Em entrevista exclusiva ao Toque de Bola, o treinador do time carioca, Marcelo Fronckowiak, que venceu, neste sábado, 11, a equipe da UFJF, em Juiz de Fora, por 3 sets a 1 (parciais de 24/26, 15/21, 21/19 e 19/21), criticou de forma incisiva a situação em que sua equipe se encontra, com a saída dos principais jogadores pelo atraso de salários e, consequentemente, um número menor de atletas à disposição.
“Hoje, a situação do meu time é muito delicada. Tínhamos nove jogadores em quadra, o décimo machucou no aquecimento e um dos que estava no banco está se recuperando de uma lesão seríssima. Se o Índio machuca, não tem substituto. Isso pode transformar a Superliga em uma partida de vôlei escolar. Tudo isto precisa ser raciocinado. Acho que os clubes precisam ter mais voz, para que possamos voltar a época em que as equipes tinham torcidas maravilhosas e a Seleção ia junto. Hoje, temos um produto maravilhoso, que é a Seleção, mas infelizmente a vida dos clubes não está legal”, analisou Marcelo.
Com a principal competição do vôlei nacional em andamento e clubes como Montes Claros Vôlei e RJ Vôlei com problemas financeiros por falta de patrocinadores, as dificuldades encontradas são cada vez maiores, assim como a insatisfação dos envolvidos no torneio. Marcelo acredita que uma união dos clubes seja fundamental para uma mudança deste panorama, assim como um poder maior sobre a televisão, dona dos direitos de imagem da Superliga.
“Nós temos que repensar o modelo de visibilidade e de mediatização do voleibol no Brasil. Existe um contrato com um canal de televisão, em que temos pouquíssimos jogos abertos transmitidos, onde nós não podemos divulgar o nome dos patrocinadores. Enfim, acho que isso tudo precisa ser questionado, me parece que está começando a haver uma movimentação da CBV neste sentido, de dar voz aos clubes e fazer com que eles tenham uma possibilidade maior de negociação em relação aos espaços publicitários. Agora, nós precisamos realmente saber se o modelo atual vai continuar fazendo sobreviver equipes de médio orçamento ou que passam dificuldades como a nossa. Sinceramente, estou um pouco sem esperanças quanto a isto. O momento é muito difícil e eu espero realmente que haja uma união de todos”, opinou o treinador.
Clima quente
O jogo esquentou dentro e fora de quadra. Sob forte calor no Ginásio da Faefid, a torcida empurrou a Federal para a vitória no terceiro set, quando no período de intervalo e troca de posições em quadra para o reinício de partida, uma pequena confusão ocorreu entre o líbero Mário Jr. e um torcedor juiz-forano. O jogador arremessou uma garrafa em direção a um membro da torcida que estava, de acordo com o atleta, insultando sua família. Em seguida, a garrafa foi novamente lançada em direção ao líbero.
De acordo com o torcedor da UFJF, Lucas Guida, que se encontrava próximo a origem do tumulto, a reação do líbero foi incompreensível. “Mário Jr. tampou um objeto na torcida, ninguém sabe o motivo, e a torcida jogou de volta. Uma falta de respeito pelo que ele representa, jogador de seleção, é complicado”, disse.
O jogador do RJ Vôlei envolvido na confusão afirmou ter pedido desculpas ao torcedor atingido, mas procurou se defender, alegando estar nervoso. “Eu estava com a cabeça muito quente, fui lá pedir desculpas, porque o cara estava o jogo inteiro me xingando, ofendendo minha mãe e minha família. Acho que o voleibol não é o futebol, as pessoas não vêm aqui para ficar na grade e xingar nossa família toda. Vejo muito desrespeito, como eu errei também, me exaltei e peço mil desculpas à torcida de Juiz de Fora, estão todos de parabéns, fizeram uma bela partida também”, esclareceu.
Com a derrota, a UFJF se mantém na lanterna da Superliga 2013/2014, com oito pontos conquistados, enquanto o RJ Vôlei foi a 31 pontos somados, ocupando a quarta posição no torneio.
Texto de Bruno Kaehler