Raul: ex-goleiro agora revela talentos

Não fosse pela estatura, Raul Plassmann poderia até passar despercebido tal a sua discrição. O uniforme azul do Cruzeiro que veste atualmente – é coordenador das categorias de base do clube – é bem menos chamativo que a camisa amarela que usou por 13 anos na Raposa, considerada extravagante em uma época em que quase todos da posição vestiam preto. De fala calma e baixa, Raul esteve recentemente em Juiz de Fora com times da base da equipe belo-horizontina para disputar uma competição infanto-juvenil.

Sentado no banco de reservas do Estádio Municipal Radialista Mário Helênio, ele concedeu entrevista exclusiva ao Portal Toque de Bola.urante a conversa, o goleiro campeão mundial pelo Flamengo em 1981 revelou se lembrar de ter feito apenas uma partida em Juiz de Fora em toda a sua carreira. Foi nos anos 60, um Tupi e Cruzeiro no Estádio Salles de Oliveira. A partida terminou empatada. Uma das recordações que tem daquele jogo foi de o Carijó ter desperdiçado uma cobrança de pênalti no final do jogo.

Toledo, ex-jogador do Tupi e atual admistrador do Mário Helênio, também estava naquele jogo. Mas disse acreditar que Raul atuou em outra oportunidade da cidade, em uma partida entre o Cruzeiro e a Seleção de Juiz de Fora, no campo do Sport. A partida também terminou empatada.

“Era um Cruzeirão. Além do Raul tinha o Dirceu, o Zé Carlos, Evaldo, Tostão, Natal, Piazza… Na época do Fantasma do Mineirão, o Raul não estava jogando”. Em relação ao pênalti citado, Toledo revela que foi Vicente quem perdeu. “Acho que ele ficou com medo do Raul, que era um monstro dentro do gol. Era um jogador de nível de seleção. E agora está dando uma mão ao Cruzeiro ao revelar jogadores. É isso que o futebol brasileiro precisa. As pessoas que já trabalharam nos clubes ajudarem as divisões de base. Mas estamos vendo ao contrário por aqui”, disse, criticando a falta de investimento nas divisões de base de Juiz de Fora.

No Estádio Municipal Radialista Mário Helênio, Raul nunca jogou. Mas esteve presente em um dos jogos históricos ocorridos no maior palco do futebol de Juiz de Fora. Comentou para um canal de televisão a partida de despedida de Zico em 1989, um Fla-Flu vencido pelo Rubro-Negro por5 a0.  

“Revelar talentos é mais importante que ganhar títulos”

No Cruzeiro, jovens promessas contam com estrutura de time profissional

Segundo o ex-goleiro, o trabalho nas divisões de base tem características do futebol profissional. “Na base é diferente. É bom ganhar, os meninos sentem-se recompensados pelo trabalho que é feito diariamente. Mas o objetivo do clube é revelar jogadores. Muitas vezes você tem que colocar aqueles que não são os melhores em campo para observar e definir se vão ser aprovados ou não. Com isso, o time pode cair de rendimento, já que os melhores ficaram no banco porque já sabemos que eles têm potencial. O objetivo não é ganhar títulos, é colocar os jogadores lá em cima no profissional”, explica o coordenador das divisões de base do Cruzeiro.

Ainda de acordo com Raul, o Cruzeiro conta com um Departamento de Captação para selecionar talentos nos campos brasileiros. “Temos sete observadores que rodam o Brasil inteiro, tudo dentro de um cronograma de visitas que nós fazemos em função de informações que recebemos. Cada observador tem a obrigação em determinado estado. Temos esses observadores e trazemos muitos jogadores de fora”, explica. Ao ser perguntado se algum jogador das equipes que viu interessou ao Cruzeiro, primeiro Raul se esquivou. Depois, disse que dois atletas do CF Zico chamaram a atenção. “Alguns jogadores que aqui estão serão agendados para se apresentarem no Cruzeiro para uma série de testes”, revelou.

Texto: Thiago Stephan

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