Suspensão mantida: fim do Mineiro ganha corpo

  A proposta de cancelamento do Campeonato Mineiro 2020, encampada pela maioria dos times do interior de Minas Gerais, está ganhando corpo e repercussão. A situação financeira e de contrato dos clubes com os atletas, além do calendário nacional devem ser decisivos na hora da definição sobre o assim, acreditam os homens fortes do futebol fora da capital do estado. 

FMF comunicou extensão da parada no Twitter

  Na tarde de quarta, dia 25,  a Federação Mineira de Futebol (FMF) publicou em sua conta no Twitter que irá “manter suspensas todas as atividades do futebol em Minas Gerais até o dia 30 de abril” (veja ao lado). Por conta da pandemia do novo coronavírus, o Estadual está suspenso desde o dia 15 de março.

  Nas reações dos internautas à publicação, a maioria pedia o cancelamento ou o fim do torneio, muitas pedindo a declaração do América, líder da competição após a nona rodada, quando o Estadual foi paralisado, como campeão. Diversas postagens também sugeriam que não houvesse rebaixamento nesta temporada.

Nos clubes

Classificação (clique para ampliar)

  Para o vice-presidente do Tupynambás, Cláudio Dias, o estabelecimento da data complica ainda mais a realização das duas últimas rodadas da primeira fase e a sequência da competição. Para o dirigente, a saúde financeira e a questão de contratos com atletas dos clubes do interior deve pesar.

  “Piorou a situação. Se conseguirmos voltar logo após o dia 30 de abril, seriam 45 dias de paralisação. Teria que fazer uma nova pré-temporada para que os jogadores voltem à forma. É certeza absoluta que todos os contratos venceram. Não vamos renovar por três meses para que os atletas joguem dois jogos. Os clubes não têm condição de assumir isso, o lado financeiro é o principal. O Tupynambás não se resguardou e manteve o controle financeiro rígido para gastar além do que pode agora. O ideal é cancelar”, considera Dias.  

Dispensados

Elenco do Patrocinense está sendo dispensado

  Informações de bastidor dão conta de que, entre as agremiações de menor investimento do Mineiro, apenas o Tombense ainda não ser manifestou sobre a sequência do Estadual.
  O posicionamento do Coimbra é aguardar a definição da FMF e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) sobre datas no calendário do futebol.
  Os demais – Baeta, Villa Nova, Boa Esporte, URT, Uberlândia, Caldense e Patrocinense – estão inclinados a pedir o cancelamento do torneio.

  CAP “fecha” 

Algumas equipes já iniciaram o processo de desligamento de seus atletas. O Patrocinense já desmobilizou seu elenco, como explica o diretor de futebol do CAP, Elson “Kiko” Vieira.
  “Quando tivemos a informação extraoficial, que depois se tornou oficial, que o Mineiro ficaria parado até o fim de abril, decidimos encerrar os contratos dos atletas. Não podíamos ficar com o plantel parado esse tempo todo. Propusemos isso e darmos por encerradas as nossas atividades. Se não, nossas folhas começariam a atrasar e não é esse o intuito do clube. Estamos fazendo os acertos para que eles possam ir para suas casas”, conta.

Aguardando

Giacomini aguarda posições de entidades

  Segundo o técnico do Coimbra, Diogo Giacomini, o posicionamento do clube é estar pronto. “Estamos aguardando os próximos dias, semanas ou meses. Achamos prudente a paralisação do Mineiro até o dia 30 de abril. Em relação à continuidade do Mineiro, vamos esperar uma posição da CBF em consenso com a Federação. Se o posicionamento for pelo cancelamento, iremos inciar nossa preparação para o próximo ano, assim que pudermos voltar às atividades.”

  Se o calendário permitir, segundo Diogo, seu time estará pronto para atuar também. “Se a CBF encontrar datas no segundo semestre para encaixar os jogos que faltam para o Estadual, estaremos preparados. Temos pelo menos duas rodadas e estaremos prontos para brigar pela permanência na elite e dar continuidade à competição, caso ela ocorra”, garante.

Tempo pesa

   Com a parte financeira em dia, o Baeta não se preocupa imediatamente. Mas a manutenção dos contratos após abril está fora de cogitação. “No nosso caso, os salários estão até antecipados. Então não há problema de pagamento. Mas como vamos arcar com a despesa de mais 90 dias sem jogos? Não temos condição. Se a CBF determinar que as competições nacionais só começarão a partir de agosto? Então teremos jogado dinheiro fora, sendo que os atletas não poderão jogar”, completa Cláudio, prevendo que a Série D, para a qual o Tupynambás está classificado, se inicie somente no segundo semestre.

Bola está parada no Baeta desde o dia 15 de março

  Para a competição nacional, o plantel do Leão do Poço Rico deve mudar radicalmente. “Não é interesse do Tupynambás manter todo o grupo que está. O elenco, na minha opinião, é mais qualificado do que o do ano passado, mas não demonstrou isso dentro de campo. Vamos ter que mexer muito no grupo para a Série D do Campeonato Brasileiro ”, prevê Dias.

Precaução

  Mesmo já tendo desistido da disputa ta Série D e encampando a ideia do cancelamento do Mineiro 2020, o Patrocinense deixou uma porta abeta com seus atletas, caso o Estadual seja retomado. “Sabemos que o campeonato pode vir a terminar. Então, combinamos com os atletas que, futuramente, se tivermos uma data para retomada do campeonato, entraríamos em contato para eles voltarem e fazerem esses dois jogos restantes”, explica Kiko. 

Apoio em BH

  De acordo com Cláudio, a ideia já chegou a Belo Horizonte, e foi bem recebida pela diretoria do Cruzeiro. América e Atlético ainda não se manifestaram.

  Para o dirigente, como o Baeta – assim com o Villa Nova – ainda não caiu matematicamente, não há como decretar o descenso. “Vão dizer: ‘o Tupynambás esta sendo privilegiado.’ Sim. Mas ele não está, da forma como está o campeonato, rebaixado. Há uma recomendação que temos que cumprir. Infelizmente para uns, felizmente para outros, alguém vai ser prejudicado.”

  O Portal Toque de Bola entrou em contato com outros clubes participantes do Campeonato Mineiro 2020 e com a FMF para saber posicionamento sobre a questão. Assim que estes se posicionarem, publicaremos suas declarações nesta ou em outras matérias, deixando sempre livre o espaço para a manifestação de todos os interessados. 

Texto: Toque de Bola – Pedro Sarmento e Wallace Mattos

Fotos: Rise Up Mídia/Tupynambás FC; Facebook Coimbra Sports; e Facebook CA Patrocinense

Artes: Toque de Bola com informações da FMF 

Ivan Elias

Ivan Elias, associado do Panathlon Club de Juiz de Fora, é jornalista, formado em Comunicação Social pela UFJF. Trabalhou por mais de 11 anos no Sistema Solar de Comunicação (Rádio Solar e jornal Tribuna de Minas), em Juiz de Fora. Participou de centenas de transmissões esportivas ao vivo (futebol, vôlei, etc). Apresentou diversos programas de esporte e de humor, incluindo a criação de personagens. Já foi freelancer da Folha de S. Paulo, atuou como produtor de matérias de TV e em 2007 e 2008 “defendeu” o Tupi, na Bancada Democrática do Alterosa Esporte, da TV Alterosa (SBT-Minas). Criou, em 2010, ao lado de Mônica Valentim, o então blog Toque de Bola que hoje é Portal, aplicativo, Spotify, Canal no Youtube e está no Twitter, Instagram e Facebook, formando a maior vitrine de exposição do esporte local É filiado à Associação Mineira de Cronistas Esportivos (AMCE) e Associação Brasileira de Cronistas Esportivos (Abrace).

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