Ansiedade. Essa é a palavra que resume o coração dos torcedores do Flamengo nos próximos dias. A final da Copa Conmebol Libertadores da América, diante do River Plate, ocorre no próximo dia 23, em Lima, no Peru. Como de costume em grandes eventos esportivos pelo mundo, Juiz de Fora, mais uma vez, poderá estar representada.
Thiago Fávero, de 27 anos, tenta ser um dos mais de 60 mil torcedores aguardados nas arquibancadas do Estádio Monumental de Lima. Além dele, Eduardo Calais, Luiz Guilherme Fávero, Danilo Rodrigues e Tiago Alves fazem parte do comboio para o Peru. Não tem sido fácil, e deve piorar. Em entrevista exclusiva ao Toque de Bola, o juiz-forano revelou todos os detalhes da saga “rumo a Lima” para acompanhar o rubro-negro na decisão do torneio continental.
“Sabia que a gente ia passar”
Mesmo com o bom desempenho do time durante todo o segundo semestre, a euforia não tomou conta dos rubro-negros. O respeito pelo Grêmio, adversário da semifinal, retardou a compra dos ingressos e as consultas de logística, pelo menos antes da partida de ida.
“Quando o Flamengo passou do Inter, eu tinha combinado com dois amigos meus de comprar passagem para o Chile de uma vez, além da hospedagem. Aí começamos a olhar os preços e, logo de cara, recuamos. Mas não por valores, e sim porque ficamos com medo de não passar do Grêmio, confesso”, disse Fávero.
Após o empate em 1 a 1 no Rio Grande do Sul, Thiago deixou o lado comedido e disse que tinha certeza que o Flamengo iria para a final. Assim, ele decidiu, de vez, adquirir um bilhete para a decisão, mas não encontrou alternativa viável.
“Passado o jogo de ida contra o Grêmio, eu comecei a amadurecer a ideia por pensar nos 38 anos sem chegar na final e no meu sonho de criança que era ver o Flamengo campeão da Libertadores, ainda mais no estádio. Comecei a pensar em alternativas para comprar o ingresso e a principal delas foi fazer o upgrade de plano de sócio-torcedor. Depois do jogo de Porto Alegre eu já sabia que a gente ia passar. O que ainda me deixou com o pé atrás foi pensar que o Flamengo não ia dar o direito de compra a todos os membros do plano (o mais completo contempla até quatro torcedores, mas só um, por plano, conseguiria comprá-lo)”.
Hora de dar um jeito
Sem saber o que fazer, Thiago fez contato com um amigo para saber se ele iria ao jogo. Foi aí que a sorte sorriu para o juiz-forano.
“Um amigo meu, também de Juiz de Fora, já tinha feito um upgrade para poder ir ao jogo contra o Grêmio, que eu não consegui ir por ser de um plano básico. Entrei em contato e ele me disse que não iria para o Chile, e nenhum parceiro associado dele utilizaria a conta. Ofereci um valor para eles para que eu obtivesse o código para comprar o ingresso no site da Conmebol, eles aceitaram e eu comprei o ingresso. Quando parei pra pensar, vi que eu tinha que dar um jeito de ir para o Chile”.
Alô, Lima!
No último dia 5, em reunião na sede da entidade máxima do futebol sul-americano, ficou decidido que a partida fosse transferida para a capital peruana (clique aqui e veja os direitos do torcedor em matéria especial do Toque de Bola ) por conta da onda de protestos de cunho político que toma conta de Santiago, capital chilena e, inicialmente, palco da decisão. A incerteza fez com que Thiago e os amigos repensassem toda a logística da viagem inúmeras vezes.
“Quando saiu a notícia da organização da maior manifestação da história do Chile no dia da final, eu já comecei a imaginar que a Conmebol iria mudar o local. É muito perigoso realizar um jogo desse tamanho nessas condições. Quando foi anunciada a reunião para definir essa questão, eu já esperava a mudança de cidade. Tive falta de sorte também porque só vi que tinha mudado a sede muito depois da decisão. Quando entrei no site de compra de passagens ainda estava barato, mas quando fui finalizar a compra recebi a mensagem de que não havia mais poltrona disponível no voo. A partir daí foi só subindo, subindo, a ponto de ter passagem custando R$ 19 mil, um absurdo”, revelou.
E agora?
Ainda sem saber como, a expectativa de Thiago e seus amigos é conseguir chegar a Lima para acompanhar o Flamengo.
“Nossa estratégia agora é manter a calma. Já conseguimos os ingressos de novo. Já olhamos a possibilidade de ir até La Paz (capital da Bolívia) e depois ir para Lima. Outra opção é pegar um voo que faça conexão em Lima e descer lá mesmo, ‘perdendo a outra perna do voo’. Temos encontrado alguns voos com escalas maiores, como de 12 horas, que estão mais em conta. Hospedagem lá também é barato. Vamos ver como vai ser isso, mas queremos muito estar lá”, finalizou.
Texto: Toque de Bola – Pedro Sarmento
Fotos: Arquivo pessoal/Thiago Fávero