Sem Fla por enquanto, Vôlei UFJF confirma Fadul como treinador e busca “atletas com fome”

Sem oficializar, pelo menos até agora, a parceria com o Flamengo – o departamento de marketing do clube carioca informou, em reunião na última sexta-feira, que não conseguiu os recursos necessários, o Vôlei UFJF pretende buscar patrocinadores próprios e formar uma equipe jovem, com salários modestos, inclusive na Comissão Técnica, que tem Alessandro Fadul confirmado como treinador.

A apresentação do novo elenco está programada para o início de agosto e, diante da dificuldade aguardada na busca das confirmações dos atletas, pelo menos quatro jogadores da base devem compor o grupo. Antes da Superliga, os compromissos são os Jogos de Minas e o Campeonato Mineiro.

Estas foram algumas das revelações feitas na noite desta segunda-feira, 6, pelo Diretor de Vôlei da Federal e Diretor da Faculdade de Educação Física da instituição, Maurício Bara Filho, convidado para participar da reunião mensal do Panathlon Club de Juiz de Fora. No encontro, ele abordou ainda temas como as confirmações e expectativas das delegações estrangeiras no Complexo Esportivo da UFJF na preparação para as Olimpíadas e o andamento das obras no local.

Maurício Bara prestou homenagem especial ao panathleta Hamlet Pernisa:  uma camisa do Vôlei UFJF com a faixa de capitão
Maurício Bara prestou homenagem especial ao panathleta Hamlet Pernisa: uma camisa do Vôlei UFJF com a faixa de capitão

    Hamlet: homenagem 

Maurício presenteou com camisas da equipe o próprio Panathlon – presidente Cláudio Esteves recebeu em nome do clube – e um associado em especial – o professor Hamlet Pernisa, que comandou o então Departamento de Educação Física na década de 70 e, vinte anos mais tarde, foi o primeiro diretor da – agora sim – Faefid. Hamlet ganhou uma camisa com a faixa de capitão.

“Hoje faço questão de dizer aos alunos do primeiro período como era o nosso espaço aqui e como é hoje, para que valorizem tudo que foi alcançado”, observa Maurício. “Na nossa época então, não era nada fácil”, lembra Hamlet. “É fundamental que os jovens de hoje saibam como foi a nossa luta primeiro para criar o Departamento, ligado ao ICBG (Instituto de Ciências Biológicas)  e somente muitos anos depois torná-lo uma faculdade. O professor Carlos Campos Sobrinho, o Carlito, teve papel destacado e contamos com a força, no início dos anos 90, do então presidente da República, Itamar Franco. Tudo era difícil, até conseguir professores”, destaca.

    Atletas “com fome”

Citando a crise por que passam as universidades brasileiras e ressaltando que o time é na verdade 90% projeto acadêmico vitorioso e pioneiro, o dirigente afirma: “Entre abrir mão da vaga na Superliga e disputá-la com uma equipe modesta, não vamos parar de fazer voleibol. Estamos na estrada e vamos ao mercado precisando de habilidade para escolher atletas com fome, vontade de crescer, que enxerguem a chance de jogar aqui como uma grande oportunidade na carreira”.

Nesta linha de raciocínio, Maurício não acredita, num primeiro momento, que jogadores veteranos aceitem a proposta de também reforçar o time, para auxiliar e orientar os mais jovens. Ele até citou o exemplo de Manius, que já está na faixa cima dos 35 anos. “Manius foi muito importante na última temporada, mas já tinha nos adiantado que este ano pensava em ficar mais próximo da família e do filho, é uma situação que não vejo com otimismo. Mas podemos tentar”.

Pelo menos quatro jogadores da base devem compor o grupo.

   Mercado

Sobre a saída de peças importantes do elenco, o dirigente ressaltou que muitos preferiam aguardar uma resposta sobre o sucesso da parceria ou mesmo na sequência do trabalho da UFJF por conta própria com mais recursos. “O Victor Hugo nos esperou até o último momento, mas não tínhamos como garantir nada a ele em termos de vencimentos. Não seria justo segurá-lo”.

   Camisa Fla, escudo Federal

Caso a parceria entre Vôlei UFJF e Flamengo se concretizasse agora, o time vestiria a camisa do Flamengo com o escudo da Federal. A duração do acordo seria de três anos – assunto tratado na reunião com CBV e representantes de todas as equipes – e o nome do time, fruto da eventual fusão, ainda não estaria definido.

Sobre o período estipulado – pelo menos três anos,  Maurício não concorda que seja um prazo curto. “No vôlei, temos vários projetos que duram dois anos ou até mesmo um ano só. Então o mínimo de três anos não acho pouco”.

Ao confirmar a participação da instituição este ano, a federal parte para a sua quinta participação consecutiva, fato raro entre os 12 concorrentes – muitos times não se mantêm ou trocam patrocinadores, de nome ou até de cidade.

O dirigente não descarta totalmente a parceria ainda já para a Superliga 2015/16, mas deixou claro, no encontro da última sexta-feira, que não havia mais como deixar passar mais tempo para “ir ao mercado”, o que começou a ocorrer, de fato, nesta segunda-feira.

   Possibilidades

Ciente das limitações ao assumir a formação de uma equipe jovem, o dirigente não faz planos de classificação para os playoffs da Superliga. E revela: “Se eu colocar um time em quadra, em agosto, para disputar o Campeonato Mineiro, já será uma vitória”.

A dificuldade em buscar recursos hoje está mais que demonstrada com a falta de resposta ao departamento de marketing rubro-negro na busca das parcerias. “Se o Marketing do Flamengo, num ano pré-olímpico, numa modalidade que os brasileiros adoram, que é o vôlei, não conseguiu os recursos esperados, é uma demonstração daquilo que estamos dizendo sobre o mercado e o próprio País”.

Por outro lado, ele aproveita um exemplo de participações anteriores da própria equipe da Federal em sua segunda Superliga para se motivar: “Era uma temporada em que os mais experientes não renderam, terminamos a Superliga com um time sub-23, que não se classificou, mas disputou nove tie-brakes e perdeu oito. Foram jogadores também jovens, naquela oportunidade, que conseguiram buscar seu espaço e projetar suas carreiras”.

   Federal teve iniciativa

Outra revelação: foi a Federal que procurou o Flamengo para propor a parceria. O primeiro encontro ocorreu em 29 de dezembro de 2014. Mesmo não “vingando” para esta Superliga, a parceria pode ser iniciada com ações conjuntas entre clube e entidade.

“Antes do Flamengo, chegamos a conversar, há uns dois anos, com o Botafogo, mas na oportunidade o clube queria apenas empresar a camisa, dar o nome, e essa situação nunca consideramos interessante. Tanto que na primeira reunião com o clube rubro-negro, o Gerente de Esportes Olímpicos, Marcelo Vido, eles deixaram claro: “Não queremos só emprestar o nome”, e nós também colocamos como primeira condição: “A UFJF também não quer apenas emprestar a estrutura”.

A respeitabilidade de Marcelo, por sua trajetória no esporte, e a austeridade com que o Flamengo tem tratado suas finanças foram citados novamente como fatores positivos nesta aproximação com o clube carioca.

   Flamengo: “Sem aventuras”

De acordo com matéria publicada sexta-feira, no Blog Saque, do jornalista Daniel Bortoletto, no Lancenet, Marcelo Vido, diretor de esportes olímpicos do Flamengo, afirma: “Vamos entrar caso tenhamos recursos. Sem aventuras, sempre com os pés no chão e dentro da política que o Flamengo apostou.  Hoje a situação está indefinida. Não temos um prazo para dar uma resposta, mas creio que tenhamos uma definição nas próximas duas semanas”.

O dirigente completa: “Estamos correndo muito atrás. Mas o mercado está difícil. Ninguém esperava que ele estivesse tão retraído, consequência do momento geral do país. O nosso marketing montou uma força-tarefa no mercado em busca deste patrocinador. Mas efetivamente o cenário, não apenas para o Flamengo, está bem complicado. Fomos muito bem recebidos pela CBV, temos o sucesso do time de basquete como exemplo… Tomara que a coisa ande – comentou Vido, reforçando que faz reuniões semanais com o staff da UFJF sobre a situação”.

Em nome do Panathlon Club Juiz de Fora, presidente Cláudio Esteves recebe uma camisa do Vôlei UFJF
Em nome do Panathlon Club Juiz de Fora, presidente Cláudio Esteves recebe uma camisa do Vôlei UFJF

 

 

Texto: Ivan Elias – Toque de Bola e associado ao Panathlon Club de Juiz de Fora

Fotos: Toque de Bola

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