Exclusivo: medalhas, troféus, painéis – o esporte no Museu Mariano Procópio
Um centenário significa muita história e também muito ainda a ser narrado. A reportagem do Toque de Bola perguntou quais são as peças ou itens do acervo do Museu Mariano Procópio relacionadas ao esporte. A resposta surpreendeu até quem está diariamente na instituição.
“Pesquisando para participar da Live, a gente percebeu que tinha muito mais coisa do que a gente parou para pensar. Fotografias, troféus, medalhas, o livro [do Barão Pierre de Coubertin]. Então você vai puxando uma série de itens que dialogam com a temática do esporte com a temática olímpica”, disse a historiadora Rosane Carmanini Ferraz.
Rosane Carmanini Ferraz e o assistente de Museologia, Eduardo de Paula Machado, integrantes da equipe que trabalha no Mariano Procópio, aprofundaram o tema em uma Live Especial na webradio Nas Ondas do Toque.
As lembranças marcantes da relação da instituição com o esporte foram tema da primeira reportagem especial, que você já pode ler no nosso portal.
Medalhas de diferentes esportes
Na reserva técnica do Museu Mariano Procópio, há medalhas que fazem referências a diferentes modalidades praticadas no início do século 20 no país.
As medalhas retratam salto em altura, salto com vara, lançamento de disco, polo aquático infantil, ciclismo, peteca, ping-pong (atual tênis de mesa), luta greco-romana.
De acordo com os documentos, elas possuem número de arrolamento. Isso significa que entraram no acervo da instituição antes de 1944, quando o fundador do Museu, Alfredo Ferreira Lage, morreu.
“Tem medalhas de remo do Botafogo, do Flamengo, e tem da categoria de tiro. Há registro do Museu Mariano Procópio participando de leilões. E o Alfredo adquiria essas medalhas em exposições de outros artistas”, explicou Eduardo de Paula Machado durante a Live Especial na webradio Nas Ondas do Toque.
O armário com escudo do time da Industrial Mineira
Um armário com taças, painéis e estátuas é a herança do Industrial Mineira Foot-Ball Club que está sob a guarda do Museu Mariano Procópio. De acordo com Eduardo de Paula Machado, a doação de todo o conjunto ocorreu na década de 1930.
Entre os itens doados, está a Taça Commendador Mariano Procópio, disputada há cem anos, em 24 de julho de 1921, em um confronto entre o Industrial Mineira e o Tupy (sim, escrito assim).
O time de futebol era da fábrica de tecidos Industrial Mineira, situada na Avenida dos Andradas, próxima ao Museu. Criado em 1919, entre os fundadores, teve o inglês Harry Sutcliffe e ostentava as cores da bandeira britânica no uniforme.
A dissertação de mestrado de Cláudia Carvalho Gaspar Cimino, “A Linha que trama a vida é a mesma que traça o destino: História e Memória da Estamparia em Juiz de Fora no século XX” cita a equipe em um parágrafo. Conforme o texto, o Industrial Mineira Football Club foi a quinta equipe a filiar-se na história da liga de Juiz de Fora, foi extinto em 15 de julho de 1930 e reativado da década de 1950 com o mesmo nome.
“O time da Industrial Mineira era bastante popular na década de 1920. Eles eram conhecidos como o Tricordiano do Mariano, porque o uniforme era azul, vermelho e branco”, contou o assistente de Museologia do Mariano Procópio.
Os painéis homenageiam os integrantes do Campeão do Centenário em 1922 e que se sagrou tricampeão com os títulos em 1923 e 1924. As estátuas trazem jogadores envolvidos em lances de uma partida de futebol e citam jogos de times de Juiz de Fora.
“Elas foram feitas de estanho com a base em mármore. Algumas peças têm a origem, são francesas, mas não possuem o nome do escultor”, contou Eduardo de Paula Machado.
Esporte sob o olhar de Carriço
João Gonçalves Carriço é um dos pioneiros do cinema brasileiro. Parte do acervo dele está no Museu Mariano Procópio, doado pelo filho, Manoel Carriço.
“No Museu, a gente tem a câmera da Carriço Film e cerca de 3 mil fotografias, de onde a gente tirou esse acervo relativo a esporte. O Carriço cobria todo tipo de evento que acontecia na cidade, entre eles, os eventos esportivos”, destacou Rosane Carmanini.
Entre as fotos de João Carriço, há registros de provas de hipismo no Jóquei Club, jogo de Vôlei no Sport Club, registros de natação, corridas de motos e de bicicleta.
Histórias que precisam ser contadas
Ao longo da existência, o Museu Mariano Procópio sempre recebeu pesquisadores interessados em entender mais sobre a origem, referências e impactos de itens do acervo.
No entanto, os dois integrantes da equipe contaram ao Toque de Bola que não há referências de estudos sobre estas peças.
“A gente nunca atendeu a um pesquisador que tinha como recorte o acervo de esporte do Museu Mariano Procópio. As pessoas pesquisam muito a faceta do Carriço como cineasta, não o aspecto esportivo e sociais que são retratados por ele. Ou seja, há muitas lacunas, muitas possibilidades de pesquisar”, disse Rosane Carmanini Ferraz.
Atualmente cinco servidores atuam diretamente cuidando do acervo do Mariano Procópio, que está sendo catalogado. Para atender às pautas do Toque de Bola, as peças foram digitalizadas.
Por causa da pandemia, o acesso ao Museu Mariano Procópio está restrito aos servidores. Quem quiser pesquisar, deve entrar em contato pelo e-mail do Departamento de Acervo Técnico e Ações Culturais: mapro.dep.acervo@pjf.mg.gov.br.
[Texto: Toque de Bola – Roberta Oliveira
Fotos: Museu Mariano Procópio/Divulgação