Sport vence o Tupi no emocionante duelo entre pai e filho. Veja fotos

Juiz de Fora (MG), 21 de agosto de 2011

Marcone, em jogada individual, no primeiro minuto do segundo tempo, definiu a vitória de 1 a 0 do Sport sobre o Tupi neste domingo, 21, no estádio do Sport, pela segunda fase do Estadual Júnior promovido pela Federação Mineira de Futebol. Foi a primeira vitória da equipe nesta etapa da competição. Os dois representantes juiz-foranos somam agora três pontos, cada. O Cruzeiro lidera, com sete pontos em três jogos.

Embora o lance do gol tenha sido muito bonito, emocionante mesmo foi o abraço entre o treinador do Sport, Zé Luís, e o goleiro do Tupi, Victor Hugo, ao final da partida. Um forte abraço que levou ambos às lágrimas. “Parabéns pelo seu profissionalismo”, disse o treinador. “Eu te amo, obrigado por tudo”, respondeu Victor Hugo. Pai e filho ficaram bem próximos durante todo o segundo tempo, quando o banco de reservas do Sport ficou perto do gol defendido pelo Tupi. “Sempre procurei, em 18 anos da vida dele, passar coisas boas, que seja um bom profissional, que ajude o treinador, que oriente os companheiros, com educação, ética, foi bom vê-lo colocar tudo isso em prática”, afirmou Zé Luís. “Foi uma honra jogar contra meu maior ídolo, o cara que mais me apoia, claro que queria a vitória, mas fico feliz por ele”, respondeu o goleiro.

Zé Luís nasceu em Campos dos Goytacazes, mas já está há 13 anos em Juiz de Fora. Foi jogador e treinador do Tupi, vivendo grandes momentos como atleta ou no comando. Treinou também a equipe júnior do Tupynambás na primeira fase do estadual e no sábado, 13, recebeu o convite para assumir o Sport na segunda fase da competição, depois de duas derrotas da equipe, para Villa Nova e Cruzeiro. “Foi uma semana complicada, mas fui muito bem recebido”, conta Zé Luís. O técnico lembra que em função de suspensões e ausências – o zagueiro Luis Felipe foi convidado para fazer um teste no Uruguai e deixou o clube – só havia um zagueiro de ofício, Caio, regularizado. Então, ele pediu à diretoria – e foi atendido – e convidou três jogadores, o lateral direito Maicon, o lateral esquerdo Neneco e Dodô. “Foi importante a chegada deles, ao mesmo tempo em que procuramos motivar para a partida, pedindo que esquecessem os 6 a 0 para o Cruzeiro, aquilo era passado, da mesma forma que esta vitória de 1 a 0, muito boa, já virou passado, e temos que pensar na próxima rodada”, revelou Zé Luís.

Esse apoio recebido em apenas uma semana de trabalho traz realização ao profissional, que em 13 anos de Juiz de Fora pode se orgulhar de ter vestido as camisas dos três principais clubes de futebol da cidade. “Espero poder contribuir, da forma como tentei fazer no Tupi e no Tupynambás, e ao mesmo tempo é um novo aprendizado, em cada clube”, relata. Talvez por essa realização pessoal e profissional e por ver uma atuação boa do seu “menino Victor Hugo, Zé Luís estava visivelmente emocionado. “Ele vestiu a camisa do clube que defende mostrando todos os valores que passamos para ele, que consideramos importantes no futebol, no esporte e na vida”.

Na corrente após a partida, ainda no gramado, entre elenco, Comissão Técnica e dirigentes, novos registros emocionantes. Os jogadores fizeram questão de chamar o treinador Rafael Novaes, que dirigiu a equipe até a chegada de Zé Luís e agora prepara-se para trabalhar no Haiti. O autor do gol, Marcone, agradeceu pelo momento de felicidade e disse que queria abraçar um a um. Depois dos primeiros dois abraços, foi cercado por todo o grupo. E o dirigente Walter de Oliveira Ribeiro, o Waltinho, aproveitou o clima de alegria para fazer uma advertência: “Estamos agora depois de uma vitória, mas quero pedir que mantenham o respeito uns com os outros também quando houver derrota”. Os jogadores responderam: “Claro, o Sport é uma família”.

Do lado do Tupi, o treinador Jésus Vieira, o Fia, estava inconformado com a arbitragem. Segundo ele, houve dois pênaltis claros não marcados a favor do carijó, um em cada tempo, e os ataques foram barrados com marcações erradas do auxiliar, na avaliação de Fia. “Hoje não era o dia de o Tupi ganhar do Sport, então parabéns para eles”.

 O jogo

As duas equipes entraram em campo desfalcadas. O Tupi não contava com o atacante Bruninho, expulso na rodada anterior, na vitória de 2 a 1 sobre o Progresso, no Estádio Mário Helênio. O Sport não tinha três lesionados, o goleiro João Paulo, Thiago e Jediel, e ainda estava sem Geovani Azalim, afastado da partida por motivos não revelados.

No primeiro tempo, o Sport tomou a iniciativa do ataque e criou as melhores oportunidades, entre elas um chute de Marcone, da entrada da área, defendido por Victor Hugo, e outra tentativa de Jorge Lucas, que passou à direita.

Na etapa final, Marcone recebeu passe na área, dominou, e teve personalidade para se livrar da marcação e tocar na saída do goleiro, marcando 1 a 0 para o Sport, que passou a jogar nos contra-ataques, buscando, principalmente, a velocidade nas arrancadas de Jorge Lucas. O Tupi pressionou, mas não exigiu grandes intervenções do goleiro Romerson. Foram várias bolas lançadas sobre a área, muitos impedimentos, e a defesa alviverde conseguia se livrar do perigo. No final, o árbitro ainda deu quatro minutos de acréscimo, mas a vantagem do Sport foi mantida, no tira-teima entre as duas equipes na competição – na primeira fase, cada um venceu um jogo. No returno desta segunda fase, o Tupi terá nova chance de igualar o duelo particular.

Sport: Romerson, Dalgan (Alex), Dodo, Caio e Neneco, Júlio, José Eduardo (Maicon), Hugo e Nem (Everton), Marcone (Luiz Fernando) e Jorge Lucas (Bruno). Treinador: Zé Luís. Tupi: Victor Hugo, Everton, Luan, Douglas Costa e Thiaguinho, Rodolfo (Luis Gustavo), Michel, Guilherme (Douglas Oliveira)  e Maguinho, Renan e Gladson (Marcus Vinícius). Treinador: Jésus Vieira (Fia). O árbitro foi Igor Junio Benevenuto (FMF), auxiliado por Wesley Moreira de Carvalho (CBF/FMF) e Marco Antônio da Silva (FMF).

Texto: Ivan Elias

Fotos: Toque de Bola

 

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