A histórica trajetória do Tupi que culminou no acesso à Série B do Campeonato Brasileiro de 2016 trouxe a muitos torcedores lembranças de campanhas passadas com desfechos semelhantes. Que carijó não gosta de recordar a trajetória de 2011 com desfecho tão cinematográfico? E por que não o acesso de 2013, após uma temporada melancólica no ano anterior? O Toque de Bola rememorou as duas campanhas do Galo que ficaram na história do clube e sempre são revividas nas arquibancadas, redações ou conversas entre profissionais do clube.
2011; ascensão e título
Dezesseis jogos, dez vitórias, três empates e três derrotas, com 29 gols marcados e apenas 15 sofridos. Em números, esta foi a campanha carijó rumo ao título da Série D do Campeonato Brasileiro de 2011, competição disputada por 40 equipes.
A equipe alvinegra, comandada por Ricardo Drubscky, herdou vaga do América-TO (desistiu de participar) conquistada pelo posicionamento no Campeonato Mineiro. A primeira fase da Série C dividia os 40 participantes em oito grupos de cinco clubes cada e primeiro desafio carijó foi logístico. O Tupi caiu em uma chave com equipes das regiões Centro-Oeste e Norte: Itumbiara-GO, Anapolina-GO, Gama-DF e Tocantinópolis-TO. O Carijó recebeu e visitou os quatro adversários:
1ª rodada: Itumbiara 1 x 3 Tupi – Estádio Juscelino Kubitschek
2ª rodada: Tupi 0 x 0 Tocantinópolis – Est. Mun. Rad. Mário Helênio
3ª rodada: Gama 1 x 1 Tupi – Est. Bezerrão
4ª rodada: Tupi folgou.
5ª rodada: Tupi 3 x 1 Anapolina – Est. Mun. Rad. Mário Helênio
6ª rodada: Tupi folgou
7ª rodada: Anapolina 2 x 1 Tupi – Est. Jonas Duarte
8ª rodada: Tupi 1 x 0 Gama – Est. Mun. Rad. Mário Helênio
9ª rodada: Tocantinópolis 3 x 0 Tupi – Est. Ribeirão
10ª rodada: Tupi 1 x 0 Itumbiara – Est. Mun. Rad. Mário Helênio
O mata-mata
Com quatro vitórias, dois empates e duas derrotas, o time liderado pelo atacante Ademilson foi o líder do grupo, garantindo vaga nas oitavas de final da competição. O primeiro duelo do mata-mata foi realizado contra o Volta Redonda. Na ida, no Rio de Janeiro, 1 a 0 para os cariocas. Na volta, partida épica. Precisando vencer por dois gols de diferença, o Galo abriu o placar com Chrys, mas viu o Volta Redonda, com Jonathan, empatar dois minutos depois e virar, no início do segundo tempo.
O Tupi precisava de três gols. E fez. O zagueiro Wesley Ladeira, em belo voleio, o atacante Allan, em chute de dentro da área, e o lateral Henrique, em rebote do goleiro carioca, marcaram ainda na primeira metade da etapa complementar e o Alvinegro avançou às quartas.
E o Anapolina, que enfrentou o Tupi na fase de grupos, apareceu no trajeto carijó novamente, sendo o adversário do jogo que daria o acesso à Série C de 2012 e vaga nas semifinais da quarta divisão do Brasileiro. A ida, em Juiz de Fora, praticamente selou o acesso. Com três gols e uma assistência, o ídolo juiz-forano, Ademilson, fez a diferença em goleada por 4 a 1. Henrique foi o autor do outro tento do Galo, enquanto Nonato descontou para os visitantes.
Na volta, Ademilson apareceu novamente. Os goianos chegaram a abrir 2 a 0 com Nonato e Celso, mas o atacante do Tupi anotou mais dois belos gols, empatando o jogo e garantindo lugar do Galo na Série C de 2012.
Nas semifinais, o Oeste foi amplamente superado pelo Tupi. Em Itápolis, 3 a 0 com direito a belos gols de Marcel, Augusto e Marquinho. Já no Estádio Mário Helênio, Vitinho, duas vezes, e Ademilson, marcaram para o Galo em novo triunfo, agora por 3 a 1, e colocaram o time juiz-forano na final da competição contra o expressivo Santa Cruz.
Decisão
Os primeiros 90 minutos do confronto que valeu o título da Série C de 2011 ocorreram em Juiz de Fora. Diante de quase 15 mil pessoas, o Carijó saiu na frente com gol de Ademilson em finalização de dentro da área, levando a vantagem para Recife.
O dia 20 de novembro ficou marcado na história do Galo. Diante de 60 mil torcedores no Arruda, o Tupi encarou a Cobra Coral e não se intimidou, resistindo à pressão pernambucana e se aproveitando dos espaços na segunda etapa com Allan e Henrique, aos 34 e 36, fechando o caixão do Santa e soltando o grito de campeão brasileiro dos juiz-foranos. Tupi campeão da Série D de 2011.
O Galo Carijó entrou em campo no Arruda com Rodrigo; Marquinho, Wesley Ladeira, Silvio e Michel; Assis, Marcel, Vitinho (Augusto) e Luciano Ratinho (Henrique); Allan e Ademilson.
2013: acesso para sair do castigo
Após campanha fraca na Série C de 2012 e o rebaixamento à quarta divisão do Brasileiro, o Tupi se renovou em busca de novo acesso. Sob o comando de Felipe Surian, o Galo iniciou a competição atropelando os adversários do grupo, Araxá-MG, Resende-RJ, Nova Iguaçu-RJ e Aracruz-ES. Confira:
1ª rodada: Aracruz 3 x 5 Tupi – Estádio do Bambu
2ª rodada: Tupi 3 x 0 Araxá – Est. Mun. Rad. Mário Helênio
3ª rodada: Resende 1 x 0 Tupi – Est. Do Trabalhador
4ª rodada: Tupi folgou.
5ª rodada: Tupi 2 x 1 Nova Iguaçu – Est. Mun. Rad. Mário Helênio
6ª rodada: Tupi folgou.
7ª rodada: Nova Iguaçu 2 x 3 Tupi – Est. Laranjão
8ª rodada: Tupi 1 x 0 Resende – Est. Mun. Rad. Mário Helênio
9ª rodada: Araxá 0 x 1 Tupi – Est. Fausto Alvim
10ª rodada: Tupi 2 x 1 Aracruz – Est. Mun. Rad. Mário Helênio
Foram sete vitórias e apenas uma derrota em oito partidas, dando a liderança isolada ao Carijó e vaga nas oitavas de final da competição.
O “mata-mata do Esquerdinha”
Certamente todos os juiz-foranos se lembram do primeiro desafio carijó na segunda fase da Série C de 2013. Após um empate em 1 a 1 com a Aparecidense-GO, fora de casa, com gols de Renato Xavier, para os mandantes, e Núbio Flávio, para o alvinegro, o Tupi decidiu a vaga nas quartas de final da competição em Juiz de Fora.
Se em 2011 o duelo contra o Volta Redonda teve contextos de dramaticidade, o torcedor não poderia imaginar o que estava por vir em 2013. No fim do segundo tempo no Estádio Municipal Radialista Mário Helênio o placar apontava 2 a 2, com gols de Ademilson e Rafael Estevam, para o Galo, e Geovane e Claytinho, para os goianos. O Tupi pressionava até a bola parar nos pés de Ademilson, livre, dentro da área, aos 44 minutos. O atacante finalizou tirando do goleiro, mas a bola foi interceptada pelo massagista do clube, Romildo Fonseca, o Esquerdinha.
O profissional da Aparecidense defendeu ainda o rebote, em nova finalização, e correu para o vestiário da equipe visitante. Com o 2 a 2 no apito final, o Tupi entrou com uma ação no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e conseguiu a classificação, com a Aparecidense sendo banida da competição.
A transmissão do julgamento que sacramentou a ascensão carijó rendeu ao Toque de Bola, em sua web rádio, índices extraordinários de audiência.
Nas quartas de final, o Mixto-MT foi o adversário. O empate suado no Mato Grosso em 1 a 1, com gol do zagueiro Silvio no fim da partida, e a vitória no Estádio Municipal por 3 a 2, com bolas na rede de Ademilson, Michel e Cal (contra), resultaram em novo acesso ao centenário Galo Carijó.
Nas semifinais da Série D, o Tupi encarou o Juventude. A partida de ida, no Sul, acabou colocando os gaúchos com os dois pés na decisão. O Alviverde emplacou 4 a 0 sobre o Tupi, que em Juiz de Fora venceu por 1 a 0 e se despediu da competição.
Por onde andam?
Se o Tupi já tem lugar garantido na Série B de 2016, os adversários nas históricas campanhas de 2011 e 2013 não passaram pelo mesmo sucesso, com exceção do Oeste e Santa Cruz. Dos 14 adversários nos campeonatos nacionais das duas temporadas, metade não participou, em 2015, de nenhuma das divisões do Brasileiro. Confira:
Itumbiara – Sem divisão
Tocantinópolis – Sem divisão
Gama – Série D
Anapolina – Sem divisão
Volta Redonda – Série D
Oeste – Série B
Santa Cruz – Série B
Aracruz – Sem divisão
Araxá – Sem divisão
Resende – Série D
Nova Iguaçu – Sem divisão
Aparecidense – Série D
Mixto – Sem divisão
Juventude – Série C
Pesquisa e texto: Bruno Kaehler – Toque de Bola
Foto: Divulgação
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