Nos pênaltis, Tupi dá adeus ao sonho do título: “Grupo digno de aplausos eternos”

Não deu para o Tupi. Em novo jogo truncado e sem gols no tempo normal, a vaga na decisão da Série C foi definida nos pênaltis e o meia Marco Goiano desperdiçou a primeira cobrança da equipe juiz-forana, o que custou a classificação carijó. Mais de 17 mil pessoas compareceram neste sábado, 31, no Estádio do Café e festejaram com os jogadores do Londrina a vaga na final.

O lateral-direito e capitão do Tupi, Osmar, lamentou a eliminação, mas valorizou a conquista do acesso e os companheiros de Galo: “O jogo foi um retrato da nossa equipe na competição. Com muitas dificuldades, um time desacreditado do início ao fim e conseguimos uma conquista heroica de levar o Tupi à Série B. Queríamos uma final, mas estou muito orgulhoso por fazer parte desse grupo”, relatou, agradecendo, em sequência, a cada carijó:

“O torcedor foi importante, nos incentivou, apoiou, nos momentos que teve que criticar, criticou e ficamos mais fortes. Que todo esse esforço do grupo possa ser recompensado nos próximos anos”.

        “Saímos de cabeça erguida”

O lateral-esquerdo do Galo, Bruno Ré, titular durante toda a temporada, também ratificou a importância do acesso: “Uma pena o resultado, fizemos dois excelentes jogos. Saímos de cabeça erguida, infelizmente perdemos nos pênaltis, mas a conquista maior foi o acesso. Agora é refletir e pensar no próximo ano”.

        Leston Júnior: agradecimentos, trajetória e futuro

Em entrevista para a Rádio Globo Juiz de Fora após a partida, o técnico carijó, Leston Júnior, analisou o confronto contra o Londrina, exaltou os companheiros de comissão técnica e jogadores comandados e revelou ter recebido propostas logo após o acesso. Confira na íntegra o que o treinador do Galo afirmou depois da eliminação:

“Obviamente que todos queríamos passar para a final, fizemos 180 minutos de igualdade com o Londrina, mas sabemos que o dever foi cumprido e só foi possível porque houve um desprendimento muito grande de qualquer tipo de vaidade. Todos conhecem as condições e limitações estruturais e financeiras do clube, mas isso nunca foi empecilho muleta para nenhum de nós. Sempre arregaçamos as mangas. Gostaria de aproveitar para agradecer a comissão técnica, cada um dentro de seu departamento. Todos foram fundamentais. Pessoal do apoio fantástico. Todas aquelas pessoas que fizeram que tivéssemos mais tranquilidade para conduzir um grupo fantástico”, avaliou Leston, valorizando os profissionais do Alvinegro de Santa Terezinha.

“Esse grupo é digno de aplausos eternos”

“Gostaria de dizer ao torcedor do Tupi que esse grupo é digno de aplausos eternos porque o que fizeram com as condições que foram dadas a eles ao longo do campeonato, conduzir o Tupi até a Série B, é algo inimaginável. Algo que qualquer pessoa em sã consciência, que conheça um pouco de futebol, sabe que não é possível. Só que sem saber que era impossível eles foram lá e fizeram. Passaram por cima de tudo e são dignos de aplausos. Não de uma cidade ou de uma torcida, mas de todos que cruzarem eles pelas ruas. O que fizeram nesse ano pelo Tupi é algo de heróis”, enalteceu Leston.

“Temporada fantástica”

“Para mim foi uma temporada fantástica primeiro pela frustração do Madureira no ano passado. Recusei algumas propostas, mas não de clubes que disputariam a Série C, porque sabia que dava para jogar ela de novo com as lições da temporada passada e o Cloves me oportunizou isso. O principal foi manter sempre o ambiente tranquilo, a paz, uma vez que o trabalho sempre estava acontecendo. E isso é um reflexo do grupo, que nos poucos momentos de dificuldade conseguimos manter a paz interior. A noite é sempre mais escura do que o amanhecer. Nos momentos de dificuldades a gente não fraquejou. Fomos merecedores desse acesso”, contou o comandante.

“A instituição precisa crescer”

Leston voltou a bater na tecla do legado: “Fico muito feliz porque antes da semi contra o Londrina disse que eles tinham o time mais equilibrado, organizado da competição, com jogadores de muita qualidade técnica, maduros. E nós fizemos 180 minutos muito parelhos. Essa classificação tinha que sair mesmo nos pênaltis. Não posso dizer que alguém merecia ter passado, quem foi melhor nos pênaltis tinha que passar. Mas foi o reflexo das equipes na competição. Hoje, tirando as grandes equipes europeias, ninguém joga bonito. Mas tivemos um futebol eficiente e acima de tudo à altura da história desse grande clube. Torço muito para que esse acesso à Série B deixe um grande legado, que é preciso um passo a mais no que diz respeito ao crescimento enquanto instituição. O time um ano pode subir, no outro cair. Mas a instituição precisa crescer. Chegou o momento de absorver o legado que o dia-a-dia traz. E não tenho duvida que no dia-a-dia do Tupi deixamos muitos legados. Um futebol que dentro do campo precisa ser dirigido e trabalhado pelos profissionais do campo, mas que no entorno seja cada vez menos provido de vaidade, coisas pequenas que às vezes enfraquecem o trabalho. Torço muito para que essas pessoas maravilhosas que compõem a direção do clube possam ter absorvido muitas coisas para utilizar na sequência do clube”.

“Vários clubes me procuraram”

O assédio, natural pela campanha, já começou. O ainda técnico do Tupi, no entanto, garantiu não ter conversado, inclusive, com a diretoria carijó – prioridade do comandante – sobre o futuro:

“Vários clubes me procuraram depois do acesso principalmente, mas não conversei com ninguém porque entendia que não era o momento. Não conversei com a direção do clube também. Porque o clube já tinha atingido o objetivo contra o ASA, mas os profissionais não. Queríamos mais um pouco. E não pensei em nada. Na segunda e terça-feira vou dar uma descansada e depois pensar o que é importante para o profissional Leston Júnior e obviamente o que é importante para a instituição Tupi”, encerrou.

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       O jogo

O Londrina começou com a posse de bola e o Tupi com a proposta clara de se defender e sair nos contra-ataques. Até os 35 minutos da etapa inicial, as equipes só chegaram com chutes de longa distância. Em duas vezes o LEC e uma o Carijó. Mas aos 35 minutos, Rafael Gava recebeu na grande área e finalizou rasteiro, obrigando George a fazer a defesa. Faltando dez minutos para o fim, o Tubarão pressionou com bolas aéreas. Vinicius Kiss, Bruno Ré e Fabrício Soares receberam cartão amarelo no primeiro tempo e isso preocupou o zagueiro juiz-forano: “Arbitragem está complicada, toda dúvida ele apita para o Londrina, mas é ter tranquilidade até para eu não tomar o segundo amarelo e ser expulso”, declarou na saída para o vestiário.

No intervalo, o atacante Edmar sentiu um mal estar e teve que ser substituído. Quirino entrou no seu lugar. Porém, a tônica do jogo continuou a mesma. O Tupi se defendia e o Londrina tentava pressionar. A melhor chance da etapa final veio de uma grande jogada de Zé Rafael na ponta direita: o meia tocou para Bruno Batata na pequena área, mas o atacante do LEC não conseguiu o domínio. O time juiz-forano tentava sair em contra-ataques, mas sem levar perigo à meta do goleiro Vitor. Nos momentos finais do confronto, o Tubarão foi todo para o ataque, mas o Carijó se segurou e manteve o placar como começou. Fim de partida: 0 a 0.

A decisão da vaga na final da Série C de 2015 seria decidida nos pênaltis. George, que foi novidade na escalação do Tupi por conta da lesão de Glaysson tinha a chance de virar herói. Porém, o outro arqueiro acabou sendo o destaque. Logo na primeira cobrança do time juiz-forano, Vitor defendeu a batida de Marco Goiano. Bruno Batata, Germano, Paulinho, Netinho e Silvio converteram todas as cobranças e garantiram a vaga paranaense na decisão.

O zagueiro Luizão, autor do gol que garantiu o LEC na semifinal e na Série B de 2016, enalteceu o Carijó e já prega foco na decisão: “Não conseguimos fazer um gol no tempo normal e isso é mérito da equipe do Tupi, mas graças a Deus conseguimos nos pênaltis e agora vamos nos focar na final”, declarou.

Ficha técnica

Londrina  (5) 0x0 (3) Tupi

Estádio do Café

Renda R$162.330,00
12.920 pagantes
17.270 presentes

Arbitragem: Marcio Henrique de Gois, Fábio Rogério Baesteiro e Bruno Salgado Rizo

TUPI: George; Osmar, Sidimar, Fabrício Soares e Bruno Ré, Felipe Alves, Rafael Jataí e Vinícius Kiss, Marco Goiano, Kaio Wilker(Ygor) e Felipe Augusto (Bruno Aquino). Técnico: Leston Júnior

LONDRINA: Vitor; Rhuan, Silvio, Luizão e Paulinho, Itallo (Netinho), Edmar (Quirino), Germano e Rafael Gava, Zé Rafael (Vitinho) e Bruno Batata. Técnico: Claudio Tencatti

Gols Tupi: Osmar, Bruno Aquino e Fabricio Soares

Gols Londrina: Bruno Batata, Germano, Paulinho, Netinho e Silvio

Texto: Guilherme Fernandes e Bruno Kaehler – Toque de Bola, com informações da Rádio Globo Juiz de Fora

Arte: Toque de Bola

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Ivan Elias

Ivan Elias, associado do Panathlon Club de Juiz de Fora, é jornalista, formado em Comunicação Social pela UFJF. Trabalhou por mais de 11 anos no Sistema Solar de Comunicação (Rádio Solar e jornal Tribuna de Minas), em Juiz de Fora. Participou de centenas de transmissões esportivas ao vivo (futebol, vôlei, etc). Apresentou diversos programas de esporte e de humor, incluindo a criação de personagens. Já foi freelancer da Folha de S. Paulo, atuou como produtor de matérias de TV e em 2007 e 2008 “defendeu” o Tupi, na Bancada Democrática do Alterosa Esporte, da TV Alterosa (SBT-Minas). Criou, em 2010, ao lado de Mônica Valentim, o então blog Toque de Bola que hoje é Portal, aplicativo, Spotify, Canal no Youtube e está no Twitter, Instagram e Facebook, formando a maior vitrine de exposição do esporte local É filiado à Associação Mineira de Cronistas Esportivos (AMCE) e Associação Brasileira de Cronistas Esportivos (Abrace).

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