Prestes a completar 37 anos (em 4 de março), o campeoníssimo meritiense e, porque não, juiz-forano, André Nascimento – o Canha – mostrou, em entrevista ao Toque de Bola, não apenas recordar suas origens, como também admitiu a vontade de voltar a jogar voleibol pela cidade que tanto contribuiu em sua formação esportiva.
André Luiz da Silva Nascimento subiu os primeiros degraus de sua carreira em Juiz de Fora. Após passagem pela base do Clube Bom Pastor, o oposto defendeu as cores de grandes clubes do Brasil, como Suzano, Minas, Voleisul/Paquetá Esportes e Montes Claros Vôlei (atual equipe), e do exterior, tendo atuado no Panathinaikos (GRE), Trentino (ITA), Modena (ITA) e Suntory (JAP). Entre as principais conquistas do atleta estão as de campeão olímpico com a seleção brasileira em Atenas 2004 e prata em Pequim 2008, bicampeão da Copa do Mundo (2003 e 2007), bicampeão do Mundial de Voleibol (2002 e 2006), ouro no Pan-Americano do Rio de Janeiro (2003) e bronze no de Santo Domingo (2007), e hexacampeão da Liga Mundial de Vôlei (2001 e de 2003 a 2007).
Confira abaixo a entrevista do Toque de Bola com o oposto:
Toque de Bola: Você começou a jogar vôlei em Juiz de Fora?
André: “Foi onde tudo começou. Eu sou do Rio, na verdade, mas minha família é daqui, meus pais, minha irmã e é onde eu comecei a gostar de vôlei. Minha turma da rua gostava muito, a gente armava no campinho, jogava vôlei na praça e aí resolvi procurar um clube, por incentivo de um primo meu, o Sérgio, que jogava pela cidade. Fui para o (Clube) Bom Pastor, tive bons momentos aqui, fiquei três anos e acabei indo para fora e minha carreira começou a subir”.
Toque de Bola: Gostaria de citar pessoas que foram importantes na sua formação aqui em JF?
André: “O Giovane é um dos caras que na época jogava aqui no Bom Pastor e é extremamente importante, também tem a Márcia Fu, que é daqui e foram grandes jogadores da cidade. Então a gente torce para que continue essa base, porque é importante formar atletas e seres humanos. Tem o Nestor, o Flávio Villela, que também passou bons momentos ali no infanto juvenil, juvenil e tive grandes oportunidades de atuar em alto nível”.
Toque de Bola: Considerando sua carreira, sucesso com a seleção e a participação em Olimpíadas e diversos campeonatos, o que diria para um atleta que sonha em chegar a este nível?
André: “Acho que é ter dedicação total. No vôlei você tem que gostar muito e abrir mão de algumas coisas, como balada e bebida. Então não só dentro de quadra, mas também fora, você aprende a conviver com as pessoas, em grupo, a ter respeito para com o outro. Então isso foi muito legal, cresci muito, você aprende a sair das dificuldades. Aconselho a praticar esportes porque você cresce como atleta e ser humano”.
Toque de Bola: Juiz de Fora receberá a passagem da tocha olímpica. Quanto importante é este evento histórico para a cidade?
André: “Eu já tive o privilégio de participar fora do Brasil, mas é um momento bem bacana. Vivenciar esse momento único, principalmente sendo no Brasil, dá para o povo de Juiz de Fora sentir o clima. É muito importante a passagem da tocha, concentra mais as pessoas e os torcedores vão se sentir arrepiados”.
Toque de Bola: Como você avalia as chances das seleções masculina e feminina de vôlei na Olimpíada?
André: “Estou bastante otimista. O Brasil sempre chegando, desde 2000 até agora vem sempre brigando, então temos grandes chances de ganhar uma medalha em casa e vou torcer para isso”.
Toque de Bola: Você já recebeu convites para voltar a jogar em Juiz de Fora, confere? Por que não aceitou?
André: “Recebi, mas foi no primeiro ano e se não me engano há duas temporadas atrás. Eu estava no Florianópolis, inclusive com um empreendimento e buscando conciliar as duas coisas, porque acho que a gente tem que pensar no futuro, já que a carreira de atleta é curta. E, realmente, nesse momento fiquei bastante chateado porque eu gostaria muito de vir para cá e em função disso não consegui. Mas é o que eu digo, tudo tem a hora certa, o momento certo, e fiquei muito grato pelo convite e ‘triste’ por não poder participar”.
Toque de Bola: Então você ainda considera a possibilidade de atuar pelo JF Vôlei?
André: “Agora consegui equilibrar as minhas coisas e quero jogar mais uns anos. Se estiver bem, com certeza, estou aberto a jogar aqui, o que seria ótimo porque minha família também é daqui”.
Toque de Bola: Como você avalia a participação de Montes Claros nesta primeira fase da Superliga 15/16?
André: “Temos feito um ótimo trabalho. Até agora temos surpreendido, principalmente pela campanha no primeiro turno. Precisamos manter isso e queremos surpreender ainda mais nos playoffs”.
Texto: Bruno Kaehler e Guilherme Fernandes – Toque de Bola
Fotos: Toque de Bola
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