Atleta com o maior número de atuações pela Seleção Brasileira de Basquete, Gerson Victalino morreu nesta quarta, dia 29, aos 60 anos. O ícone das quadras e campeão do histórico Pan-Americano de Indianápolis (EUA), em 1987, faleceu em casa em decorrência da doença degenerativa Esclerose Lateral Amniotrófica (ELA).

Trajetória
Gersão, como era chamado, “caiu de paraquedas” no basquete aos 18 anos. Isso porque o gigante de 2,05 se destacou primeiro no futebol, exatamente por conta de sua altura. Em 1979, estreou pelo Ginástico, clube de Belo Horizonte.
Dois anos depois, vestiu a camisa da Seleção Brasileira pela primeira vez no Sul-Americano de Montevidéu, capital do Uruguai. Desde então, se tornou o atleta que mais vezes vestiu a camisa do Brasil. Entre Olimpíadas, Mundiais, Copas Américas, Sul-Americanos e Jogos Pan-Americanos, Gerson fez 93 partidas em torneios FIBA pela seleção.
A despedida da seleção foi realizada na última partida das Olimpíadas de 1992, em Barcelona. O ex-pivô jogou ainda por Monte Líbano, Corinthians, Lençóis Paulista, Jales, Manresa-ESP, Sport-PE e Remo, onde se aposentou em 2002.
A doença
A Esclerose Lateral Amniotrófica (ELA) é uma doença degenerativa do sistema nervoso que enfraquece os músculos e afeta as funções físicas do corpo humano.

No início de 2020, Gerson foi homenageado pela Confederação Brasileira de Basketball (CBB) como um dos nomes das Conferências do Campeonato Brasileiro Adulto. Durante entrevista coletiva no evento, o atleta falou sobre a luta com a ELA.
“Passo por um problema temporário. Sei da gravidade, mas também sei que as lutas vêm na nossa vida para lutarmos e mostrarmos nossas forças. Para os médicos, a cura não existe, mas não posso me apegar no que eles pensam e sim na minha certeza que há um caminho para a cura. Imagina uma coisa que até tempos atrás não tinha cura e hoje tem. Com certeza eu vou ser o primeiro desta moléstia (risos), porque tenho fé em Deus e não me entrego facilmente”, disse o ex-pivô.
Em Juiz de Fora
Em setembro de 2018, Gersão, como também era conhecido, marcou presença no Festival de Mini Basquete, realizado através de uma parceria entre Federação Mineira de Basquete (FMB) e Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Em entrevista exclusiva ao Toque de Bola, Dilson Borges, responsável pela coordenação do basquete na UFJF, a presença de Gerson em 2018 alavancou um grande crescimento no cenário da modalidade em Juiz de Fora e região.
“Foi um grande jogador e que não teve uma representação merecida como um ídolo. Normalmente ele pedia para ir embora mais cedo dos eventos, mas aqui em Juiz de Fora ele ficou até o fim. Foi o sentimento de quem foi muito bem recebido. Na época, estávamos indo para o terceiro festival nesse formato e isso deu um gás enorme ao evento. Todos passaram a se envolver muito mais com a modalidade”, disse o coordenador.

Ainda segundo Borges, apesar de ver nomes como Oscar e Marcel, que foram grandes atletas da seleção, sempre houve uma admiração por Gerson.
“Nunca ouvi alguém falar mal dele. Apesar de jogar com o Oscar, Marcel e companhia, particularmente, sempre admirei o Gerson por sua personalidade dentro e fora de quadra. Quando o conheci foi um prazer muito grande. Que ele possa ser lembrado pelos grandes feitos em prol do basquete brasileiro”, finalizou.
Texto: Toque de Bola – Pedro Sarmento
Fotos: Basquete UFJF; Divulgação/Pan; Barcelona Sports