O Flamengo está sobrando e o seu torcedor parece um embriagado que não quer curar o porre.
Esta é a principal conclusão do primeiro turno do Campeonato Brasileiro.
A reunião de jogadores de qualidade e – tão ou mais importante – com funções bem definidas faz a equipe decidir as partidas, seja pelo grande volume de jogo (contra o Palmeiras) ou pelo aproveitamento de erros dos adversários (diante de Internacional, com dois gols seguidos diante de um ferrolho, e Santos, quando um passe mal executado na linha ofensiva do Peixe gerou um lançamento preciso e um golaço).
Quando olhamos a escalação rubro-negra (principalmente quando estão todos os titulares), podemos, na teoria, supor que sendo assim tão ofensiva, em algum momento dos 90 e tantos minutos haverá espaços, estará vulnerável. Na prática, porém, desde que a equipe encaixou, ela se impõe, dentro e fora de casa.
Abel era muito ruim e Jesus é um gênio? Calma. Abel não teve Rafinha, Filipe Luís, Gérson e o até então desconhecido Pablo Mari. Não é pouca coisa. Mas o discurso de Abel indicava temor com essa suposta fragilidade defensiva que se desconfiava com a formação atual – apenas um “cão de guarda” (Arão) e um “combativo que joga” (Gérson).
Depois de Jesus “inventar” para o mal no quase fatídico 2 a 0 contra o Emelec, no Equador, e reverter no Rio, com sufoco dos pênaltis, construiu um sistema até aqui insuperável. Ataca, mas combate. Transformou Gabriel e Bruno Henrique, que já atuavam juntos no Santos (embora Bruno tenha sofrido contusões), numa dupla que parece ter sido formada desde o dente-de-leite (para usar uma expressão mais antiga).
Com Everton Ribeiro também à vontade em campo e Arrascaeta mais aceso que a sua média, olha aí um time que quando arranca desde o meio-campo deixa o oponente sem saber para que lado correr, a quem marcar. Claro que as coisas vêm dando certo e isso aumenta, dobra, triplica a confiança.
Chegou-se então ao paraíso? O que pode fazer o Flamengo perder este campeonato?
Mais que uma evolução muito consistente do Palmeiras (o Santos parece sofrer muito com as limitações do elenco), a impressão, ao final da metade da Série A 2019, é que um novo “cheirinho” só ocorrerá por algum “defeito” rubro-negro que as recentes atuações não nos permitem enxergar.
Qual é, então, a moral da história?
Hoje, só um time pode impedir o Flamengo de conquistar este Brasileiro. O próprio Flamengo.
Texto: Ivan Elias – Toque de Bola
Foto: Flamengo – Alexandre Vidal
Caro Ivan,
Tremenda lucidez nessa sua resenha. A soberba é uma das coisas que destrói o cidadão. E com uma equipe não é diferente.
Portanto se mantiverem a humildade e a seriedade até agora demonstrada, dificilmente perderão o campenonato.
Abs