Juiz de Fora (MG), 19 de novembro de 2011
Somente quem se acostumou a ver o Tupi jogando no Estádio Municipal vazio é capaz de compreender como a torcida faz diferença. Acompanhar a trajetória do Galo na Série D, principalmente, após a vitória sobre o Volta Redonda, deixava no ar o sentimento de saudade de algo que ainda não tinha visto, como na letra de Índios, de Renato Russo. No caso, foram várias tribos que começaram a tomar conta de Juiz de Fora a partir da classificação para a Terceirona. Uma verdadeira Legião Urbana. O desconfiado torcedor, pouco a pouco, foi assumindo o Carijó. Isso porque o time do técnico Ricardo Drubscky foi capaz de reacender um sentimento de orgulho que Há Tempos não se via por aqui. O sentimento de que torcer para o Tupi durante todos esses anos não foi Tempo Perdido.
Após passar pela Anapolina, o Galo Carijó enfrentaria o Oeste na semifinal da Série D. O elenco não veio a Juiz de Fora após a conquista inédita. De Anápolis, seguiu direto para Itápolis. Surpreendentemente, a partida no interior paulista foi a mais fácil de toda a campanha carijó: 3 a 0. O time jogou com Perfeição. A vaga para a decisão estava bem encaminhada. Somente uma tragédia tiraria o Tupi da finalíssima contra o Santa Cruz. Será? Perguntavam-se os torcedores. Mas a dúvida acabou cedo. Antes do fim do primeiro tempo do jogo de volta o Tupi já vencia por 3 a 0. Brilhou a estrela de Vitinho, autor de dois gols, e de Ademílson, que fez o terceiro e deu os passes para os dois da jovem revelação do Carijó: 3 a 1.
O Tupi estava na final e contra um adversário tradicionalíssimo: o Santa Cruz, que há cinco anos disputava a Série A do Brasileirão e depois foi caindo, caindo… e que agora ressuscitava. Mas Ricardo Drubscky não se intimidou e colocou em campo na partida contra o Coral uma equipe ofensiva. E como “quem acredita sempre alcança”, o Tupi conseguiu uma importante vitória diante de quase 15 mil pessoas que lotaram o Estádio Municipal Radialista Mário Helênio. Um jogo duro, em que prevaleceu mais uma vez o oportunismo de Ademílson, uma espécie de João de Santo Cristo que não morre no final.
Agora, falta a última partida da Série D, que chama a atenção do noticiário esportivo nacional. Como Daniel na Cova dos Leões, o Tupi enfrentará o Santa Cruz no Estádio Arruda com público superior a 60 mil torcedores. Eu Sei que vai ser uma partida duríssima, mas acredito no Alvinegro de Juiz de Fora. Afinal, “Quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração. E quem irá dizer que não existe razão”.
Texto: Thiago Stephan
Foto: Fernando Barbosa / PJF