“Ainda mais sangue nos olhos”. Foi assim que Léo Santana, atleta juiz-forano do El Pozo Murcia Futsal, definiu seu sentimento dias após a derrota para o Barcelona por 2 a 1 na final da UEFA Champions League no último domingo, dia 11.

  O fixo da equipe da região sudeste da Espanha, autor do único gol do El Pozo no jogo, conversou com exclusividade com o Toque de Bola e abriu o jogo sobre tudo que cercou a decisão.

O apito final

  O brasileiro Ferrão e o espanhol Aicardo marcaram, ainda no primeiro tempo, os gols do Barcelona. Na etapa final, Léo diminuiu, mas nem mesmo o gol “made in” Juiz de Fora foi suficiente. Sobre a tristeza estampada no rosto após o resultado final, ele exaltou a importância de uma conquista como essa.

  “Fiquei muito triste. Não foi uma derrota qualquer. É uma derrota em uma final de Champions League. Nós nos preparamos muito para jogar a final de um torneio tão importante para a nossa carreira. Quando eu conquistei esse título em 2013 foi um divisor de águas para a minha carreira, então eu sei da importância e do quanto significaria para o nosso clube e para o nosso time”, explicou Léo.

Lei do ex

  Além do gol contra o ex-time, Léo teve a oportunidade de rever muitos amigos da época de Barcelona. Para o atleta, esse foi um dos motivos para a decisão ter sido um pouco mais natural e, ao mesmo tempo, emocionante.

  “Por ser um time da Espanha, estamos sempre nos encontrando e jogando muitos campeonatos. Estamos sempre juntos. A verdade é que tenho uma amizade muito grande com os atletas do Barcelona. Tenho até hoje um grupo no WhatsApp com os brasileiros de lá. Apesar de ser uma grande rivalidade, eu tenho esse carinho pelos atletas. Depois que acaba o jogo é sempre bom manter um bom relacionamento com todos, afinal, estamos desfrutando do mesmo ambiente de trabalho”, lembrou.

Audiência especial

  De acordo com Léo, esse foi um dos jogos mais especiais em termos de carinho do torcedor juiz-forano. A transmissão dos canais ESPN foi um facilitador, mas, ainda assim, o número de mensagens foi grande.

  “Foi bem bacana esse carinho da torcida em Juiz de Fora. Eu consegui ver de novo o quanto a galera torce por mim. Quando isso acontece é uma satisfação muito grande para mim. Sempre gosto de usar algumas mensagens que eu recebo antes dos jogos e pensar um pouco nisso de que quando eu entro em quadra tenho pessoas torcendo por mim. Isso me dá muita força para trabalhar e jogar cada partida”, confessou o juiz-forano.

Análise sincera

  Questionado sobre qual o momento do jogo em que o El Pozo percebeu que o título havia escapado, Léo relembrou o sentimento de quadra ao lado dos companheiros.

  “No meu ponto de vista, perdemos a partida no apito final. Esse foi um dos jogos que, particularmente, eu senti a todo momento que conseguiríamos ganhar. Eu estava indo com esse pensamento em cada jogada. Quando estávamos com o goleiro-linha, nada tirava da minha cabeça que iríamos empatar a partida. Estávamos bem. A derrota só veio no apito final”, analisou.

O “gol de honra”!

  Quem acompanhou a partida viu que a vibração de Léo Santana foi diferente do usual. Ao Toque, ele disse que a emoção e empolgação foi tanta que não lembra do momento do gol.

  “O jogador não sente o que aconteceu na hora. Fazer um gol já é algo sensacional. Em uma final de Champions League então, nem se fala. É a segunda final que eu disputo e a segunda que eu marco gol, mas é difícil de explicar. Depois, mais calmo, eu fui ver o lance do meu gol e a forma como eu comemorei. Eu não lembro de ter feito aquela comemoração e ter ficado daquele jeito. Não foi uma comemoração que eu costumo fazer habitualmente, foi algo diferente. Eu estava tentando mostrar para os companheiros que a gente estava no jogo. Foi uma emoção grandiosa. Vendo a repercussão então, fico mais feliz ainda. Pena que não veio o título”, disse o fixo do El Pozo.

Que venha a próxima final!

  A permanência no El Pozo Murcia se junta à derrota para o Barcelona como combustível para que, na próxima temporada, os espanhóis cheguem mais uma vez à decisão e possam brigar pelo título mais importante do mundo entre clubes.

  “A Champions é o título mais importante para qualquer clube e qualquer atleta que joga na Europa. Sempre colocamos isso como principal objetivo. A chance foi tão boa que no vestiário pós-jogo nós já prometemos que iremos voltar e conquistar esse título. Mostramos que temos chance, capacidade e potencial para isso. Não é fácil ser a segunda melhor equipe na Europa. No Brasil, o vice-campeonato não é tão valorizado, mas na Europa é. Esse é o meu principal objetivo com a camisa do El Pozo”, finalizou.

Texto: Toque de Bola – Pedro Sarmento, supervisão Ivan Elias – Toque de Bola