Quem foi, lembra! Tupi campeão da Série D 2011

Jogadores do Tupi foram pra galera comemorar no Arruda

  Maior título do futebol profissional de Juiz de Fora, a conquista do Campeonato Brasileiro da Série D pelo Tupi completa 8 anos.

  Por volta das 19h, do dia 20 de novembro de 2011, quando o árbitro Cléber Wellington Abade apitou o fim do jogo, a torcida carijó explodiu pelas ruas e bares de Juiz de Fora com a vitória por 2 a 0, com gols do atacante Allan e do lateral-direito Henrique, sobre o Santa Cruz, em pleno Mundão do Arruda, em Recife, diante de mais de 54 mil pessoas. No meio dessa gente toda em Pernambuco, 32 alucinados torcedores do time juiz-forano puderam ver de perto e celebrar a conquista in loco.

  Na esteira da data festiva celebrada esta semana, o Toque foi atrás de algumas dessas pessoas que estiveram em Pernambuco por conta de uma paixão. Através do sentimento das arquibancadas, relembramos agora o feito histórico do Tupi e a viagem da vida dessa turma.

Desde pequeno

Aos 16 anos, Daniel esteve na decisão da Série D em Recife

  Conselheiro da principal torcida organizada do Tupi, a Tribo Carijó, Daniel dos Santos, se lembra bem do dia da conquista e da sensação. “Estar no Arruda com mais de 60 mil pessoas, e a torcida deles dando show, foi mágico. Ver o Tupi fazendo 2 a 0 foi inexplicável. Ainda mais para quem sempre acompanha e viaja junto com o time. Aquele título ficou muito marcado na história do clube e minha particular”, define. 

  Fanático pelo Carijó, Daniel conta que a ida a Recife começou especial antes mesmo de a bola rolar. “Desde os 11 anos eu viajo, acompanho o time até mesmo fora de casa. Não podia deixar de ir ver o jogo ao vivo. A partida mais importante da história do clube. Não tinha muito dinheiro, estava com 16 anos à época. Juntei uma grana de última hora e fui. Cheguei com mais um amigo no dia da partida, às 5h, no aeroporto. A torcida do Náutico estava esperando o time, que tinha conquistado o acesso. Tiraram fotos com a faixa da Tribo e saímos nos jornais pernambucanos”, lembra-se. 

Torcida do Santa Cruz lotou o Arruda, mas não fez a festa

Outro caminho

  Os jornalistas Juliana Duarte – ao lado da mãe Edinorah Carnout – e Ricardo Miranda resolveram ir à final. Mas, tiveram que percorrer um caminho mais longo do que o planejado. Mesmo assim, pegaram estrada até Belo Horizonte e, de lá, um voo até o Recife.

  “A ida pro Recife começou como uma piada, o jogo ainda distante, eu e mais três amigos colegas de redação, divagando. Em casa, brinquei também com minha mãe sobre a possibilidade. Quando vi os olhos dela brilhando tive certeza que faria qualquer coisa pra vivermos esse momento juntas. Eu e os meninos buscamos preços de passagem, hospedagem, pechinchamos, reservamos o q tinha de mais simples pra caber no orçamento. Daí em diante, a quem dizíamos da viagem nos chamava de loucos”, conta Juliana.

Ansiedade e conquista

Juliana e Edy com o goleiro Rodrigo e o troféu

  No Recife,  ansiedade e apreensão. “Aquele fim de semana parecia mágico. Chegamos à capital pernambucana pouco mais de 24 longas horas antes, com muita ansiedade. Olhando hoje, tenho certeza, nossos corações sabiam que aquele troféu era nosso. Fomos pro estádio em comboio com o time. Na porta, pedradas na van, gritaria, milhares de torcedores do Santa. Temi por nós. Mas entramos em segurança: 15 torcedores escoltados por 10 PMs passando por dentro da torcida adversária. Só ouvia a alegria e certeza deles, apesar da nossa vantagem”, relembra a jornalista.  

  “Até o início do jogo a torcida adversária era só euforia. E começou, jogo nervoso, Santa Cruz deixando claro que não seria fácil . Intervalo e apreensão, mas nós ainda tínhamos vantagem. Quando Allan fez o primeiro gol eu era só grito e choro, e chorando fiquei até o gol do Henrique quando ouvi o som que nunca me esqueci: o do silêncio da torcida do Santinha. Até o fim do jogo ficamos ali, os 30 carijós gigantes diante de 60 mil tricolores”, emociona-se.

Deu certo 

Miranda (abaixo à direita) no Arruda

  Companheiro de viagem de Juliana e sua mãe, Ricardo manteve a promessa e foi recompensado. “Fui parar no Recife para acompanhar meus amigos jornalistas que trabalhariam na cobertura do jogo. Depois de não ter ido a algumas viagens durante a campanha, me comprometi a ir à final onde quer que fosse. Só não imaginaria que seria tão longe. Deve existir uma lista bem pequena de torcedores não pernambucanos com título conquistado no Arruda. Essa foi a principal herança daquela conquista. Nos tornamos um tipo quase único de torcedor.”

   “Lembro de quando entrávamos no estádio. Não havia um portão especial. Como chegamos perto do horário do início da partida, tivemos que ser escoltados até o pequeno local reservado para os torcedores carijós. O grupo da polícia de choque nos levou até lá. Havia uma recomendação para não olharmos para os torcedores do Santa Cruz. Quando terminou o jogo, tivemos que esperar todos os 60 mil torcedores do time da casa saírem primeiro para depois partirmos. Na segunda-feira, voltamos para Juiz de Fora com a certeza de que o Tupi enfim havia dado certo”, completa Miranda.

FICHA TÉCNICA:  

SANTA CRUZ 0 x 2 TUPI

Estádio do Arruda, Recife – final da Série D

20 de novembro de 2011 – 17h

Público Pagante: 54.815 pessoas

Renda: R$ 734.000,00

Gols: 2T – Allan (34 minutos) e Henrique (37 minutos)

SANTA CRUZ: Tiago Cardoso; Eduardo Arroz, Leandro Souza, André Oliveira e Dutra (Kyros); Memo, Wesley, Renatinho e Bismarck (Washington); Tiago Cunha e Fernando Gaúcho (Ludemar). Técnico: José Teodoro

TUPI: Rodrigo; Marquinhos (Adalberto), Wesley Ladeira, Sílvio e Augusto; Assis, Marcel, Luciano Ratinho (Vitinho) e Michel (Henrique); Allan e Ademílson. Técnico: Ricardo Drubscky

Árbitro: Cléber Wellington Abade (SP)

Assistentes: Griselildo de Souza Dantas (PB) e Eduardo Lincoln Neves (RN)

Cartão amarelo: Vitinho (Tupi)

Texto: Toque de Bola – Wallace Mattos

Fotos: Toque de Bola; arquivos pessoais Daniel dos Santos e Juliana Duarte; e Vipcomm

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