Obrigado, Ponte e Guarani! “Dez”taques do Toque

Guarani x Ponte Preta pelo Campeonato Paulista: o “último jogo”

1 – Para na estrada?

Você é daqueles que quando veem dois times uniformizados em ação num campo de beira de estrada pensam em parar ou até descem do carro?

2 – Agradecer

  Então eu e você temos, desde a última segunda-feira, uma dívida de gratidão com Guarani e Ponte Preta. O jogo do SporTV às oito da noite era a despedida, sem data de volta, desta modalidade que já há um tempo não para por (quase) nada.

3 – Tradição

  Assistir a um jogo destes, mesmo sem público no estádio, não requer nem mesmo uma olhada na classificação atual da competição. Sabemos todos nós, cúmplices do futebol da estrada, que são clubes de grande tradição e já nos apresentaram excelentes jogadores.

4 – Grandes nomes

  O torcedor de alguma idade, paulista ou não, sabe que Guarani e Ponte Preta já nos brindaram com Careca, Zenon, Luisão (no verde), Oscar, Dicá, Rui Rei (na faixa em diagonal).

5 – Vai passar?

  Ainda nessa linha do torcedor que vive o futebol, fisgamos a final do Brasileiro de 1986 entre Guarani e São Paulo, à noite, em Campinas, e todos aflitos sem saber se algum canal (só tinha aberto) jogaria as imagens para a nossa Manchester Mineira (se não me engano, a Bandeirantes – não era Band ainda – transmitiu).

6 – Que Champions League que nada!

  Resultado? Um 3 a 3 (com 2 a 2 na prorrogação!), pênaltis e São Paulo de Careca campeão. Quando visitamos no Youtube os gols e a narração de José Silvério, reavivamos: em muitas situações o torcedor brasileiro não precisava de TV fechada ou Copa dos Campeões para (vi)ver grandes e emocionantes partidas. E, sim, o interior tinha ótimo futebol e sediava uma final nacional, sem tragédias.

7 – De volta ao presente

  Mas o que nos ofereceram, afinal, os atuais Guarani e Ponte Preta na noite de segunda?  Nada espetacular mas ao mesmo tempo tudo que admira o torcedor raiz, muitos deles saudosos de tempos melhores do clube da sua cidade – Juiz de Fora que o diga – ou até dos times de grandes centros que tornaram vexames mais rotineiros que taças.

8 – Dois lá, três cá

  A Macaca, concentrada, abriu 2 a 0 no primeiro tempo, no campo do Bugre, com jogadas aéreas, e como há algum tempo seu rival não anda bem dentro e fora de campo, chegamos a prever um desfecho sem a emoção que nos propusemos a extrair como lembrança do “último jogo”. Na etapa final, porém, o Guarani, como se estivesse atuando com torcida, reagiu, determinado, e virou para 3 a 2. Jogando bola. Construindo os gols de forma organizada. Incontestável.

9 –Deu treta

  No apito final, empurra-empurra, braço lá e cá, cospe aqui se você for homem e o veterano atacante Roger muito revoltado. Foi até surreal. Um sururu de capote sem a desculpa de ter um público incitando confusão. Pode até não ser politicamente correto, mas mil vezes um pega para capar de rivalidade a uma partida que começa e termina sem qualquer lampejo de ver no atleta um “esse aqui eu tenho que ganhar!”

10 – Um novo mundo?

  Obrigado, Guarani e Ponte Preta. Nesse jogo bem jogado em que os dois se propuseram e fizeram questão de tentar ganhar, na bola e até no braço, nos despedimos estranhamente do futebol com aquela velha esperança que, depois do recesso forçado, dirigentes sejam menos tacanhos, treinadores enxerguem melhor e não inventem e jogadores entrem em campo com uma vontade tão grande de ganhar que até desejemos perdoar suas furadas e caneladas. Saúde para todos nós!

(parênteses espantados: e os estaduais brasileiros que não foram suspensos? Será que são deste mundo mesmo?)

Texto: Ivan Elias – Toque de Bola

Foto: Guarani/divulgação

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