Com diversão, muita integração e respeito entre atletas, comissões técnicas e arbitragem, ocorreu na quinta-feira, 21, a disputa da modalidade goalball na Semana Paralímpica de Juiz de Fora. Disputado no ginásio da Secretaria de Esportes e Lazer (SEL) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), o esporte foi praticado por deficientes visuais. No evento, atletas do Projeto JF Paralímpico e da Sociedade Olímpica Leopoldinense/APAE se uniram numa tarde em clima de confraternização e bom humor.
Veja os depoimentos:
Dimas de Souza – Comissão técnica da APAE de Leopoldina:

“Tenho a formação como professor de Educação Física e uma pós graduação na UFJF em paradesportos. Minha função é promover o paradesporto em seu âmbito maior na sociedade, e veio essa oportunidade do goalball para somar, e não queremos parar nisso, e sim praticar todas as atividades do paradesporto, para cada vez mais alavancar a parte da paralimpíada em nosso município.
No esporte como um todo, não só no paradesporto, nós, professores de Educação Física, entendemos que somos agentes transformadores, porque damos oportunidade além das pessoas que estão fora desse espaço do esporte, que venham sempre trabalhando na sociedade, tirando do trafico, das dependências químicas. E junto com o paradesporto, dando autonomia aos nossos atletas, porque a deficiência ainda tem muito preconceito na sociedade. E com o esporte, eles podem se tornar independentes e ter uma qualidade de vida melhor.
O Antônio Marcos, coordenador do goalball, foi quem levou esse projeto até a Apae de Leopoldina. Com a parceria que a Apae tem com a Sociedade Olímpica Leopoldinense, criamos essa modalidade em Leopoldina. Mas não vamos parar, queremos dar outras possibilidades, como o judô, a bocha e a natação que estão chegando ao projeto.
Graças a Deus eu tive a oportunidade de conhecer a coordenadora Karla (Belgo) junto com a professora Adriana (Guarino) em um congresso do comitê olímpico em Belo Horizonte e como Leopoldina é perto de Juiz de Fora, nos tornamos parceiros. Já participamos da oitava edição, só com os diretores e professores. Eu sempre falo que o paradesporto é diferente porque ele mexe com o coração e a alma. Por isso trouxemos os diretores, para que eles vivenciassem, e eles amaram. Com esse projeto que fizemos na prática, foi possível trazer o pessoal do goalball.”

Júlio Gasparette – Secretário de Esporte e Lazer de Juiz de Fora
“Vejo de uma forma muito diferente do que muitos enxergam o esporte mundial. E um dos detalhes que temos que observar é como que as pessoas com deficiência podem praticar tão bem vários esportes e modalidades de uma forma muito boa. Pra mim é um exemplo e hoje, eu como Secretário de Esportes da cidade, tenho que fazer todas as categorias, mas me sinto bastante orgulhoso de estar à frente dessa Semana Paralímpica. Quero trabalhar mais ainda não só para estar próximo a eles, mas para fazer ainda mais.
Hoje nessa área social de dificuldade, onde as pessoas muitas vezes são discriminadas, a gente vê uma coisa tão bonita que nos ensina a ter mais prazer pela vida e de poder querer fazer mais. No meu caso, que já participo da Apae, da Associação dos Cegos, me sinto uma pessoa muito grata por Deus me dar essa força e essa vontade de poder trabalhar.”

Adriana Guarino – professora
“O goalball é um esporte encantador e emocionante. Os deficientes visuais que participam, como é próprio pra eles, se empenham muito, porque utilizam exatamente o que eles têm da própria deficiência: a discriminação tátil, auditiva e a comunicação que facilita muito para eles jogarem o jogo. É uma modalidade que falo pra eles que é um bichinho que pica, pois você conhece e se apaixona. E foi um dia memorável, a primeira vez que tivemos essa participação enorme de deficientes visuais na Semana Paralímpica. Em edições anteriores tivemos até videntes participando junto. Nessa edição foram superadas todas nossas expectativas quanto ao número de participantes. Muito boa a presença do pessoal da Apae de Leopoldina. Alguns foram até meus alunos, hoje estão lá, e vieram abrilhantar ainda mais a competição. E agradecer os alunos pelo empenho e dedicação que eles têm de fazer sempre o melhor.
Tem uma importância muito grande primeiro na mudança de atitude, porque aquele que pratica o esporte encara o mundo de uma forma diferente. Eles também levam as habilidades práticas para a vida deles, como ter mais atenção na hora de atravessar a rua, ficar mais atento a tudo que está acontecendo ao seu redor, facilita o encorajamento dele para o mundo. Os que não participam de atividades esportivas ficam mais presos, têm mais medo de sair de casa, ou saírem sozinhos. Nossos atletas todos têm uma autonomia muito grande de vida, de deslocamento, com esse encorajamento que o próprio esporte traz. O goalball é muito dinâmico. Trabalha o reflexo, a força, a concentração e a comunicação. E eles têm que vencer isso tudo para poder sair sozinhos. Conseguimos fazer essa transferência muito bacana do esporte para a vida prática deles”.
Texto e fotos: Toque de Bola
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