Se deixa a tristeza da perda de um dos craques que marcaram a história do Tupi, a morte do meia ofensivo Sidney fez os carijós relembrarem as histórias do camisa 10 do time alvinegro de 1985.
Claro, a principal lembrança do Diabo Loiro naquela equipe, que conquistaria o bicampeonato do interior no Campeonato Mineiro é a partida que o próprio Sidney decidiu contra o Atlético-MG (veja informações abaixo). Mas nem só do gol do camisa 10 foi feita a história daquele 1 a 0 para o Carijó. Como forma de relembrar e homenagear o jogador, o médico e ex-dirigente do clube local, José Roberto Maranhas, se recorda muito bem que a situação do craque não era muito boa diante dos companheiros naquela partida.
Ia ter briga
“No meio do segundo tempo, teve uma situação entre Teófilo, Manoel e Sidney. Os dois primeiros estavam alegando que o ele não estava retornando para marcar, não estava ajudando para fazer pelo menos um ‘cerca leão’. Eles deram uma bronca enorme, uma briga danada. Eu entrei em campo para ver um jogador e vi a situação. Prometeram, no final do jogo, no vestiário, comer o Sidney na porrada”, relembra Maranhas.
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A solução para o entrevero arrumada pelo camisa 10 foi eficaz: decidir o confronto com o Atlético, dando a vitória ao Tupi. “Ia ter aquela briga! Mas aí, o Sidney me faz aquele gol, faltando um minuto para terminar a partida. Então, as coisa ficaram por isso mesmo”, recorda-se Maranhas.
Outro causo
Nem só de craques se faz um time campeão como o 1985. Assim como Sidney, que fez o gol Maranha se lembra de atuar também decisivamente na construção do resultado daquele confronto. “No primeiro tempo, o ponta direta do Atlético, Sérgio Araújo, estava deitando e rolando em cima do Valdir, passava por cima, por baixo do Valdirzinho. Vi que a situação estava muito ruim. Quando aos 44 do primeiro tempo, o Valdirzinho me bate com a cabeça com outro jogador, em uma trombada, ficando meio tonto”, conta.
Hora de o médico entrar em ação. Sem cerimônia, Maranhas aconselhou o atleta: “Disse a ele que era para dar um tempinho, porque estava terminando o primeiro tempo. A partida foi para o intervalo. Então, disse a ele: ‘Valdir, você não está bem, acho melhor não voltar. Vai que você tem uma amnésia como o Valtair, em uma rodada anterior, em Uberlândia.’ Tinha ocorrido um caso desses há pouco, no qual o jogador teve um traumatismo craniano, ficou meio esquisito, não perceberam e o time acabou tomando o gol em cima dele.”
Conselho de médico, já viu, né? Substituição feita, time ajustado e vitória do Carijó. “O Valdir me questionou: ‘pode acontecer isso mesmo?’ Respondi: ‘perfeitamente, pode acontecer igual o Valtair, acho melhor você ficar.’ Ele me disse que, se eu achava melhor, iria ficar. Por isso entrou o Ademir no lugar do Valdir. O Evaldo foi para a lateral-esquerda, o Ademir para a direita, e o Sérgio Araújo não fez mais absolutamente nada. Foi anulado pelo Evaldo. Conseguimos equilibrar o jogo e ganhar. Para você ver e importância de um médico com conhecimento técnico”, diverte-se Maranhas.
Ficha do jogo:
Tupi 1 x 0 Atlético-MG
Campeonato Mineiro
18/09/1985 – Estádio Procópio Teixeira
Gol: Sidney (43 minutos do 2º tempo)
Público: 11.648 torcedores
Árbitro: Maurílio José Santiago
Tupi: Adilson, Evaldo, Ricardo Estrade, Ricardo Balbino e Valdir (Ademir); Isidoro, Manoel e Sidney, Nequinha, Jota Maria (Ronaldo) e Teófilo. Técnico: Luis Alberto
Atlético: João Leite, Nelinho, João Pedro, Luisinho e Jorge Valença; Elzo, Paulo Isidoro e Everton; Sérgio Araújo, Paulinho Kiss e Edvaldo. Técnico: Vicente Lage
Nota da redação: em 2016, o Portal Toque de Bola fez uma série de reportagens destacando a escrita que o Tupi construiu diante do Atlético, ficando entre 1984 e 1990 sem perder em casa para o clube de Belo Horizonte. Segue o link do texto, que possibilita o acesso a todas as reportagens
Especial: “Tupi x Atlético – Os heróis de uma escrita”. Mais uma exclusiva do Toque de Bola
Texto: Toque de Bola – Wallace Mattos e Ivan Elias, com informações recordartupi.blogspot.com
Fotos: arquivo Márcio Guerra