Enquanto aumentam as pressões de atletas sobre o Comitê Olímpico Internacional (COI) para o adiamento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Tóquio 2020, o paratleta da natação do Clube Bom Pastor, Gabriel Araújo, mantém vivo seu sonho paralímpico.
Único conjunto de grandes eventos esportivos que ainda não sofreu alterações por conta da pandemia do novo coronavírus (COVID-19), os Jogos de Tóquio têm previsão de começar para o Gabriel no dia 26 de agosto, um dia depois da abertura das Paralimpíadas.
Por isso, mesmo ciente da crise internacional de saúde pública, o nadador, que retornou à cidade natal, Corinto, para cumprir quarentena junto à família, segue se preparando. “Sigo sem perder o foco. Para mim isso é um sonho, uma luta. Então enquanto estiver de pé, vou estar preparado”, garante.
Corpo ativo
A rotina segue as orientações do técnico do Bom Pastor, Fábio Antunes. “Estamos buscando manter o corpo ativo. Nossa meta não agora não é ganhar físico, psicológico nem nada. A meta agora é não perder”, diz o técnico.
“Estou me mantendo em quarentena. Mas ao mesmo tempo, fazendo trabalhos em casa, sem parar. Mantendo o corpo ativado, improvisando quando preciso”, conta Gabriel.
Cancelamentos
Fábio e Gabriel já estavam em São Paulo, desde o dia 8 de março, quando tiveram a notícia de que os treinamentos da equipes brasileira de natação, assim como a etapa paulistana da Wolrd Para Swimming Series marcada para a cidade, entre os dias 25 e 28 deste mês, haviam sido cancelados.
Esta seria a primeira oportunidade de Gabriel fazer o índice paralímpico em uma competição classificatória para as Paralimpíadas e garantir sua vaga.
Com todos os eventos qualificatórios suspensos, mas os Jogos mantidos, o paratleta, multi medalhista no Para-Pan de Lima no ano passado, não sabe como será sua classificação caso o evento seja mantido como está.
“É um caso bem sério. No mundo todo estão cancelando as classificatórias. Dá uma desanimada, mas não pode. Porque, até então, vai ter a Paralimpíada. Como será a classificação para isso não sei”, diz.
Prejuízo técnico
O que tranquiliza o nadador e seu técnico é que, em competição e em treinos, Gabriel já vinha nadando abaixo do índice desde 2019. “Ainda não tem critérios, e a vantagem é que o Gabriel fez o índice ano passado e este ano também (na etapa de janeiro dos Circuito Caixa). Não é oficial, mas ficamos mais tranquilos. Ele fez uma tomada de tempo já lá em São Paulo na qual nadou muito bem. Top três do mundo”, conta o treinador.
Segundo Fábio, a manutenção dos trabalhos e a ajuda na contenção da pandemia é a rotina de momento. O treinador também diz que, na situação atual, um prejuízo técnico será certo.
“Enquanto não falarem que está cancelada, vamos manter os trabalhos e o sonho permanece. Agora é muito difícil falar algo. Estamos respeitando as orientações e contribuindo para que o vírus seja contido. Neste cenário, a parte técnica da Olimpíada e Paralimpíada fica bem afetada.”
Texto: Toque de Bola – Wallace Mattos
Fotos: Divulgação CPB; e Facebook Fábio Antunes