Tecnologia, sim! “Desafio” foi sucesso na final da Superliga Feminina

O uso da tecnologia na final da Superliga Feminina de Vôlei 2012/13, no domingo, 7, foi motivo de comemoração para todos que estão ligados ao voleibol no país.

O juiz-forano Anderson Luiz Caçador, árbitro internacional, com 22 anos de experiência, foi o escalado para a finalíssima do feminino e teve uma bela atuação durante a partida. Como primeiro árbitro do jogo, Caçador passou por treinamentos para se adaptar e conhecer a nova tecnologia implantada.

O Toque de Bola conversou com o árbitro sobre as principais mudanças, benefícios, polêmicas e discutiu um pouco mais sobre as regras da nova ferramenta implantada no voleibol brasileiro.

PREPARAÇÃO DA ARBITRAGEM

“Como foi uma novidade, uma tecnologia que trouxeram da Polônia, a gente tinha que se inteirar dela. Nós fomos apresentados a um sistema, um programa, com 16 câmeras  espalhadas em torno da quadra, que pegavam as linhas de fundo, laterais, de ataque, central, a rede e as antenas. A partir do momento que tudo isso foi preparado e treinado, fizemos um jogo-treino, que o capitão, assim que discordasse de alguma coisa, fazia um gesto técnico, como se simulasse uma tela, e me falava o que queria desafiar, se foi uma bola fora, uma bola dentro, toque na rede, bola na antena. Eu passava, através de um microfone, essa informação para alguém que estava lá atrás da mesa de controle, mesa da súmula. Essa pessoa passava a informação para os técnicos poloneses que ali estavam, para ver se procedia ou não a reclamação. O esquema foi esse. Treinamos na quarta, retornamos no sábado mais cedo pra treinar de novo, pra ficar mais apurado, melhor ainda, e na hora do jogo a coisa funcionou muito bem”.

TECNOLOGIA NO BRASIL

“No Brasil, o sistema foi adaptado e tem um limite de desafios. São dois desafios por set, para cada equipe. Mas, a diferença que tem do sistema polonês para o nosso é que aqui você acertando ou errando, perde o desafio. Diferente do tênis, por exemplo, que o atleta tem direito a três desafios por set. Mas se todos os desafios que ele fizer, ele estiver certo, ele continua com os desafios, não queima nenhum. Na regra para o vôlei, foi adotado que você tem dois, mas que você acertando ou errando, você os perde. E nem todas as bolas podem ser desafiadas, o que foi explicado e passado para as duas equipes”.

POSSIBILIDADES DE DESAFIOS

“Quando eu peguei o material para ver a recomendação desse programa, existem possibilidades. Existe a possibilidade de a equipe desafiar sem a arbitragem marcar, como aconteceu na final, quando o Unilever pediu uma rede que a arbitragem não marcou. Foram desafiar, ficou claro que não aconteceu a rede e o ponto ficou para o outro time mesmo. Uma situação diferente é quando a arbitragem marca uma falta e a equipe pede o desafio em cima dessa marcação. Se a falta ocorreu, confirmando a marcação da arbitragem, segue o jogo, mas se a falta não ocorreu, não tem como dar ponto para um nem para o outro, pois quem parou o jogo foi o árbitro, tendo que voltar o ponto. Foi o caso da rede que o segundo árbitro marcou do time de Osasco. Não foi rede, pelo desafio ficou comprovado e tivemos que voltar o ponto. Então depende de qual situação o desafio é feito”.

RESPALDO E RISCO

“É um respaldo para nós, árbitros, mas também um risco. Se a arbitragem marca e fica toda hora errando, ela perde credibilidade. Agora, não foi o nosso caso, ainda bem, porque a gente marcou e estávamos certos.  Eles mesmos pensaram duas vezes antes de pedir o desafio, em algumas situações. Quando acontecia algum lance polêmico e alguém já falava do desafio, o próprio jogador já se acusava. Então a equipe passa a colaborar mais com o trabalho. Mas pra isso, a arbitragem tem que ser boa, porque se for ruim, vira um angu de caroço. Graças a Deus foi boa na final e o jogo fluiu, dando até mais credibilidade pra gente”.

EVOLUÇÃO NO VOLEIBOL BRASILEIRO

“A tecnologia ajuda e é uma evolução para o voleibol brasileiro. Pelo seguinte, se não tivesse desafio na final, quando tivemos três pedidos pelo Osasco e um pelo Unilever, sendo que o Osasco estava certo em um e voltou a bola, seria marcada a rede no lance e o jogador iria ficar inconformado, porque não tinha cometido a infração. Uma jogada em que a Fernanda Garay invadiu por baixo, ela nem olhando estava e o segundo árbitro marcou. A capitã pediu desafio e ela invadiu de fato. Uma bola bem polêmica também, no fundo de quadra, que nós demos dentro, eles pediram desafio, falando que foi fora e quando foram ver a arbitragem estava certa. Imagina isso ficando somente com a opinião da arbitragem. Ao fim do jogo eles poderiam falar que os árbitros erraram em algumas bolas, na opinião deles. E ali a gente comprovou que nós não erramos”.

  A tecnologia estará novamente em quadra no domingo, 14, na decisão da Superliga Masculina, entre RJX e Sada/Cruzeiro.

Texto: Igor Rodrigues

Foto: Arquivo Toque de Bola/Divulgação

Este post tem 2 comentários

  1. Dalton Souza

    Quem dera no futebol tivesse isso.

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