Ricardinho elogia Diego, detona CBV, acha que projeto do Maringá acaba e consulta família sobre aposentadoria

Principal nome da seletiva que apontou o JF Vôlei como vencedor e dono da vaga para a próxima Superliga masculina de vôlei, o levantador Ricardinho, que também é presidente da equipe Copel-Telecom-Maringá, fez um longo desabafo após a derrota do sexteto paranaense no ginásio da Faefid, na quarta-feira, 30, ainda na transmissão da web rádio do Toque de Bola.

Sem tirar os méritos do JF Vôlei em nenhum momento pela situação – “ganhou dentro da quadra” – e apontando o saque de Diego no segundo set como fundamental para a reação juiz-forana na partida, fez muitas críticas à Confederação Brasileira de Voleibol, com frases como “É um absurdo o que a CBV vem fazendo com os clubes” e “Eu acredito que essa seletiva não deveria ter acontecido”.

Revela que ao perder a vaga na Superliga A, certamente o Maringá não terá mais patrocinadores: “Acho que a equipe vai acabar”. O atleta analisou também a possibilidade de encerrar a vitoriosa carreira – campeão olímpico e uma série de títulos, principalmente pela seleção brasileira: “Tenho que pensar com as minhas filhas e com a minha esposa para decidir”.

Ricardinho desabafou após a partida, ainda durante a transmissão ao vivo pela web rádio do Toque de Bola
Ricardinho desabafou após a partida, ainda durante a transmissão ao vivo pela web rádio do Toque de Bola

  Leia a íntegra do depoimento de Ricardinho ao Toque de Bola:

Péssima temporada

“A temporada (do Maringá) foi péssima, obviamente. Tivemos altos e baixos, fomos rebaixados, perdemos jogadores, tivemos problemas físicos. Eu mesmo fiquei de fora praticamente quatro meses fora. Agora é ver o que vai acontecer, infelizmente eu acho que a equipe vai acabar porque os meus patrocinadores são apenas para disputar a Série A. Então, com certeza as coisas vão acontecer depois da quinta, sexta-feira.”

“Mando de quadra pesou”

“A partida começamos muito bem. Fizemos um primeiro set bom, o segundo também, mas aí eles (JF Vôlei) fizeram uma boa sequência de saques com o Diego, colocou a nossa recepção em dificuldade. Vencendo por 21 a 18, eles viraram para 24 a 21. Ali o jogo se transformou completamente, a equipe completamente nervosa dentro de quadra, é inexperiente, não está acostumada a jogar decisão. Entendo a situação deles, já passei por isso, sei do nervosismo, do medo de estar ali dentro sob pressão. Obviamente o mando de quadra pesou muito, a torcida quase dentro de quadra, apoiando, fez a diferença.”

Carreira 

“Sobre a minha carreira tenho que pensar com as minhas filhas e com a minha esposa para decidir. Muito triste pelo que está acontecendo agora, acho que não deveria acontecer dessa forma, nem pelo meu time, nem por outro. Mas não adianta falar. Na verdade, adianta, porque prova que são poucas pessoas que falam”.

Absurdo da CBV

“É um absurdo o que a CBV vem fazendo com os clubes. Realmente o que não adianta é que entra no ouvido deles e sai, como se nada tivesse sido dito. É um absurdo as coisas que aconteceram nessa seletiva. Juiz de Fora é uma cidade com tradição no voleibol, embora a CBV talvez nem saiba disso. Não importa se é uma equipe grande ou pequena como a minha. Vocês não sabem como é a luta para manter uma equipe, a dificuldade que é para conseguir colaboradores. E a CBV apronta mais uma com a minha equipe, poderia ser com Juiz de Fora, poderia ser com qualquer outra, e ninguém liga. Simplesmente vai acabar uma equipe, ai vai começar outra e as coisas vão acontecendo e ninguém faz nada. Infelizmente o nosso voleibol era o melhor do mundo e hoje não é mais. A Confederação tem que reavaliar o que aconteceu nessa seletiva, e, pelo amor de Deus, não é nada contra Juiz de Fora, que mereceu a vitória, ganhou dentro de quadra, não é realmente choro. É uma tristeza porque eu tenho o meu projeto, tenho os patrocinadores para a próxima temporada, mas não jogo a Série A, então eu não posso jogar. A preocupação deveria ser com as equipes menores, de quinto ao 12° lugar. Reunir, ver quem tem condição de participar, reunir com os times da Série B, porque às vezes eles não querem jogar a Superliga A. É só questão de sentar e conversar. Infelizmente agora eu estou fora, mas espero que aconteça.”

“Não fazem nada para ajudar”

“Eu acredito que essa seletiva não deveria ter acontecido. A CBV nem sabe dos sufocos que a gente passa, se bobear nem sabe o que está acontecendo aqui. Eles não colocam empecilho, eles só deixam acontecer e não fazem nada para ajudar e acontece uma situação que prejudica alguém e fica elas por elas. As coisas vão passando, ficando no passado e para eles tanto faz. Não é empecilho que eles colocam, eles simplesmente não fazem nada para ajudar. Eles não sabem do nosso teto furado, que as vezes acontece, aí tem que pedir para a Prefeitura arrumar, e para isso precisa de uma licitação que demora três meses para ser liberada. Enquanto eles poderiam muito bem ajudar a estrutura do ginásio. O produto é deles, isso tudo é deles, e eles deveriam ajudar. Eu só quero que o voleibol cresça. Jogo esse esporte há 32 anos, e amo o voleibol. Devo tudo a esse esporte e preciso aprender que as pessoas não amam tanto quanto eu.”

“Vendem muito mal um produto que é deles”

Não estou indo contra a CBV, só quero que o voleibol cresça. Eles tinham que olhar um pouco mais para tomar decisões que não prejudiquem as equipes, como prejudicou a nossa. “Ah mas se vocês ficassem em décimo lugar não passariam por isso”. Concordo, mas é um problema nosso, que não conseguimos contratar, que tivemos outras dificuldades que eu vou ter que solucionar. Agora, perder uma equipe como Juiz de Fora, que tem tradição, eles podem achar que não, mas tem. A cidade vive o voleibol, assim como Maringá. Eles deveriam ajudar as equipes a se promover porque o produto é deles. Aí reúne um grupo de jogadores, que falam, mas eles não vão escutar, não vai adiantar nada, fica elas por elas e é uma pena. Eles vendem muito mal esse produto, que é deles. Fizeram agora uma seletiva absurda, na minha opinião, se é que conta a minha opinião. Mas prejudicou a minha equipe sim. É uma pena, fica 99% certo que a minha equipe acabe, porque não tenho patrocínio para jogar a Superliga B. Muitas pessoas vão perder o emprego, famílias vão ficar desamparadas, coisa que a CBV as vezes não se toca que tem muitas vidas envolvidas no trabalho.”

 

Entrevista de Ricardinho à web rádio Toque de Bola depois do jogo entre JF Vôlei e Maringá

Edição: Toque de Bola

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Este post tem 2 comentários

  1. Maurício R. Prestes

    Acredito que hoje a CBV realmente deixa a desejar, nem tanto em dar apoio individual a cada equipe, mas e provir meios de que cada uma de conta de si mesma, a falta de divulgação, de retorno de midia, de mais visibilidade, de criacões de ligas a, b, c, d, com em paises da europa. Trabalhei com voleibol em diversos estados, de sc a bh e em todo lugar o problema é o mesmo, dinheiro, porém para o futebol isso fica fácil, com a quantia de competições e retorno de mídia sempre a dinheiro publico disponivel assim como investidores particulares querendo fazer parte desses projetos pois o retorno de imagem e garantido, enquanto em equipes de futebol tem que ser em quadras de medidas oficiais, campos com bom gramado, e os atletas tem que ter sempre ajuda de custo, o que sobra e para as demais modalidades, o que sempre escutei e locais que joguei e fui tecnico é, “não é ideal mas tendo lugar pra treinar vocês ja tem que agradecer, gem gente que nem isso tem”, e assim vai, treinando em arena que tem so pó que nem lembra areia, quadras que a pintura ta toda apagada que tem que usar esparadrapo, redes remendadas, sem caixotes, com 6 a 8 bolas no maximo, sem uniforme de treino, nao quero que a CBV venha aqui melhor e dar treino para min, este é meu trabalho, mas quero que me dêem meios para fazer meu trabalho menos tortuoso, mais agil, me dê mais eventos, me de mais retorno de mídia, permita que meu esporte seja melhor divulgado para que as pessoas queiram investir em min, para que a garotada veja como e o volei e que teram oportunidades de viver dele, nem que nao vivam bem mas que tenha uma ambiente limpo, gostoso, com material, pessoas capacitadas, eventos de qualidade (e muitos eventos), e retorno de imagem. Se a CBV simplesmente fizese sua função, que e provir meios, estimular e incentivar o voleibol… cara na faria muita diferença, e pessoas como agora nem estariam escrevendo esse texto pois com certeza estaria em alguma competição ou me preocupando e treinos para minha equipa para alguma competição de grande importancia que estari participando…

  2. MESSIAS DIOGO DOS AN

    O Ricardinho tem toda razão, não importa a posição que você acaba na Superliga, o importante é estar lá!
    Infelizmente, nenhuma categoria (menores), nem outras divisões tem retorno de imagem, então fica muito difícil conseguir apoio (patrocínio), eu falo com propriedades, pois venho trabalhando a muitos anos com categorias de base e outras divisões inferiores e com bons jogadores, como temos poucos clubes no Brasil jogando a Superliga imaginem quantos jogadores estão desempregados, tendo que jogar fora do Brasil e muitos abandonam o sonho de jogar por falta de oportunidades, poderia até existir a Superliga B, C ou até D, desde que tivessem uma repercussão de mídia (televisiva), muitas empresas estariam correndo atrás para fazer parte de uma equipe de acordo com o potencial de seu investimento… Quantas vezes a gente passa os canais de nossa tv e ver jogos de futebol da série D do “Amazonas”, nada contra desde que as oportunidades fossem pelo menos próximas, isso servem para várias modalidades, assim as Tvs brasileiras estariam incentivando o crescimento do esporte brasileiro e não seriamos uma vergonha olímpica (levando em consideração o tamanho do nosso país e os talentos perdidos no tempo por falta de apoio). Precisamos urgentemente de esportes nas escolas, nas universidades (de qualidade), apoio aos clubes que abrem espaço para o esporte de alto rendimento, etc, etc, etc…Acorda Brasil!

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