O novo coronavírus causou mais um fato inédito: pela primeira vez na história, não haverá a tradicional Corrida de São Silvestre no dia 31 de dezembro de 2020.
Por questões de segurança, os organizadores adiaram para 2021, quando devem realizar a mais conhecida prova de rua do país em duas datas: a 96ª edição em 11 de julho, e a 97ª em 31 de dezembro.
Instabilidade
A alegação para a mudança de datas foi a instabilidade do cenário atual, onde ainda não é possível viabilizar uma prova do porte da São Silvestre. Afinal de contas, desde 1925, milhares de corredores profissionais e amadores se reúnem para cumprir o percurso de 15 km pelas ruas do Centro de São Paulo.
A decisão não surpreendeu os corredores de Juiz de Fora e região ouvidos pelo Toque de Bola. Todos garantem que é melhor voltar quando for mais seguro para todos.
Te vejo em 2021
Principal corredora de Juiz de Fora e região na atualidade, Amanda Oliveira estreou na elite da São Silvestre em 2019. Terminou a prova em 16º lugar, e foi a quarta melhor brasileira.
Estava nos planos disputar novamente neste ano. “É a prova mais bonita e tradicional do Brasil, o ano passado tive uma excelente participação. Ficamos tristes com essa doença que afetou a todos nós. No momento, o mais importante é a nossa segurança, é saúde. Se Deus quiser, no ano que vem, estaremos juntinhos novamente nas corridas e na São Silvestre”, deseja Amanda.
Sem desânimo
Enquanto isso, a campeã do ranking de corridas de ruas de Juiz de Fora, que é natural de Mercês, fez questão de destacar aos apaixonados por esportes para não desanimarem.
“Não podemos perder a motivação. Devemos continuar com disciplina e muito foco, pois quem tem objetivos sempre alcança, basta saber acreditar em você. Seguimos treinando com segurança e dedicação”, garante Amanda.
Experiência nas ruas de SP
Gedair Reis tem histórias de muitas São Silvestre para contar. Contou à nossa reportagem que a conversa com os outros corredores durante a pandemia já indicava a suspensão. “Já era esperada, porque, enquanto não tiver vacina ou não tiver estabilizado, não podemos arriscar aglomeração de jeito nenhum. Ainda mais nós que já estamos com a idade avançada. Penso eu que a melhor coisa que fizeram foi suspendê-la mesmo”, avalia.
No ano passado, ele completou a 503ª prova da carreira e esteve ao lado de Gerson Antônio. Em 2020, assim como Amanda Oliveira, pretendia estar entre os inscritos. “Se tivesse condições esse ano de realizar a prova, eu iria mais uma vez guiar uma pessoa na São Silvestre. Porque é confraternização. Ir lá e guiar é muito melhor que correr. É sempre uma emoção diferente”, ressalta Reis que faz o trabalho ao lado de deficientes visuais.
Nova data
Gedair Reis estranhou a possibilidade da tradicional prova de despedida do ano ganhar uma edição em outra data. Afinal de contas, pode coincidir com outras que ele gosta de disputar.
“Bom, pode acontecer. A São Silvestre, marcada, tradicional, [é] no final, na passagem do ano. Em julho vai dar o que falar um bocadinho. Toda mudança gera isso. Nos primeiros meses, a pessoa revolta, critica. Mas depois aceita, continua tudo normal. Só não sei se eu iria no meio do ano por causa das maratonas.”
Com interesse, sem corrida
Rubens Gabriel Ruela, o Rubinho, é o presidente da Associação dos Corredores da cidade. Ele contou que 68 corredores já haviam manifestado interesse pela excursão deste ano, mas sabiam que a chance era pequena.
“Já esperávamos, uma vez que, devido à pandemia, será difícil acontecer evento de grande porte ainda esse ano. Já estamos treinando com foco nas provas de 2021″, conta Rubinho.
Sem fantasia em 2020
Há 20 anos, Rubinho disputa a São Silvestre sempre usando uma fantasia. Agora, sem a prova, o foco é continuar se cuidando e aguardar o retorno em segurança.
“Continuamos com os treinos, porém, reduzimos a intensidade e o volume. Treinamos mais para manter a saúde em dia. Aguardando a liberação de uma corrida oficial para intensificar os treinos, sempre tomando todos os cuidados devido à pandemia”, resume.
Texto: Toque de Bola – Roberta Oliveira