No velho alçapão, o agora vovô Nequinha sai do banco, vira o jogo e marca o gol do Fantástico: “Motivação era outra”

HEROIS DE UMA ESCRITA-14

 

 

Um a zero Atlético na segunda etapa de partida no Estádio Salles Oliveira, diante de mais de oito mil espectadores e Nequinha entra com aproximadamente um terço do período final decorrido. Final de jogo, Tupi vence por 2 a 1 com gols do atleta que entrara na última metade do duelo. Explosão nas arquibancadas e dia inesquecível. Este foi o 22 de julho de 1984 dos carijós, relembrado por Nequinha ao Toque de Bola:

“Foi um jogo bastante disputado, campo lotado em Santa Terezinha, no Estádio Salles de Oliveira. Perdíamos 1 a 0, estava no banco e o treinador me colocou aos 15 do segundo tempo. Em uma jogada pela direita, não lembro quem cruzou, fiz um gol de cabeça, o do empate. Depois novamente pelo lado, o Paulinho cruzou, dominei a bola no peito e marquei o segundo gol”.

“Gol do Fantástico”            

O tento que sacramentaria o triunfo juiz-forano foi, ainda, eleito o mais bonito da rodada de partidas na época, repercutindo em todo o Brasil: “O segundo gol foi o do Fantástico. Tinha o gol mais bonito da rodada e esse foi eleito. Foi meu primeiro eleito, muito gratificante. A gente, de time pequeno, fazer um gol no Atlético e ser o mais bonito da rodada, ser divulgado em termos nacionais, para mim foi uma coisa muito satisfatória”, contou Nequinha.

Motivação extra

Nequinha relembra que os jogadores se doavam em campo para manter a sequência invicta na Manchester Mineira diante do Galo de BH:

“Tínhamos essa tradição de não perder para o Atlético em Juiz de Fora. Sempre eram bons jogos e o Tupi tinha um plantel bom. O Atlético também, essa época tinha sido campeão fora do país, não lembro onde. Mas jogando contra times grandes a motivação já era outra e manter essa escrita era uma motivação ainda maior, o que conseguimos por um bom tempo”.

22/07/1984 – Tupi 2 x 1 Atlético – Gols de Nequinha (2) e Roberto Biônico

Estádio Salles de Oliveira – Público: 8.473 pagantes – Renda: Cr$ 24.355,050,00.

Tupi: Gilberto; Evaldo, Ricardo Estrade, Júlio Maravilha, Simão; Isidoro, Manoel e Paulinho, Paulo Lino (Nequinha), Félix, Ronaldo (Paulo Sérgio). Técnico: Augusto Clemente

Atlético: João Leite; Nelinho, Marinho, Luisinho, Miranda; Vitor, Heleno, Reinaldo (Everton), Catatau (Elzo), Roberto Biônico e Éder Aleixo. Técnico: Procópio.

Nequinha: um dos principais nomes da escrita entre Tupi e Atlético nos anos 80 em Juiz de Fora
Nequinha: um dos principais nomes da escrita entre Tupi e Atlético nos anos 80 em Juiz de Fora

Por que Nequinha, Edson?

Edson de Assis, que não sabe quem começou e o motivo do apelido Nequinha, tem 55 anos e hoje está morando em sua cidade natal, Lima Duarte, atuando na Secretaria de Esporte do município, depois de coordenar uma escolinha de futebol.

Conta que teve uma rápida passagem pela base do Atlético Mineiro, aos 15 anos, e voltou a Lima Duarte. Quando estava com 18 anos, recebeu o convite através de Lecy, que era treinador de uma das categorias de base do clube de Santa Terezinha, na época coordenadas por Moacyr Toledo.

Ficou no Tupi entre 1981 e 83, saiu para defender o Alagoinhas (BA), voltou ao Carijó, contribuindo para o time, na época, retornar ao Módulo 1 do Campeonato Mineiro. Em 1987, transferiu-se para o Esportivo, de Passos (MG), e depois ainda atuou por América de Morrinhos (GO), Vitória (ES), até voltar ao Tupi, onde encerrou a carreira.

  Filho cabeça-de-área e netinha

Dos três filhos, os dois homens não repetiram a vocação de futebol profissional. Rafael, 33 anos, é policial e mora em Pouso Alto (MG). Já deu a Nequinha sua primeira netinha, Manuela, de um ano. Edson Júnior, 27 anos, trabalha com serralheria e só joga futebol amador. “É cabeça de área”, define o ex-atacante do Tupi.  Angelina, 6 anos, completa a escalação do time formado pelo hoje vovô Nequinha e sua esposa Cirinéia.

Distante do dia-a-dia carijó, o artilheiro que ficou famoso em 1984 e escreveu seu nome na história centenária do clube hoje tem contatos mais próximos com o ex-zagueiro Júlio Maravilha e o roupeiro Celso Boró.

 

Veja fotos do arquivo particular de Nequinha, enviadas especialmente ao Toque de Bola

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Textos e pesquisa: Ivan Elias, Bruno Kaehler e Guilherme Fernandes (estagiário) – Toque de Bola

Arte: Toque de Bola

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Ivan Elias

Ivan Elias, associado do Panathlon Club de Juiz de Fora, é jornalista, formado em Comunicação Social pela UFJF. Trabalhou por mais de 11 anos no Sistema Solar de Comunicação (Rádio Solar e jornal Tribuna de Minas), em Juiz de Fora. Participou de centenas de transmissões esportivas ao vivo (futebol, vôlei, etc). Apresentou diversos programas de esporte e de humor, incluindo a criação de personagens. Já foi freelancer da Folha de S. Paulo, atuou como produtor de matérias de TV e em 2007 e 2008 “defendeu” o Tupi, na Bancada Democrática do Alterosa Esporte, da TV Alterosa (SBT-Minas). Criou, em 2010, ao lado de Mônica Valentim, o então blog Toque de Bola que hoje é Portal, aplicativo, Spotify, Canal no Youtube e está no Twitter, Instagram e Facebook, formando a maior vitrine de exposição do esporte local É filiado à Associação Mineira de Cronistas Esportivos (AMCE) e Associação Brasileira de Cronistas Esportivos (Abrace).