O New England Patriots derrotou o Seattle Seahawks por 28 a 24 e conquistou o Super Bowl 49. É a quarta vez que o time liderado por Tom Brady, marido da top model brasileira Gisele Bünchen, leva para a casa o troféu Vince Lombardi. A grande decisão da NFL (National Football League) foi realizada no estádio University of Phoenix em Glendale (EUA).
Até aqui, quem acompanha a modalidade já sabe. O diferente da história é que a partida-espetáculo mudou a rotina de mais de 100 fãs da bola oval em Juiz de Fora. A noite do domingo foi reservada para uma sessão especial de cinema. Em cena, a grande final da temporada do futebol americano. E o Toque de Bola marcou presença.
A transmissão do maior evento esportivo dos Estados Unidos levou 116 pessoas até a sala 2 do cinema do Independência Shopping. O jogo transmitido em cadeia para 33 cidades do país via satélite pelo canal ESPN teve a narração de Rômulo Mendonça e os comentários de Paulo Mancha exclusivos para quem foi assistir na telona. A interação com o público foi mais um diferencial.
Público eclético
Ainda na fila para entrar na sala, o clima era de muita euforia. Nem todos que estavam ali torciam para Patriots ou Seahawks. Torcedores do New York Giants, Dallas Cowboys, Cleveland Browns, Denver Broncos, New York Jets, San Francisco 49ers, entre outros, marcaram presença para assistir ao grande momento do futebol americano. Um público eclético, gente de todas as idades e até novos adeptos foram assistir pela primeira vez a um jogo de futebol americano.
Dupla pelo Patriots
Álvaro Correa e Leonardo Lattari, ambos de 14 anos, foram torcer pelo Patriots. Leonardo morou quatro anos em Boston, cidade que faz parte da região de New England, mas lá torcia pelo New York Giants. A mudança para o Brasil fez também com que ele mudasse de time por influência do seu amigo Álvaro. A dupla é fã de Tom Brady e Rob Gronkwoski, “Sem dúvida vai ter uma conexão Brady-Gronk para touchdown”, afirmaram.
“Ano que vem…”
Jorge André, 32 anos, é torcedor do Cleveland Browns, acompanha o esporte há muito tempo, declarou que torceria pelo quaterback Russel Wilson e o runningback Marshawn Lynch de Seattle, e planeja marcar presença no Levi’s Stadium no próximo ano: “Wilson e Lynch vão arrebentar. Ano que vem estarei no Super Bowl 50 na Califórnia”, projeta.
Quebra da rotina
No início do jogo, os espectadores faziam tudo que não é recomendado em uma sessão de cinema. Gritavam, usavam o celular e faziam barulho a cada boa jogada das equipes. Dentro da sala, mesmo quem não torcia pelos dois finalistas escolheu um lado. Mas tinha gente que estava alheio a tudo isso, apenas esperando o intervalo do jogo.
Família vai só pelo “show”
Era o caso da família Filgueiras, o casal Pedro Paulo e Sara levou as filhas Gabriela e Eduarda para acompanharem o mega show de 13 minutos da cantora Katy Perry. A pop star americana entrou no campo sobre um tigre dourado gigante, sobrevoou o gramado em uma estrela cadente e ainda teve a companhia de Lenny Kravitz e Missy Elliott no palco. Pouco depois de encerrado o show, a família deixou a sala.
JF Mamutes: o futebol americano em Juiz de Fora
O esporte da bola oval vem ganhando cada vez mais adeptos e importância no Brasil, que inclusive conquistou uma vaga inédita para a Copa do Mundo da modalidade. Juiz de Fora segue essa tendência. Caio Munck, torcedor dos Seahawks, é um dos fundadores do JF Mamutes, time amador formado há dois meses e que está crescendo a cada treino: “O futebol americano na cidade está crescendo cada vez mais, cada treino estão indo mais pessoas e estamos confiantes com o desenvolvimento do time”, comenta.
Caio explica que tudo começou como uma brincadeira entre amigos. Ele espera que até o fim do ano ocorra pelo menos um amistoso para o time e faz o convite para quem quiser fazer parte do projeto: “Começou como uma brincadeira, mas acabou ficando séria. Os treinos são realizados todo domingo, das 9h às 12h30, no campo do Poço Rico. Quem quiser ir, vá com a roupa mais confortável possível, bermuda, camisa e chuteira com trava para não escorregar. Não precisa se preocupar porque no começo nós pegamos leve justamente para quem está chegando pegar o gosto pelo esporte e voltar. É de graça, mas já estamos buscando patrocínios para formar um time e disputar campeonatos nas modalidades no-paddle e paddle (sem proteção e com proteção)”, explica.
Renata: sem tratamento especial
Além de Caio, mais dois participantes do time estavam presentes na exibição. Gabriel Santos, torcedor do Houstan Texans, apostava no talento de Tom Brady, e Renata Venturini, a única mulher que participa dos treinos do JF Mamutes, torcedora do Dallas Cowboys, conta de onde vem à paixão pelo futebol americano e como é atuar em um esporte que exige tanto contato físico: “Eu assistia aqueles seriados que passavam na TV quando era pequena e sempre falavam de futebol americano e aí me interessei. Nos treinos eles não pegam leve comigo não, jogam e me tratam normalmente, nada de tratamento especial. Isso é bem bacana”, conta.
Emoção no fim e balanço positivo
Com o jogo chegando aos instantes finais, os espectadores da Sala dois estavam tensos, roendo as unhas. Seattle estava na frente pouco mais de seis minutos para o fim, mas a bola estava com o Patriots. Tom Brady liderou a equipe e encontrou Julian Edelman na end zone para virar a partida e colocar a vantagem em quatro pontos com dois minutos no relógio.
Era tempo suficiente para Russell Wilson e seus companheiros marcarem um touchdown. A vibração e euforia do começo da partida deram lugar ao silêncio e nervosismo de uma grande decisão. Faltando apenas cinco jardas para a end zone, com 20 segundos no cronômetro, a melhor opção seria entregar a bola na mão de Marshawn Lynch, principal estrela do ataque e um dos responsáveis pela presença da equipe na final. Só que Wilson lançou a bola na direção de Ricardo Lockette, que estava entrando em diagonal na end zone, e acabou sendo interceptado pelo novato cornerback Malcom Butler, destruindo o sonho do, até então, atual campeão Seattle conquistar o bi, e garantindo o tetra do New England Patriots com a vitória pelo placar de 28 a 24.
Depois desse lance, uma briga generalizada entre os jogadores das duas equipes ocorreu no gramado, mas logo foi contida e não apagou o brilho de uma grande decisão como o Super Bowl.
Astaire Crassano assistiu pela primeira vez a uma partida de futebol americano e disse que gostou do que viu, principalmente a organização e a mega produção do evento: “Foi a primeira vez que parei para assistir a um jogo inteiro e achei bem bacana. Muita emoção e reviravoltas durante o jogo prendem a atenção. Mas a visão mercadológica e a organização desse evento pela liga são impressionantes. O investimento só faz o esporte crescer pelo mundo”, comenta.
O gerente do cinema, Marcelo Luis Rodrigues, explicou como foi feita a preparação para a transmissão do Super Bowl 49, declarou que a procura foi muito grande e o resultado, positivo: “A preparação e os testes para fazer essa transmissão ocorrem com uma semana de antecedência para ver se está tudo certinho, som e imagem, porque é via satélite. A procura foi enorme, já fizemos eventos parecidos, como a final da Champions League (Copa dos Campeões da Europa no futebol) da temporada passada, jogos do Brasil e a final da Copa do Mundo, e fiquei surpreso com a quantidade de pessoas que assistiram. Manteve a média de público desses grandes eventos”, declarou.
Texto: Guilherme Fernandes
Fotos: Toque de Bola