Levante suas bandeiras, lute com amor!

Hamilton no pódio em SP com a bandeira do Brasil

Caros e caras, nos últimos dias tivemos exemplos de algo que anda meio perdido por aí, principalmente nos esportes.

O foco em resultados, vencer a qualquer custo, sempre e pra sempre afastou bastante o genuíno amor da maioria das modalidades. A imposição de alguns “poderosos” tira a oportunidade da maioria dos esportistas de se expressarem por medo de sansões.

Mas, uma das figuras que se tornaram maiores que seu esporte no planeta sempre dá um quentinho no coração deste escriba aqui. Nos últimos dias, o piloto inglês Lewis Hamilton expressou o amor genuíno por seu ídolo e nosso país, e continua a lutar por um mundo mais igual com essa mesma paixão.

Ao vencer o Grande Prêmio de São Paulo, o inglês mais brasileiro do planeta pegou uma bandeira do Brasil. Repetiu o gesto do imortal Ayrton Senna, ídolo do heptacampeão da Fórmula 1, na terra natal do mesmo.

Inconsciente do contexto político do país – será? -, que teve seus símbolos sequestrados por uma turba cheia ódio há algum tempo, Hamilton foi capaz de realizar o retorno do pavilhão nacional ao coração de quem se acostumou a ver essas manifestações de “patriotismo” com desconfiança. O “mi amo Brasil” no rádio ao fim da corrida foi o gatilho para meus olhos cansados marejarem.

Inglês fez a pole e venceu o GP do Qatar

Não poderia imaginar personagem melhor, mesmo que estrangeiro, para conseguir dar esse tapa de realidade. Hamilton, que poderia se escudar atrás do discurso da meritocracia – no caso dele real, pois filho de pais simples, negro, que teve que lutar contra um sistema construído para excluí-lo contando apenas com seu talento, e venceu -, não o faz.

Consciente de seu papel social, além da demonstração de amor pelo que faz e por seu ídolo em São Paulo, dá diversas mostras de amor ao próximo, falando por quem não tem voz. Como neste fim de semana no GP do Qatar, onde treinou, conquistou a pole e venceu com o capacete – desenhado e pintado por brasileiros – tendo as cores da bandeira LGBTQIA+.

Um soco no estômago dos intolerantes, principalmente no Qatar, país no qual algumas formas de amor são ilegais. Hamilton já avisou: na Arábia Saudita o capacete permanece pois o país tem o mesmo contexto de lei intolerantes. O piloto que comanda o movimento por mais igualdade em seu esporte e no planeta, protestou na rua com o Black Lives Matter, usou camiseta cobrando a punição aos assassinos de Breonna Taylor, entre outras atitudes exemplares, não vai parar.

Não vai porque tem consciência de sua força, do seu tamanho, da sua responsabilidade. Hamilton sabe que deve ser uma inspiração. E a lição que ele deixa é simples, mas poderosa: levante suas bandeiras – e as de quem não pode ter voz -, lute com amor – principalmente ao próximo!

Texto: Wallace Mattos

Fotos: Twitter/Lewis Hamilton

Ivan Elias

Ivan Elias, associado do Panathlon Club de Juiz de Fora, é jornalista, formado em Comunicação Social pela UFJF. Trabalhou por mais de 11 anos no Sistema Solar de Comunicação (Rádio Solar e jornal Tribuna de Minas), em Juiz de Fora. Participou de centenas de transmissões esportivas ao vivo (futebol, vôlei, etc). Apresentou diversos programas de esporte e de humor, incluindo a criação de personagens. Já foi freelancer da Folha de S. Paulo, atuou como produtor de matérias de TV e em 2007 e 2008 “defendeu” o Tupi, na Bancada Democrática do Alterosa Esporte, da TV Alterosa (SBT-Minas). Criou, em 2010, ao lado de Mônica Valentim, o então blog Toque de Bola que hoje é Portal, aplicativo, Spotify, Canal no Youtube e está no Twitter, Instagram e Facebook, formando a maior vitrine de exposição do esporte local É filiado à Associação Mineira de Cronistas Esportivos (AMCE) e Associação Brasileira de Cronistas Esportivos (Abrace).

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