Todos são capazes de realizar seus sonhos

  Iniciei minha trajetória no Clube Bom Pastor em 1991. Fui influenciado pelo meu pai. Ele dizia que eu era fanático por futebol. E, para aliviar tais exageros resolveu trocar a modalidade esportiva.

  No ano seguinte, fui convocado para seletiva da seleção mineira, uma categoria acima da minha (1977). Na peneira de 60 atletas, fique entre os 18. Ao repassar aos meus pais, eles não aceitaram e salientaram a prioridade pelos estudos.

  Em 1993, recebi novamente a convocação pela Seleção Mineira e, desta vez, meus pais autorizaram minha participação. Pelo desempenho satisfatório nos jogos fui surpreendido com a convocação para seleção Brasileira de voleibol e convidado a participar dos processos de preparação para o mundial.

  Entre viagens, treinamentos e dedicação, ao chegar na última fase, fui cortado. Não disputei o mundial mas, retornei ao Clube Bom Pastor e reiniciei meus treinamentos com muito zelo e dedicação.

  A partir daí, joguei em três clubes brasileiros e um sul-americano. Sofri uma lesão no tendão patelar. A recuperação não foi satisfatória. Entre dores e fisioterapia intensa, decidi encerrar minha carreira como atleta. Prestei vestibular para Educação Física na cidade do Rio de Janeiro e me mudei com intenção de desenvolver uma carreira acadêmica.

  Na entrega de um currículo com o objetivo de estagiar, conheci a Adriana Samuel na praia de Copacabana e deixei um currículo demostrando meus objetivos. Uma semana depois, recebi a ligação do coordenador do projeto,  Radamés Lattari, me convidando para participar do processo seletivo para estagiar.

  Fui aprovado e depois me tornei o professor do projeto as escolinha da Adriana Samuel por 12 anos, na modalidade vôlei de praia nas areias de Copacabana. E também professor dos projetos sociais da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) em vários bairros do Rio de Janeiro.

  Em 2018, recebi o convite de assumir as categorias de base masculina do Clube Bom Pastor como técnico. Retornei com muita alegria no coração ao clube onde fui revelado.

  O Bom Pastor tem DNA de campeão onde revelou Giovane Gávio, André Nascimento e, atualmente, Felipe Roque. O Clube Bom Pastor não parou por aí, revelando, nos tempos de agora, futuras promessas para o voleibol brasileiro. Tenho satisfação de ter amigos que, quando atleta, disputamos vários campeonatos e ganhamos diversos títulos,    agora são presidente e diretores no clube onde trabalho.

  Na minha época, pelos clubes que joguei, tinham dois atletas da raça negra. Não pelo fato de  garantir oportunidade e sim, pela modalidade ser elitizada. Atualmente o voleibol evoluiu e quebrou paradigma. São observados o biotipo, parte física do atleta – isso independe da cor da pele.

  Frequentemente converso com meus atletas e reforços sobre a direção dos sonhos deles de ser jogadores profissionais. Meus conselhos são: estudos como prioridade, dedicação, comprometimento, constância.

  Olhem para mim, observem minha história, observem seus ídolos, porque todos são capazes de realizar seus sonhos.

Texto – Mandela

Marcos Vinicius Breviglieri Ribeiro (Mandela)

Treinador Nível lll pela Confederação Brasileira de Voleibol (CBV). Atualmente atua nas equipes de base do Clube Bom Pastor, de Juiz de Fora. Trabalhou como auxiliar técnico pela Seleção Carioca – CBS Campeão Brasileiro Sub 17em 2019.
Graduado e bacharel em Educação Física pelo Centro Universitário Augusto Mota, com especialização em Esporte e Atividade Física Inclusiva para pessoas com deficiência e pesquisas sobre o tema de
frequência de lesões no voleibol.

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