Seu nome é Miriam de Lima Basílio, mas se não for chamada de Mirinha confessa que até se assusta. Formada em Educação Física pela UFJF, a juiz-forana construiu uma carreira consistente em uma atividade que exige muita atenção e responsabilidade. Há mais de 20 anos Mirinha é apontadora em partidas de Vôlei. Uma história de amor ao esporte que começou sem ela esperar, mas que acabou conquistando o seu coração.
“Sou apontadora da Federação Mineira de Vôlei (FMV) inscrita na Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). Registro na súmula tudo que acontece nas partidas, como pontos, substituições, cartões… Como todo árbitro, faço parte de um espetáculo e, quanto menos eu aparecer, melhor. Temos grande responsabilidade, uma vez que uma partida de Vôlei nunca termina em empate. Portanto, é pressão o tempo todo e tudo que eu faço fica registrado”, explica.
Mirinha, qeu também é vice-diretora de um escola municipal, começou trabalhando nos Jogos Intercolegiais de Juiz de Fora e, após fazer o curso de arbitragem em Belo Horizonte, em 1991, viu sua carreira decolar. Do trabalho em competições locais, começou a atuar no Campeonato Brasileiro e viu o surgimento da Superliga, em 1994/1995. Seu auge profissional ocorreu em 2002, o qual considera um divisor de águas em sua carreira, quando trabalhou nas finais da Liga Mundial de Vôlei, em Belo Horizonte. Ainda em 2002, atuou também no torneio classificatório para o Sul-Americano, quando pode assistir ao surgimento da geração, ainda juvenil, de Murilo, Leandro Vissoto e Jardel. Em 2010, outro momento marcante: a participação no Campeonato Mundial Feminino, no Japão.
De volta ao lugar onde tudo começou
Mirinha não esconde que todo o reconhecimento que tem atualmente foi conseguido com muito esforço. Mas, ela não deixa de agradecer às pessoas que a ajudaram e continuam ajudando. Duas delas têm lugar especial nesta história: Anderson Luiz Caçador e Carlos Alberto Vidon de Carvalho.

“Eles eram meus companheiros de turma, já trabalhavam na arbitragem e eu sempre os via trabalhando. Até que um dia combinaram, no quarto ou quinto período de faculdade, de eu começar a ajudá-los. Me deram força, disseram que me ajudariam. No final da faculdade, o Anderson disse que estava indo para Belo Horizonte fazer o curso de arbitragem e me convidou para ir também. Minha maior dificuldade foi minha mãe me liberar para morar em BH. Aos 22 anos, eu nunca tinha saído de JF. O Anderson conversou com ela, disse que tinha parente na cidade e conseguiu convencê-la. Eu morava lá terça, quarta e quinta. Na mesma época trabalhava com Intercolegiais aqui. O Sérgio Schmidt também me ajudou muito. Os jogos ocorriam quando a gente estava em Juiz de Fora”, relembra.
Mirinha e Caçador voltaram recentemente ao lugar onde tudo começou: a Faculdade de Educação Física da UFJF. Os dois trabalharam no torneio de Vôlei dos Jogos de Minas. Na oportunidade, Anderson Caçador concedeu entrevista ao Toque de Bola, quando comentou o sentimento de amizade que acabou se criando entre os dois depois de tantos anos.
“Surgiu um convite para trabalhar com arbitragem na Prefeitura e eles estavam precisando de gente. Convidei a Mirinha, mas ela disse que não queria trabalhar na arbitragem. Disse a ela que tinha também o trabalho de súmula. Então ela topou experimentar. Fomos uma vez e foi paixão. Quando terminamos o curso de graduação, eu procurei a Federação Mineira para fazer o curso em Belo Horizonte. Ela encarou comigo. A gente ia na terça-feira e voltava na quinta. Nos formamos e em 1996 fui morar em Belo Horizonte, mas nossa amizade sempre permaneceu forte. Ela teve uma ascensão grande e chegou ao máximo, tanto que ela é hoje apontadora nacional e eu também estou na graduação máxima. Ou seja, colhemos bons frutos. Volto aqui para fazer a coordenação da arbitragem dos Jogos de Minas e é um prazer enorme trabalhar com ela”, destaca, relembrando do dia em que estava dentro de uma sala de aula e recebeu a notícia que estavam precisando de pessoas para trabalhar com a arbitragem.
A mesma pessoa
Ao longo de mais de duas décadas de trabalho na elite do Vôlei nacional, Mirinha orgulha-se de ser a mesma pessoa. “Sempre me preocupei em não deslumbrar para não perder o foco”. A humildade também é demonstrada no campo profissional. Mesmo com a experiência acumulada, ela não escolhe as competições em que vai trabalhar. “Acredito que o bom árbitro não escolhe competição”. Tanto que ela trabalhou, entre os dias 9 e 15 de setembro, nas Olimpíadas Escolares, em Poços de Caldas. De lá, poderá sair o futuro da modalidade.

“Foi muito bom. Não pelo lado financeiro, mas por ver crianças de 12 a 14 anos jogando. Cada estado levou uma equipe masculina e outra feminina de todas as modalidades. Os 18 melhores nos dois naipes foram selecionados e vão, em janeiro, para o Aryzão, onde começarão um trabalho visando 2020, 2022… A maior procura é por levantadores”, revela.
Apesar de tantos anos trabalhando, Mirinha não deixa de estudar e de se atualizar. Recentemente, ela participou de uma iniciativa da CBV, em parceria com a Unimontes, para capacitar os árbitros da modalidade por meio da plataforma Moodle de Ensino à Distância. Ela aprovou o curso, que teve duração de dois meses e participação de árbitros de todo o Brasil. “É um passo importante de uma longa caminhada na busca de padronização de condutas, atitudes na aplicação de regras e condução no jogo de Voleibol, como disse o nosso mestre Laerte Francisco de Souza.Acho a iniciativa ótima e penso que é de grande valia, uma vez que o nosso país é muito grande e, às vezes, pode ocorrer interpretações variadas, prejudicando nosso trabalho”, observa.
Texto: Thiago Stephan
Trabalho com a Mirinha na EM Amélia Pires e esta resportagem é só uma merecida confirmação do grande talento e profissionalismo da Míriam… Parabéns!!!
Joguei vôlei profissional por muitos anos e posso dizer que das melhores coisas que o vôlei me proporcionou é a amizade da Mirinha. A admiro como pessoa e como profissional, sempre dando seu melhor. A minha amiga arrasa!!!!!
Mirinha é uma guerreira em nossa profissão. Também sou professora de Ed. Física. Ela é vice diretora de uma escola Municipal e não estadual. Os alunos dos Cursos de Educação Física de Juiz de Fora precisam conhecer toda sua trajetória na area.
Amo estes dois. Quando eles vieram para Belo Horizonte eu tinha acabado de assumir a direção do Departamento de Arbitros da FMV.Me impressionou aquele cara de JF, que já sabia tudo, faltava apenas entrar no quadro da FMV. Grande abraço aos dois
Profissional dedicada, competente e merecedora de todas as homenagens!! Parabéns amiga!!!
Tenho orgulho desta minha amiga dedicada, competente e merecedora de todas as homenagens!
De Sá Raphael liked this on Facebook.