Passado de sucesso em Juiz de Fora, presente de conquistas na Tailândia. As carreiras de Pepe, Ramon Pavão, Chiqueirinho e Romualdo apontam estas similaridades e relação dentro e fora das quadras. Os quatro jogadores passaram pelo futsal da Manchester Mineira, chegando a defender equipes como a AABB e Sport Club, e foram eleitos, por equipes diferentes, destaques individuais da penúltima rodada do Campeonato Tailandês de Futsal.
O portal Toque de Bola entrou em contato com os quatro atletas, que relembraram o início em Minas Gerais, destacaram profissionais das quadras juiz-foranas e relataram a vida no 20° país mais populoso do mundo.
O início
Gratidão resume o sentimento do juiz-forano Ramon, de 26 anos, pelos clubes por onde passou: “A minha história no futsal de Juiz de Fora é fantástica! Comecei a jogar com 8 anos de idade. Passei pelo Olímpico, Sport , São Bernardo e AABB, e fui muito feliz nesses quatro clubes, onde criei amizades, ganhei títulos em todos eles e em todas as categorias por JF e região. Sou muito grato a esses quatro clubes!”, conta o jogador do Cat-FC, em sua primeira temporada na Tailândia, após defender o Xaxiense (SC).
Mais experiente e há cinco anos no país asiático, Pepe, 30, é teófilo-otonense, defende o Bangkok FC, time da capital tailandesa, e fez história em Juiz de Fora: “Joguei na Ciclo Dias, de Salinas, sempre contra JF e tinha amigos em comum, o Jonas, Edmar. Me indicaram para o Ivan Gal, treinador da AABB, e fui jogar lá através também do Marcelo, do Toninho e do Marcinho. Em JF disputei a Copa Panorama e fomos campeões, ganhamos de Ubá na semifinal e a final contra Ressaquinha”, rememorou.
Quem também não esquece dos profissionais que fizeram parte da sua trajetória é Marcos Vinicius – o Chiqueirinho: “Joguei de 2007 a 2009 em Juiz de Fora, na equipe da AABB. Hoje agradeço a três grandes treinadores que foram fundamentais em minha trajetória no futsal: Bahia, Ivan Gal e Neto”, afirma o atleta de 30 anos, do ThaiPort, natural de São João Nepomuceno.
Romualdo, ou Roma, como é chamado, é cria do futsal de Visconde do Rio Branco, onde nasceu, se destacou, e acabou indo para a Manchester Mineira: “Depois de uma partida em que eu disputei pela minha cidade, fui convidado por um diretor para jogar no Tupynambás, onde comecei em JF. Depois fui para a AABB, onde fiquei a maior parte dos meus anos no futsal juiz-forano e ainda defendi a camisa do Sport Club, meu último time na cidade”, explicou o jogador de 28 anos do Siripatum/Sisaket.
Professores
Ainda em contato com muitos dos responsáveis pelo crescimento em quadra, os atletas não deixaram de citar o nome de alguns profissionais: “Várias pessoas me ajudaram nessa caminhada. Quando cheguei em JF, meu treinador foi o Bahia, de São João Nepomuceno, onde aprendi muito, porém foi uma passagem breve. Depois foi o Ivan Gal, com quem tive o prazer de trabalhar vários anos e me ensinou muito. Mas não posso deixar de citar a comissão com que ele trabalhava, que tinha como preparador físico Jarbas Duque, excelente profissional, e que sou fã assumido, e o Dudu, treinador de goleiros, sem falar nos diretores Marcelo e Toninho, que dispensam comentários”, elogiou Roma.
“Em JF tive seis pessoas que foram fundamentais na minha vida com o futsal: Toninho e Marcelo, diretores da AABB nos quatro anos que estive lá, e Ivan Gal, Jarbas Duque, Eduardo Lemos e Túlio Franchini, que fizeram parte da comissão técnica, cruciais na minha formação como jogador”, relembrou Ramon.
A seleção
Para Roma, fazer parte dos principais destaques da rodada tailandesa é a confirmação de uma base bem realizada: “Poder representar todos na Liga de um outro país mostra um pouco da qualidade do trabalho que foi feito em JF. E que talvez, com um pouco mais investimento, Juiz de Fora pode ter uma posição de destaque no futsal nacional brasileiro”, opina.
Seguindo o pensamento do companheiro de liga, Pepe exaltou ainda a relação extra-quadra dos quatro atletas: “Estar na seleção da rodada, ainda mais com o Ramon, o Chico e o Roma, para mim é um prazer, uma honra. Foram três jogadores que joguei junto na AABB e Sport de Juiz de Fora. Jogadores de grandes potenciais e é sempre bom estar com os amigos, ainda mais na seleção da rodada. Apesar de sermos adversários, somos grandes amigos aqui em Bangkok. É um ajudando o outro, trouxemos a amizade de Juiz de Fora para cá”.
Além do significado coletivo, a conquista individual vale muito para jogadores como Chiqueirinho e Ramon, que acumulam mais eleições como craques da rodada: “Estou na Tailândia há três temporadas e conseguindo me consagrar esse ano sendo eleito um dos melhores da Liga. Podendo estar cinco vezes na seleção da rodada é uma recompensa pelo trabalho de longos anos e agradeço ao melhor preparador físico que trabalhei em Juiz de Fora, o Jarbas Duque, e o treinador Bahia, de São João Nepomuceno”, festejou Chiqueirinho.
“É uma felicidade sem tamanho, minha primeira temporada aqui, cheguei no segundo turno da Liga e logo na minha estreia fui para a seleção da rodada e agora na última estive novamente! Foi muito gratificante!”, comemora Ramon.
Futsal de respeito
“O futsal tailandês hoje é considerado a segunda potência do futsal asiático, ficando atrás apenas do Irã e junto com o Japão”, contextualiza Romualdo. E Pepe vai além ao destacar o nível do esporte praticado na Tailândia: “Sempre teve brasileiros, se não me engano jogam dez hoje. O Marcos e o Roma, inclusive, foram indicações minhas. O futebol tailandês aprendeu muito com um treinador da seleção espanhola que esteve aqui. Eles aprendem muito. É um futsal muito rápido, porque os tailandeses são baixinhos, então tem menos contato, mas de muita rapidez. E é bem disputado, são quatro, cinco times bons e os outros também complicam”.
Idioma? O problema é a culinária
Se você acredita que a maior dificuldade dos brasileiros é a comunicação, se enganou, de acordo com Pepe: “No início procurei aprender as coisas básicas principalmente no futsal. ‘Direita’, ‘esquerda’, ‘pressionar’. Mas foi tranquilo. A parte da alimentação que é complicada, os meninos sentem muito, porque na Tailândia a culinária é muito apimentada. Agora, o idioma na hora falamos um pouco de inglês, já falo um pouco de tailandês, mas basta você fazer seu trabalho em quadra, fazer gols, ajudar o time, porque essa é a linguagem do futebol, é universal. É estar bem sempre, fazer seu trabalho bem que superamos a linguagem em quadra!”.
Texto: Bruno Kaehler – Toque de Bola
Fotos: Arquivos pessoais/ Divulgação
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