“Agora é todo mundo mais humilde do que nunca. Em fevereiro, começa a Libertadores. Se tinha Pelé e gênio aqui, não tem mais. Todo mundo vai voltar à escala zero. Desse Mundial, sai o favorito para o bicampeonato da Libertadores. Essa é minha humilde opinião. A derrota é muito dura, tudo é muito duro. E ela é proporcional à alegria de quando nos candidatamos a vir pra cá. Demos o azar de pegar um time embalado em casa. Não viemos pra jogar com o time da casa. Não tem jogo de ida e volta. Foi o pior jogo do ano do Atlético. Mas não quero transformar o ano de 2013 numa tragédia”, analisou duramente o presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil, após a derrota desta quarta, 18, por 3 a 1 para o Raja Casablanca, em Marrakech.
A atuação abaixo do nível do clube mineiro na partida do Mundial de Clubes levou os marroquinos à final da competição, acontecimento que surpreendeu o mundo, repetindo o ano de 2010 com a vitória do congolês Mazembe, zebra da edição, sobre o Internacional na semifinal do mesmo torneio. O Atlético Mineiro ainda tem compromisso sábado, às 14h30, horário de Brasília, em Marrakech, na disputa pela terceira colocação do Mundial, contra o chinês Guangzhou Evergrande.
Kalil não considerou o resultado como uma tragédia, lembrando da goleada de 6 a 1 sofrida para o Cruzeiro no Campeonato Brasileiro de 2011. “Vamos acordar muito mal, com muita dor no coração. Queríamos estar na final. Mas tragédia foi aquela derrota de 6 a 1, o pior momento da minha vida como atleticano. Agora, não. O que aconteceu foi que entrou um time de 11 caras que sabem jogar bola e já eliminaram outros. Vamos ver o tamanho da tragédia sábado”.
Segunda derrota de Ronaldinho
Após sofrer uma lesão no Campeonato Brasileiro e correr contra o tempo para conseguir jogar no Mundial de Clubes, Ronaldinho Gaúcho garantiu presença em campo e fez um belo gol em cobrança de falta, o que, entretanto, não foi suficiente para disputar a aguardada final contra os alemães do Bayern de Munique.
“A expectativa era muito grande. Foi um ano maravilhoso para nós, entramos para a história do clube. Mas é duro aceitar”, analisou o número 10 do Atlético Mineiro, na saída de campo após o resultado negativo. “Agora é assimilar e ver o que resta. O jogo foi muito parelho, as duas equipes tiveram muitas oportunidades. Eles concluíram melhor. No final fomos para o desespero. Agora é ter cabeça fria e ver o que resta”, analisou.
O surpreendente placar não foi um acontecimento inédito para o meio campo, escolhido pela FIFA duas vezes como o melhor jogador do mundo. Em 2006, Ronaldinho disputou o Mundial de Clubes pelo Barcelona, no Japão, em 2006. Com um time rotulado como um dos melhores da história do clube, os espanhóis foram à decisão como favoritos contra o Internacional, mas perderam por 1 a 0, gol de Adriano Gabiru.
Saída de Cuca é confirmada
Em entrevista após a partida, Kalil confirmou a saída de Cuca para o exterior e afirmou que os jogadores inclusive já tinham conhecimento desta informação antes do jogo. O treinador recebeu proposta milionária de um clube chinês e deve realizar o anúncio oficial depois da disputa do terceiro lugar do Mundial de Clubes.
Perguntado se isto pode ter influenciado a atuação dos atletas, Kalil tentou amenizar, mas assumiu que a decisão do treinador não foi benéfica ao grupo. “Não tenho esse conhecimento de vestiário, mas logicamente posso dizer que não ajudou em nada. É um negócio que não ajudou, mas não vamos colocar a culpa nisso”, disse.
A derrota para o Raja Casablanca foi classificada pelo técnico brasileiro como vergonhosa, mas Cuca ressaltou o trabalho realizado durante a temporada e lembrou que o Internacional continua como um dos maiores clubes brasileiros, mesmo com a derrota para o Mazembe.
“Muito se falou do Internacional, eles perderam e nem por isso deixou de ser o grande Inter. O Atlético perdeu e nem por isso vai deixar de ser o grande Atlético. É vergonhoso, claro que é. Os torcedores não mediram esforços para estar aqui com toda dificuldade e frustramos o sonho desse torcedor”, comparou o treinador.
Cuca ainda enfatizou a manutenção da metodologia de trabalho no Mundial e a consistente atuação do adversário. “O futebol é assim, não é o maior que vai ganhar sempre do menor. Tudo que a gente passa para eles é minucioso e detalhado, jogador por jogador. Foi feito tudo que a gente sempre faz. Eles se defenderam muito bem e é um time muito veloz. Contra com uma equipe rápida você precisa segurar algumas jogadas com aquela falta natural”.
Rivais festejam
Pouco depois da partida, os torcedores do Cruzeiro começaram uma festa em Belo Horizonte para ironizar os rivais. Dezenas deles se aglomeraram em uma famosa avenida da capital mineira com o nome sugestivo: Raja Gabaglia, sobretudo em frente a um shopping da região. Por lá, os cruzeirenses colaram fita adesiva na placa que indica o estabelecimento e mudaram o nome para Casa Raja Blanca.
Texto de Bruno Kaehler com informações de agências
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