Conquistar a Série C, naturalmente subindo para Série B, conseguir equilibrar as finanças do futebol sem prejudicar o patrimônio do clube, e amanhecer, num futuro próximo, num moderno Centro de Treinamento, com quatro campos e toda a estrutura necessária ao dia-a-dia dos profissionais do futebol.
São as metas do agora já centenário Tupi Futebol Clube, manifestadas em entrevista exclusiva do dirigente e responsável pelo departamento médico do clube, José Roberto Maranhas, ao Toque de Bola. Ele também aborda os bastidores do clube, e revela que a venda de parte da sede social mostrou-se benéfica à saúde financeira carijó.
Toque de Bola: Qual o sentimento da atual diretoria neste centenário? Vários veículos de comunicação pesquisaram e têm publicado a história do Tupi, dos homens que fundaram, os desafios, de conseguir manter o futebol até hoje, de chegar aos 100 anos com o time em atividade, e essa perspectiva agora de chegar a uma Série B do Brasileiro?
José Roberto Maranhas: Primeiro, um prazer e um orgulho muito grande estar fazendo parte hoje da diretoria no centenário do clube. Nós, que participamos do Tupi desde 1985, conseguir chegar neste momento com saúde, podendo fazer parte dessa diretoria e da história do Tupi, é um orgulho muito grande. Esperamos não ficar só nisso. Que este ano seja mais um degrauzinho para chegar a uma Série B, que é o grande ideal do clube, e continuar trazendo o nome do Tupi, não só engrandecendo a cidade, eu acho que o clube hoje é um dos maiores orgulhos da cidade e região, como Minas Gerais. O Tupi hoje é o único clube mineiro na Série C, temos vários na Série D mas é o único na C. Quem sabe se consiga, na Série C, repetir o título do ano passado, mesmo sabendo que é muito difícil e um campeonato competitivo, mas é o nosso grande objetivo, e um sonho nosso.
Toque de Bola: Que características tem o Tupi em seus bastidores? É um clube tradicionalmente agitado?
José Roberto Maranhas: Olha, ele teve já seus períodos de agitação um pouco maiores. Sempre em épocas de eleição, a agitação… Desde a primeira eleição que eu e Áureo (Fortuna, presidente) disputamos, mais de 700 sócios vieram votar, coisa que é rara hoje em grandes clubes do futebol brasileiro! São raríssimos clubes em que comparecem mais de 700 sócios para a votação. Mesmo quando foi chapa única, tivemos mais de 220 votos. É um clube participativo realmente, não tenha dúvida que de vez em quando ocorre algum, entrevero, natural de uma disputa, de quem quer vencer, ajudar o clube. A gente sabe que de uma maneira geral todos que já presidiram ou querem entrar no clube, é para elevar o nome do Tupi.
Toque de Bola: O desafio renovado é conseguir ao mesmo tempo formar uma equipe competitiva no futebol sem prejuízo para o patrimônio do clube, para a saúde financeira? Este é o desafio de todo dia?
José Roberto Maranhas: Eu diria que esse é o desafio de todos os clubes brasileiros e talvez mundiais. Manter o futebol, que é prejuízo em todos os níveis, não só nas Séries B, C e D, como também na Série A, e manter o seu patrimônio. O que está acontecendo de uma maneira geral? A dilapidação dos patrimônios do clube em detrimento do futebol. Esse é o grande desafio não só da atual diretoria do clube como foi de todas as outras que já estiveram e também será das que vierem. Não é fácil porque você tem que ter parceiros fortes para ter um futebol forte, e está cada vez mais difícil você manter estes parceiros. Até grandes clubes, como, por exemplo, Flamengo e São Paulo, têm dificuldades para encontrar um parceiro que estampe sua marca na camisa, para manter em bom nível seu futebol. Mas eu tenho absoluta certeza que a cidade está ajudando, abraçando, e se o Tupi continuar trilhando neste caminho de vitórias as possibilidades são grandes. Se a gente conseguir manter os bons resultados do futebol, temos mais chances também de manter o patrimônio do clube. Houve até um incremento com essas lojas novas do Tupi, tivemos que cortar metade da sede social, mas financeiramente houve uma rentabilidade maior, uma valorização de seu patrimônio restante que compensou essa perda. Esperamos que com a aquisição definitiva do Termas, que consigamos ali construir um CT, que é nosso grande sonho, um Centro de Treinamento com pelo menos quatro campos, e para isso precisamos de dinheiro, provavelmente parcerias, que possam melhorar esse patrimônio do Tupi.