A atual gestão da Secretaria de Esportes e Lazer (SEL) está reorganizando as atividades relacionadas ao esporte paralímpico em Juiz de Fora.
A expectativa é de que diferentes projetos, incluindo o tradicional JF Paralímpico, façam parte de um quadro muito maior, chamado de Paradesporto SEL.
A meta, que já teve um primeiro passo, é transformar Juiz de Fora em um centro de referência no paradesporto nacional, usando a expertise da SEL, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e de setores que queiram ajudar neste projeto.
O Gerente do Departamento de Práticas Esportivas de Participação e Rendimento, Fernando Seixas e a professora do Programa JF Paralimpico, Adriana Helena Guarino, analisaram o cenário do paradesporto após as paralimpíadas e anteciparam as propostas em desenvolvimento durante participação no Roda de Toque, na webradio Nas Ondas do Toque.
“A gente tem avançado tanto, aprende com eles o tempo todo. Essa é uma das contribuições: com pessoas com deficiência do nosso lado, a gente se torna pessoas melhores nesse mundo. E a gente precisa ter um mundo para todos”, disse Adriana.
Planos para o paradesporto local
Fernando Seixas explicou que, a estimativa é de que 20% da sociedade brasileira são de pessoas com deficiências. Uma parcela da população que engloba deficiência visual, auditiva, mental, intelectual, física, todas com subdivisões e diversas possibilidades.
Atualmente o projeto na SEL atende 100 alunos; antes da pandemia, o número era entre 140 a 150. E pensando no atendimento, Fernando Seixas explicou que a Secretaria estabeleceu dois eixos de atuação ara o próximo ano.
“Um é a capacitação dos futuros profissionais. A gente pensa em fazer cursos para os alunos de educação física para dar a competência para trabalhar com paradesporto, em maio de 2022. O segundo evento é a tradicional Semana Paralímpica, que agora é chamada de ‘Semana do Desafio Paralímpico’, que será em setembro de 2022”.
A carta de intenções
Transformar Juiz de Fora em um centro de referência paralímpica é uma meta. Para isso, o primeiro passo foi o envio de uma carta de intenções ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), antes do encerramento das Paralimpiadas. O documento destaca o trabalho já existente na cidade e o potencial futuro, mediante uma possível parceria com a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), via Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid).
“A ideia é ampliar a política pública para a pessoa com deficiência. A carta de intenções foi escrita a quatro mãos, pela SEL e pela UFJF, e enviada em setembro para o CPB. O intuito é atrair pra Juiz de Fora o centro de referencia paralímpico brasileiro a partir de 2022, se tudo correr bem”, explicou Fernando Seixas.
O projeto ainda está em fase inicial, dependendo não apenas da avaliação do CPB, mas também da tramitação dentro da própria UFJF. Se vier o sinal verde, começa a fase de estruturar os trabalhos, entre eles, o paradesporto escolar, envolvendo instituições das redes pública e privada.
“Tudo correndo bem, a carta de intenções avança para um projeto com detalhamento e ampliação, inclusive do paradesporto escolar, com os profissionais trabalhando dentro da própria escola. A gente sinaliza um início pequeno, para ampliar com o tempo e chegar a 150 crianças, jovens e adultos com deficiência”.
Em setembro, a carta de intenções foi aprovada por unanimidade na reunião de Conselho da Faculdade de Educação Física e Desportos (Faefid). Agora o documento foi encaminhado para a tramitação interna na administração da UFJF. Fernando Seixas reforçou a importância de ter a participação da instituição desde o ponto de partida desta iniciativa.
“A aplicabilidade vai ser discutida com os envolvidos. A intenção estabelecida nessa parceria aponta encontro de projetos. A Faefid tem professores gabaritadíssimos e muita experiência na aplicabilidade prática, não só na pesquisa e também as instalações. gente entra com o conhecimento, experiência com a capacitação dos nossos professores, que estamos prevendo para 2022”, comentou.
As Paralimpíadas e o exemplo de Gabrielzinho
As Paralimpíadas movimentaram os grupos de whatsapp do JF Paralímpico. Como antecipou na participação no programa Garotas no Toque, Adriana Helena Guarino, destacou que os alunos foram incentivados a acompanhar o evento, em especial, os esportes que praticam.
“Foi muito bacana, porque os nossos alunos todos comentavam em tempo real. Foi muito bom. Quando eles não conseguiam assistir, a gente replicava as provas, especialmente, das modalidades que trabalhamos”, contou.
Sobre um dos destaques da competição, o nadador Gabriel Araújo, Adriana Guarino aponta como o jovem de Corinto que treina pelo Clube Bom Pastor pode influenciar outras pessoas.
“Gabriel foi um sucesso. Ele brilhou. E isso repercute para ele ser motivador para outras pessoas com deficiência, até nas falas. A medalha traz o reconhecimento, mas o mais importante é ser a referencia para outras pessoas com deficiência e Gabriel traz isso muito forte na fala dele”.
O Gerente do Departamento de Práticas Esportivas de Participação e Rendimento, Fernando Seixas, concorda que o impacto dos feitos de Gabriel Araújo pode ter efeitos duradouros para o esporte e o paradesporto.
“A repercussão das conquistas do Gabrielzinho vai fazer a diferença daqui pra frente. O mais bacana é mostrar as possíveis capacidades para a deficiência. Numa sociedade capacitista, o que a gente vê primeiro é a incapacidade da pessoa. Quando o paratleta se torna um ídolo, como o Gabrielzinho, ele mostra que a pessoa pode ir além. As pessoas conseguem enxergar possibilidades quase infinitas”, afirmou.
Texto: Toque de Bola – Roberta Oliveira
Fotos: SEL/Divulgação