Toque na Copa: mistura de cores, culturas e um só sentimento

Copa do Mundo é mesmo diferente. Se obteve o privilégio de estar presente em alguma partida, é inevitável: você será contagiado e chegará à mesma conclusão. O diagnóstico? Alegria oriunda de todos os cantos do planeta reunida em um local.

Desde o passeio de ônibus por Belo Horizonte com destino ao Mineirão até o fim da partida, o sorriso parecia obrigatório. A busca pelo bilhete de entrada no Centro de Ingressos da FIFA também contribuía. Nada de filas e um espaço voltado ao entretenimento dos visitantes e informações sobre a cidade e procedimentos necessários para o torcedor.

Centro de Ingressos da FIFA em Belo Horizonte proporcionou atrações aos torcedores e tranquilidade na retirada das entradas
Centro de Ingressos da FIFA em Belo Horizonte proporcionou atrações aos torcedores e tranquilidade na retirada das entradas

 

Descendo do ônibus e passando pela Lagoa da Pampulha, novas experiências e a mesma emoção. Brasileiros, chilenos, mexicanos, argentinos, japoneses… todos confraternizavam entre si, compartilhando a expectativa de um evento que, na verdade, já havia começado ali. Torcedores se conheciam no caminho do estádio, trocavam contatos, tiravam fotos, cantavam juntos, sentiam o clima proporcionado pela competição. O dialeto era apenas um detalhe quando o objetivo era a integração cordial. E isto é Copa do Mundo.

No entorno da Lagoa da Pampulha, estrangeiros apreciavam ponto turístico da capital mineira em meio à confraternização
No entorno da Lagoa da Pampulha, estrangeiros apreciavam ponto turístico da capital mineira em meio à confraternização

Adversários do dia, brasileiros e chilenos se provocavam com cautela, na base de brincadeiras e canções. Enquanto os visitantes gritavam “Chi Chi Chi Le Le le! Viva Chile!”, os brasileiros parodiavam a canção ou respondiam com letras já conhecidas nas arquibancadas por todo o país. “O freguês voltou”, fazendo menção ao histórico do confronto em Copas totalmente vantajoso ao Brasil, e “pula sai do chão, quem é pentacampeão” eram as frases mais cantadas pelos anfitriões.

A receptividade dos brasileiros fez com que os torcedores chilenos se sentissem em casa, à vontade no entorno do Mineirão
A receptividade dos brasileiros fez com que os torcedores chilenos se sentissem em casa, à vontade no entorno do Mineirão

No estádio, o otimismo era evidente, aliado à segurança e alegria de cada torcedor. A execução dos hinos nacionais trouxe ainda mais emoção ao espetáculo – com exceção, é claro, das vaias de alguns mal educados no fim do hino chileno à capela. Os mais de 50 mil brasileiros cantando juntos a mesma melodia é realmente um incentivo e experiência indescritíveis.

Chilenos e brasileiros ficaram em locais misturados no Mineirão
Chilenos e brasileiros ficaram em locais misturados no Mineirão

O início da partida confirmou outra diferença em relação aos torcedores brasileiros nos jogos da Copa com os dos clubes do país: a identidade. Lances de perigo do Brasil, assim como o gol de David Luiz ainda no primeiro quarto de jogo, geraram o entusiasmo em cada adepto, mas, ao mesmo tempo, incertezas sobre a forma de incentivo aos jogadores.

O torcedor brasileiro dos jogos do Mundial, em sua maioria, não é o mesmo presente toda quarta e domingo seguindo seu clube de coração. Muitos não sabiam o que cantar, outros nem ao mesmo tinham conhecimento do nome da maioria dos jogadores de amarelo no campo. No entanto, nada disso importava. A alegria expressa em cada um era incontestável, assim como a vontade de empurrar a Seleção.

Quanto aos visitantes, sem parar de cantar durante toda a partida praticamente, tinham de cabeça as músicas de incentivo ao seu país, de maioria adaptada de torcidas organizadas dos clubes chilenos. Se mostraram durante todo o dia apaixonados pelo esporte e por seu país. Abatidos apenas após as fatídicas cobranças de pênalti, mas ainda sim aplaudindo a equipe, orgulhosos em vestir vermelho, azul e branco.

Isto é Copa do Mundo. Do Brasil ao Japão, não importa a etnia. A alegria exposta em dezenas de cores misturadas nas ruas e arquibancadas ofuscam o preto e branco de problemas estruturais, financeiros, políticos.

Texto: Bruno Kaehler

Fotos: Toque de Bola

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