Especial: o que só dá para ver e ouvir do gramado

O Toque de Bola realizou uma cobertura especial de Tupi x Caxias-RS, transmitindo a partida ao vivo, em áudio, direto da Cabine 7 do Estádio Municipal Radialista Mário Helênio. Com a narração de Rodrigo Rocha, grande revelação da Faculdade de Comunicação da UFJF, comentários de Thiago Stephan, coordenação de Mônica Valentim, apoio de Igor Rodrigues no plantão e nas redes sociais, e parte técnica sob o comando de Webert Brito.

Nós tivemos a oportunidade de ficar atrás do gol à esquerda das cabines de rádio, e são muitas as situações que chamam a atenção para quem tem a oportunidade de viver o ambiente do jogo mais de perto. De cara, deu para notar que o árbitro Marcelo Alves dos Santos, da Federação do Mato Grosso, não marcaria “qualquer faltinha”.

No início da partida, quando o Tupi buscava espaços para chegar mais perto do gol, parte da torcida já demonstrava impaciência, que aumentou depois do gol marcado pelo zagueiro Lino. “Ele é zagueiro-artilheiro”, nos informou a assessoria do clube gaúcho. Foi o terceiro gol dele na Série C. A torcida “Falange”, do Caxias, colocou no estádio uma faixa de cabeça para baixo. “É parecido com que faz a Portuguesa de Desportos, de São Paulo. Se o time subir para a Série B, a faixa será desvirada”, explicou o assessor.

Com o Caxias na frente, parte da torcida “pegou no pé” de Leo Salino. Dentro de campo, os jogadores demonstravam impaciência sobre erros de posicionamento. Foi o motivo de uma discussão entre Silvio e George, num lance que foi interrompido com impedimento do ataque da equipe vice-campeã gaúcha. Outra preocupação: Wesley e Silvio receberam cartão amarelo em lances semelhantes, impedindo a progressão de contra-ataques gaúchos.

Na saída para o vestiário, no intervalo, Silvio estava tão agitado que até pediu para não dar entrevistas, talvez preocupado em, de cabeça quente, lançar alguma declaração polêmica. O técnico Moacir Júnior deixava claro que ia mexer, e disse que antes do gol o time estava bem na partida.

Na etapa final, os minutos iniciais animaram o torcedor. Com Henrique bem aberto pela direita, o time juiz-forano passou a atacar com mais eficiência, e criar faltas e escanteios consecutivos, até que surgiu o gol de cabeça do zagueiro Wesley Ladeira. “Buiu” comemorou  muito, e Thiago Stephan lembrou, na transmissão, que Ladeira também marcou no Mineiro, depois de o time sofrer três derrotas. E ainda: que Ademilson também deixaria sua marca – o que ocorreu já no final da partida, quando o ídolo carijó empatou a partida, cobrando pênalti.

Do gol de Wesley  até o final, houve de tudo um pouco. Alguns jogadores tiveram o esforço reconhecido, como o lateral direito Alex Travassos, que deixou o campo contundido e recebeu muitos aplausos. Assis, que entrou em seu lugar, logo mostrou a disposição de sempre nas divididas e também foi festejado.

A “cera” dos visitantes criou duas situações. A primeira, um inevitável cartão amarelo para o goleiro Paulo Sérgio antes de uma “longa” cobrança de tiro de meta. E a segunda provocou muita revolta entre os jogadores do Caxias-RS. Numa falta favorável aos gaúchos, houve demora na cobrança. O árbitro então determinou que o Tupi cobrasse a falta, e esta saída rápida pegou a defesa adversária inteiramente aberta. O atacante Fabinho chutou mal, e, também neste mesmo lance, acusou caimbras, deixando o campo para a entrada de Daniel. Todos os jogadores do Caxias partiram para cima do árbitro Marcelo Alves.

Outro lance que quase levantou a torcida. Ademilson veio na corrida, esperando o passe da direita. A bola chegou de fato em seu pé de frente para o gol, mas o atacante chutou longe, por cima. Aí, só quem estava atrás do gol percebeu: no instante que a bola chega ao destino do artilheiro, ela “sobe” no gramado e não dá tempo de Ademilson corrigir o percurso.

Quando o Caxias marcou o seu gol, em chute de longa distância, o torcedor alvinegro não acreditou. Primeiro, pela liberdade que Garroni encontrou para chutar de fora da área. E depois novamente pela “traição” do gramado. Foi gol de montinho artilheiro, e o excelente goleiro Rodrigo se via definitivamente numa tarde de pouca sorte – o primeiro gol saiu de indecisão e falha de posicionamento da defesa, fato muito lamentado pelo treinador Moacir Júnior.

Depois do 2 a 1, time e torcedores entraram em desespero. Seria a quarta derrota consecutiva na Série C, e a segunda – também seguida – em casa, fato que raríssimamente tem se verificado nas boas campanhas carijós recentes, em estaduais e nacionais.

O gol de empate nasceu de mais uma jogada conturbada. Michel, sem um companheiro mais próximo, arrisca a jogada individual, e sofre falta. Na sequência, acaba pisando no adversário. O árbitro espera a confusão em frente ao banco de reservas do Caxias terminar, marca falta a favor do Tupi e expulsa Michel. “Ele achou que eu tive a intenção”, lamentou o lateral alvinegro ao Toque de Bola.

Na cobrança da falta, do mesmo local em que saiu o primeiro gol do Caxias, Wesley Ladeira quase marca de cabeça. No rebote da defesa, o contestado Léo Salino sofre pênalti. E desta vez o árbitro marcou com convicção. Nem aceitou que os jogadores da equipe gaúcha se aproximassem para reclamar. Curioso é que depois do desempate para o Caxias, um dos reservas da equipe, que estava no aquecimento atrás do gol, lançou o alerta: “Cuidado que a partir de agora eles podem inventar alguma coisa contra nós, vamos ficar atentos”.

Pênalti sobre Leo Salino, é o momento de Ademilson cumprir a profecia de Wesley Ladeira e também voltar a marcar em seu palco iluminado – Adê é o maior artilheiro do Estádio Municipal Radialista Mário Helênio. E a cobrança é tensa para a torcida. Ademilson caminha em direção a bola com olhar fixo para o goleiro, e consegue a cobrança perfeita: 2 a 2. Dos males carijós, o menor, pelo menos em função das circunstâncias do jogo.

“Foi uma pena porque o pênalti não existiu”, lamentou Paulo Sérgio logo após o encerramento da partida. Sobre o duelo com Ademilson, reconheceu a qualidade do atacante no momento da cobrança. Já Ademilson lamentou muito os gols sofridos em casa, que impediram o torcedor de deixar o estádio com o mesmo sorriso dos tempos recentes, do título brasileiro da Série D e da incrível arrancada que levou o time à terceira colocação do Campeonato Mineiro, em semifinal contra o Atlético, líder isolado da Série A do Campeonato Brasileiro.

Texto: Ivan Elias

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