Apresentado rapidamente pela presidente do clube, Myrian Fortuna, como alguém “que se encaixou ao perfil, ao momento e ao projeto do clube em 2016”, o novo diretor executivo do futebol do Tupi, Gustavo Mendes, foi claro em sua primeira entrevista como contratado carijó: embora tenha sido contratado também para responder pelo futebol alvinegro na Série B do Campeonato Brasileiro, o foco total agora é trabalhar para evitar a queda no Campeonato Mineiro. “Não é hora de falar em Série B. É hora de falar em Campeonato Mineiro. E eu não vou me eximir desse papel de executivo de futebol nesse momento. A hora é de decisão”.
Leia abaixo a íntegra da entrevista coletiva ocorrida na manhã desta quarta-feira, 30, no Estádio Municipal Radialista Mário Helênio. O dirigente explica porque aceitou o novo convite do clube, explicou suas atribuições e garantiu estar bastante alegre e motivado por trabalhar pela primeira vez no futebol mineiro, além de apostar num ótimo entendimento com o treinador Ricardo Drubscky.
Convite:
Já tive um convite do Tupi há alguns anos. Até brinquei com o Pitti que é um regsate. Era pra ter sido lá, aconteceu agora. Tinha saído do Macaé poucos dias antes, algumas pessoas me ligaram perguntando se eu gostaria de conversar com o Tupi. Claro que sim. A Série B é atrativa, o Tupi é um time que está crescendo no cenário nacional. Desafio grande, mas eu gosto desse tipo de projeto, que começa lá de baixo, do zero. Um clube que está se reestruturando. Achei que era importante para mim. Abracei. Depois de conversar bastante, abracei o projeto.
Longa conversa com Drubscky
Acompanho o trabalho dele (treinador Ricardo Drubscky) há algum tempo, já vi palestra, já conversei. Acho que o ele tem uma característica bastante importante, além da qualidade dele como treinador, dos resultados que alcançou e da experiência que tem. Ele pensa o futebol. Pensa a profissão dele. Acho que estamos precisando disso. Eu tento ser assim. Acho que isso faz bem. Ele já teve uma experiência como gestor, isso vai me ajudar bastante. Entende exatamente as minhas atribuições, o que é a gestão, isso tem sido importante. Tive um contato com ele ontem (terça-feira). Jantamos. Conversamos longamente e tem tudo para ser uma convivência bastante exitosa e produtiva. Acho que a gente vai dar certo junto e será uma dupla bem afinada.
Primeiro contato com jogadores
Foi bem rápida, não tem nenhum segredo. Na sede social, antes do treino. Me apresentei, disse as minhas características como gestor e como pessoa que irá conviver com eles no dia-a-dia. Basicamente eu olho no olho. Com a mesma cordialidade e educação, digo sim e não. Dou as minhas opiniões. Nunca me escondo de ninguém. Que eles podiam contar comigo. Que confiança não se impõe, se conquista, e que tinha a certeza que isso ia acontecer. Reiterei que estou aqui para ajudar, ser um facilitador do trabalho deles e da Comissão Técnica. A partir de agora é começar. Ser um facilitador, um resolvedor de problemas, propor coias novas. Neste período, em especial, intervir pontualmente no que for necessário.
A Série B pelo Tupi: desafio?
Já disputei as quatro séries do Brasileiro. Considero que a Série B é a mais difícil, por uma série de características. Logística, a maneira de jogar, o perfil da competição, de muitas datas e um calendário um pouco apertado. Por vezes você joga e fica 11, 12 dias sem jogar, outras joga de quatro em quatro dias, tem um mês na tabela em que nós teremos oito jogos, é complicado. É uma competição extremamente difícil, em que o abismo financeiro também se faz grande, entre os debutantes e alguns clubes que têm contratos particulares de tevê. Isso tudo pesa. Mas é um desafio, e desafio temos que vencer, que trabalhar. Já disputei competição com essas mesmas características e, ao menos numa grande parte dela, foi bem. E tem tudo para ir bem.
O perfil e o que a diretoria pensa para essa competição está bem adequado. Ninguém está sonhando alto demais ou vislumbrando um cenário que não é realista. Dentro disso, temos tudo para fazer um bom papel.
Quero reiterar aqui o mais importante. Claro que vou liderar, ajudar a complementar o projeto da Série B. Mas não é hora de falar em Série B. É hora de falar em Campeonato Mineiro. E eu não vou me eximir desse papel de executivo de futebol nesse momento. A hora é de decisão. São Dois jogos fundamentais. A gente sente o clima de decisão e é para isso que vou trabalhar nessas duas semanas. Unicamente nisso.
Trabalho nas duas semanas anti-queda
Por ser uma semana decisiva, meu diagnóstico vai ser até mais preciso. Fazer um diagnóstico para o projeto a frente. Mas obviamente, como estou no dia-a-dia a parti de agora, posso fazer intervenções pontuais. Vou conversar bastante com a Comissão Técnica e com os jogadores. Vou estar presente com a delegação na viagem, até para conhecer e o que for preciso. Mas claro que será um trabalho provavelmente mais reativo. Não propositivo, que será depois. Quem vier para somar nesse momento, já passei por isso no futebol, alegrias e tristezas, sabemos que é hora de tranquilidade, confiança, de trabalho sério e sereno, para que as coisas caminhem.
Primeira vez, uai
É a minha primeira vez no futebol mineiro. Queria até ter vindo antes para disputar o Campeonato Mineiro, que é disputado, e tem uma questão logística pelo tamanho de Minas Gerais. É um campeonato difícil. Todos que vêm aqui comentam isso.
No ano passado, o treinador Leston Jr chegou também a duas rodadas do final do Mineiro e junto com a diretoria o clube conseguiu melhorar o elenco e o time subiu para a Série B. Como será seu papel nessa transição?
A transição, todo projeto passa por isso. Vamos fazer da melhor maneira. Mas reitero: transição vamos falar daqui a 12, 13 dias. Por enquanto, é Campeonato Mineiro.
Tupi já havia feito um convite em 2009. Por que aceitou agora esse novo convite?
O calendário. Como eu disse, a Série B é atrativa. O momento que eu vivia e que eu vivo, pessoal. Achei que era adequado no momento. Tinha até outras sondagens, outras propostas, mas de longe optei por aqui. A cidade é boa, relativamente perto de casa. Mas basicamente pela Série B. E o que eu ouvi. Quando vim a Juiz de Fora, queira ouvir também da direção e eles queriam saber a minha filosofia de trabalho. Mas eu fiz muitas perguntas também. Queria entender o que me esperava caso a negociação e concretizasse. Saí daqui bastante otimista. Isso pesou bastante na minha decisão. Estou muito motivado. Com muita vontade, estou feliz, vou começar um trabalho de novo bem grande, bem feliz, bem forte, e aço que será bacana. Se não inaugurar a função, mas implantar uma nova metodologia, uma nova função. É sempre um desafio bacana e pode até gerar um legado. Sou um profissional movido a desafios, não a dinheiro. E entendo que isso me motiva mais.
Quais são exatamente as funções que irá desempenhar no futebol do cube?
Essa denominação de diretor executivo foi criada pela Associação Brasileira de Executivos de Futebol. Para que pudéssemos ter uma uniformidade. Há várias funções de gestão no futebol. Logística, administrativa e a de executivo. Tentando resumir: basicamente são três vertentes que eu vou executar. Há uma gestão do grupo de atletas, que pressupõe não só a convivência do dia-a-dia como dar todas as condições de trabalho e pensar nesse grupo como uma formação. A gestão da Comissão Técnica, de ser um facilitador do trabalho, de como vai funcionar, dar uma diretriz de trabalho, implantar e embutir a metodologia do clube. E também uma função administrativa, que é ser um representante da direção, estar no dia-a-dia, tentar implantar uma política administrativa adequada e que caminhe junto com a política administrativa financeira do clube. Basicamente são essas as funções de um diretor executivo. São muitas. Mas é basicamente de gestão, planejamento, de organização. Me preparei para isso, tenho experiência nisso e certeza que vou fazer um bom papel aqui.
Quais são os critérios e o que pensa sobre contratações, questão sempre levantada pelo torcedor, principalmente quando não há boa campanha, como agora no Estadual
Mesmo que se o time estivesse muito bem no Mineiro, já classificado, inclusive, tenho absoluta certeza que qualquer campeonato brasileiro precisa de reforços. Isso é óbvio. Não é o momento de falar disso, mas não vou fugir da pergunta. Utilizo todas as ferramentas disponíveis, converso com pessoas que já trabalharam com os atletas, acho isso fundamental para entender como é o atleta. O atleta é um ser humano, um cidadão, é uma pessoa fora de campo e temos que entender isso. Entendo que as contratações têm que ser estudadas e discutidas com a Comissão Técnica, com a direção. Há o aspecto técnico, o comportamental, o financeiro, negocial, uma série de questões têm que ser levadas em conta e não só o scout. Tudo que pressupõe o scout hoje, é uma coisa muito rica. É uma das ferramentas, um dos pilares que a gente usa. Mas reitero: a hora adequada vai chegar e isso será feito no seu tempo. No momento, é o grupo que está aí que vai reverter o quadro, que tem toda a minha confiança. Desde já.
Observação: Na última pergunta da entrevista coletiva, o dirigente foi questionado sobre alguns comentários de torcedores em redes sociais pelo fato de Gustavo ter sido dirigente do Macaé em 2015 e o clube fluminense não ter sido bem sucedido. “Não tinha falado sobre isso antes. Perdeu-se a autonomia num determinado momento e a partir dali a situação não ficou boa”. O Macaé chegou a estar no G-4 na Série B de 2015, mas não sustentou a boa fase e acabou sendo rebaixado, voltando á Série C.
Texto, foto e edição: Toque de Bola
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