um atleta assim, os cuidados são o controle da carga, trabalhos preventivos de lesão, alimentação. A resposta é imediata. Ele se cuida e fica até fácil para o preparador”, relata.

Sacrifícios não reconhecidos

Zé Luís acredita que Fábio ainda podia contribuir com o Cruzeiro

O também ex-arqueiro, treinador e preparador de goleiros do Tupi e também ex-comandante e auxiliar do Tupynambás, Zé Luís Peixoto destaca a desvalorização dos ídolos no futebol brasileiro e, especificamente, o esforço de Fábio para permanecer e ajudar a Raposa a voltar à Série A. “Vi com tristeza a saída dele. É alguém que dedicou sua vida ao Cruzeiro. Por várias vezes, não pensou no dinheiro, mas em ajudar o clube que desejava colaborar para tirar da Segunda Divisão. Enfim, no Brasil, acaba que as pessoas não olham muito essa situação do ídolo, quem quer o bem dos times. A gente fica triste.”

Para Zé Luís, Fábio podia perfeitamente contribuir mais com o Cruzeiro dentro e fora de campo. “Atualmente, vários atletas de linha, com os recursos que temos, têm chegado a jogar com a idade dele. Ainda mais sendo goleiro que se cuida. Acredito que ele teria muito mais a dar nesse momento conturbado do clube, com problemas extra campo, pressão de ter que subir e mudança na direção. Poderia ajudar muito os novos contratados e jovens, sendo uma referência. Nunca teve lesão grave. Mesmo que não jogasse todas as partidas nesse calendário exigente brasileiro, Teria muito a entregar ao Cruzeiro na busca pela volta à Primeira Divisão”, acredita.

Texto: Toque de Bola – Wallace Mattos

Fotos: Facebook Cruzeiro; divulgação/URT; Daniel Braga/Manchester; e arquivo Toque de Bola

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