“Havia a necessidade de uma mudança”. Assim, o diretor do Vôlei UFJF, Maurício Bara Filho, justificou a troca na Comissão Técnica da equipe, anunciada nesta terça-feira, 30: a saída de Carlos Augusto Chiquita e a promoção de Alessandro Fadul, até então auxiliar, ao posto de técnico.
Embora em muitos dos jogos mais recentes disputados diante da torcida, no ginásio da Faefid, o comportamento de Chiquita em contatos ríspidos com os jogadores e até mesmo com a imprensa tenha chamado a atenção, Bara não considera que a decisão tenha sido tomada em função de desgaste entre o agora ex-treinador e o elenco.
“Acho que ele chegou ao limite. Eu também quando fui treinador cheguei a esse momento. Não houve um fato específico que tenha determinado a mudança. Sentimos a necessidade de se fazer alguma coisa”.
Reações
O dirigente, responsável pelo projeto do vôlei UFJF, iniciado em 2008 e que agora tem o time disputando sua quarta Superliga masculina consecutiva, contou ao Toque de Bola sobre as reações do próprio Chiquita e dos jogadores com as novidades reveladas no penúltimo dia do ano.
“A conversa com Chiquita foi tranquila. Ele pode ainda contribuir com o projeto, mas sem fazer parte da Comissão Técnica. Vamos ver como ele poderá nos auxiliar”.
Já a reação dos jogadores, ao serem comunicados da troca de Chiquita por Fadul, foi de surpresa, de acordo com o dirigente. “Eles ficaram assustados porque tratamos o assunto com muita reserva”.
Em quadra
Maurício Bara não viu, num primeiro momento, após comunicar a mudança, um elenco aliviado ou satisfeito, em função do desgaste atribuído ao relacionamento entre o ex-técnico e parte do elenco. “Acho que só vamos saber a reação mesmo quando voltarem os jogos, dentro de quadra”.
Opção
Para o dirigente, a opção por efetivar Alessandro Fadul foi natural. “Conhece o grupo, tem experiência”, explica, acrescentando que o bom trânsito de Fadul junto ao elenco também pesou na decisão.
Explosões de Chiquita
Nas transmissões ao vivo dos jogos de vôlei da UFJF pela web rádio do Toque de Bola, o comportamento muitas vezes explosivo do ex-treinador chamava a atenção.
Com o elenco
Durante as partidas, tinha algumas discussões ásperas com jogadores, o que é até de certa forma normal na modalidade. Depois dos jogos, porém, é que a temperatura subia de vez. Ele diversas vezes citava nomes de jogadores que não estavam correspondendo às expectativas e os criticava abertamente, sem rodeios. Chegou a dizer, por exemplo, que alguns jogadores não estavam se esforçando para atacar as bolas levantadas com imperfeição, e que em outras equipes isso era normal, mesmo sem um levantamento ideal o companheiro tentava “consertar” a jogada.
Com a imprensa
Sempre solícito com a imprensa, e mesmo com algumas entrevistas ocorrendo alguns minutos após os jogos, Chiquita demonstrava irritação com alguns questionamentos. Perguntado sobre eventuais problemas de equilíbrio psicológico da equipe ao desperdiçar lances capitais dos jogos, respondeu que não admitia essa hipótese de forma alguma. “O mais inexperiente aqui tem três Superligas nas costas, não me venham falar que é problema de cabeça ou inexperiência”.
Num outro momento, disse a um jornalista que ”leigos” poderiam ver de uma forma diferente, sugerindo que o repórter não estivesse fazendo uma pergunta coerente.
Climão
O registro mais tenso da temporada, em casa, ocorreu após a derrota para São José dos Campos por 3 sets a 1, em 3 de dezembro. O comportamento do time foi tão abaixo da expectativa que não houve entrevistas de qualquer atleta ou integrante da Comissão Técnica da Federal após o jogo, fato que foi criticado pelo Toque de Bola nas redes sociais.
Três dias depois, quando a Federal receberia o Ziober Maringá, o próprio Maurício Bara concedeu longa entrevista ao jornalista Bruno Kaehler, do Toque de Bola, pedindo desculpas pela demora nas entrevistas ao revelar que, no dia 3, deu uma bronca generalizada no elenco e cobrou comprometimento. “Não sabia que a reunião tinha demorado tanto”, justificou.
Veio a partida contra o Ziober e a Federal realizou sua melhor apresentação nos jogos realizados na cidade. Venceu, com autoridade, por 3 sets a 0, determinada e focada, aliviando, naquele momento, a pressão admitida por todos: “Claro que estamos pressionados, estamos no quarto ano do projeto e a cobrança por uma classificação aos playoffs da Superliga é grande”, admitia Maurício antes mesmo do jogo.
Na sequência da temporada, a UFJF seguiu alternando atuações boas e ruins. Terminou o turno na zona de classificação – oitavo lugar, mas já no primeiro jogo do returno perdeu a posição justamente para o adversário que o superou – Canoas, por 3 sets a 1.
Maratona
Com o novo técnico efetivado e sem problemas de lesão no elenco, a equipe segue na sexta-feira, 2, para Montes Claros, onde enfrenta o time do mesmo nome no domingo, 4, não pela Superliga, mas pela Copa Brasil – competição eliminatória que reúne os melhores colocados do turno. Só em caso de vitória fora de casa, a Federal seguirá na Copa Brasil.
De Montes Claros, o grupo segue direto para Campinas, palco da partida do dia 7 contra Vôlei Brasil Kirin, pela Superliga. Três dias depois, novamente pela Superliga, a UFJF recebe o Sesi em jogo que teve horário alterado para 21h30, no ginásio da Faefid.
O returno da Superliga termina em 26 de fevereiro, quando a UFJF receberá o São Bernardo Vôlei.
Mesmo elenco
De acordo com o regulamento, o prazo para novas contratações das equipes da Superliga terminou em 19 de dezembro. Portanto, a UFJF não tem mais como trazer novas peças para o elenco. É torcer para que não ocorram lesões mais sérias em busca de uma reação e a sonhada vaga nos playoffs.
Currículo
A assessoria do Vôlei UFJF divulgou o currículo do novo treinador, Alessandro Fadul:
– Graduado em Educação Física pelo Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA) – 2003
– Pós-Graduado (Especialista) em Ciência do Treinamento Desportivo pela Unigranrio – 2007
– Mestre em Ciência do Movimento Humano pela Universidade Autônoma de Assunção – 2011
– Desde 2011, faz o Curso Nacional de Treinadores Nível IV da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV).
– Trabalhou na área de Avaliação Morfo-Funcional no Botafogo, no Flamengo, no Vasco e na Seleção Brasileira de Voleibol Juvenil Feminino.
– Durante seis anos, foi auxiliar técnico e técnico da equipe de voleibol do Volta Redonda Futebol Clube, pela qual conquistou, entre outros títulos, o Campeonato Carioca (2008/2009 e 2010/2011), os Jogos Abertos Brasileiros (2010/2011), a Taça Rio de Janeiro (2012/2013 e 2013/2014) e foi nono colocado na Superliga Masculina na temporada 2011/2012 e sétimo na Superliga 2012/2013.
Texto: Ivan Elias
Fotos: Toque de Bola e assessoria