Mariana de Souza, 16 anos, estudante que pretende tornar-se jornalista na cobertura esportiva, enviou ao Portal Toque de Bola um artigo em que comenta a tragédia que vitimou 10 garotos do Flamengo e o que mudou mais de um ano depois do episódio.
Ela é aluna do Colégio de Aplicação João XXIII, em Juiz de Fora.
Segue o texto de Mariana:
“Do sonho à realização:os riscos de ser uma cria da base no Brasil
Em contêineres. Foi assim que o Flamengo abrigou cerca de 26 jovens em seu CT no Ninho do Urubu. No fim da madrugada do dia 8 de fevereiro de 2019, um curto circuito no ar condicionado ocasionou um incêndio que deixou 10 jovens mortos e três feridos.
Mesmo sem alvará, e antes multado cerca de 30 vezes, além de ordenada, em 2017, a interdição, mas sem execução, o clube demorou a tomar providência esperando a inauguração de novos quartos para realocar o alojamento do time profissional, previsto para março daquele ano, e só então levar os jogadores da categoria de base para os dormitórios adequados.
O ocorrido na capital carioca traz a reflexão do quanto é investido em estrutura para abrigar os jovens da categoria de base nos clubes de futebol brasileiro e sua vulnerabilidade.
Os jogadores, em idade de formação, 14 a 20 anos, e que vêm na maioria de origem humilde, quase sempre não percebem os perigos que vivenciam.
Para que de fato estar numa categoria de base seja o primeiro passo da realização de um sonho, os jovens, além de estrutura física, como um bom dormitório para as horas de descanso, devem contar também com alimentação equilibrada, uma equipe de saúde preparada e incentivo educacional.
Será que os clubes e empresários estão preparados ou minimamente preocupados em fornecer este ambiente? Ou será que as “joias” e “promessas” são só vistas como um produto a trazer lucro no futuro? Nesse um ano, algo mudou na percepção da responsabilidade da parte dos dirigentes e empresários?
Ao despertar estas questões, compreende-se que há muito a ser mudado para que o sonho se torne prazeroso, seguro e, de fato, real.”
Texto enviado por Mariana Souza, 16 anos, ao Portal Toque de Bola
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Edição de texto: Toque de Bola