Leo Condé comemora permanência na 1ª divisão e desabafa

Juiz de Fora (MG), 20 de março de 2011

O treinador Leonardo Condé aproveitou a vitória do Tupi sobre o Guarani por 2 a 0 (foto), em Divinópolis, para comemorar e desabafar. Comemorar, por ter garantido, matematicamente, a permanência do time juiz-forano na primeira divisão do futebol mineiro em 2012, ano do centenário do clube, e desabafar, pelo que considera exagerado por parte da torcida, ao cobrar demais de um clube que não tem grande investimento no futebol.

“O resultado hoje (domingo, 20) foi importante para a gente se manter vivo. O primeiro objetivo foi alcançado, que era livrar o Tupi do rebaixamento. Agora, vamos atrás dos outros objetivos, uma vaga na Série D do Campeonato Brasileiro e um lugar no G-4 do Campeonato Mineiro”.

Para o treinador, a vitória sobre o Guarani foi da “concentração e da calma”. Condé disse que conversou muito com o elenco durante a semana, para que na partida os jogadores não perdessem a paciência, não deixassem que o nervosismo fora de campo interferisse nas quatro linhas, fato que ocorreu contra a Caldense, quando, na ânsia de vencer em casa, o time se atrapalhou e ainda sofreu a derrota num gol de contra-ataque, no fim do jogo.

“O futebol também é um jogo de paciência, que pode ser decidido no início ou no final. Procuramos conversar isso na semana de treinos, e houve um entendimento bom por parte do grupo. Se os jogadores mantiverem essa superação e esse controle dentro de campo, podemos brigar por uma vaga no G-4”, analisa.

Em entrevista à Rádio Globo de Juiz de Fora, disse que ainda é difícil assegurar uma vaga entre os quatro primeiros, pelo fato de o Tupi estar com uma partida a mais e o Villa Nova ter mais jogos em casa, além da presença do América, de Teófilo Otoni, que bateu o América de BH na rodada.

Para a próxima partida, contra o Funorte, sábado, 26, o técnico, que não poderá contar com Léo Devanir e Felipe Cordeiro, suspensos com o terceiro cartão amarelo, prevê grande dificuldade: “Se o adversário perder, fica muito perto do rebaixamento, a pressão vai ser grande”. Por outro lado, Condé procura não reclamar dos desfalques: “Prefiro dar força a quem vai jogar, já contra a Caldense atuamos desfalcados e nem por isso ficamos chorando”.

O treinador teve o seu nome gritado pelos torcedores que prestigiaram o Tupi no Estádio Farião, em Divinópolis, e aproveitou a entrevista também para desabafar.

Quando perguntado pelo repórter Henrique Fernandes, da Rádio Globo, sobre os motivos de a equipe estar se apresentando melhor, com aproveitamento superior fora de casa, declarou: “Nós montamos a equipe de acordo com as características dos jogadores que temos. E o Tupi, hoje, é um dos clubes que tem o menor investimento no futebol mineiro da primeira divisão. O Tupi está numa grande cidade, onde todos gostam de futebol, mas em que os investimentos são poucos. O torcedor chega ao estádio em Juiz de Fora e quer ver um Tupi como um Santos, um Flamengo, e futebol hoje é investimento, Montamos um time com a nossa realidade. Não se faz futebol hoje sem investimento, e o torcedor do Tupi, e aqui eu me incluo como torcedor do Tupi, precisa entender isso. Até entender que a diretoria do Tupi faz um grande esforço, numa cidade em que não há investimento no futebol profissional, para que o clube se mantenha em atividade no futebol o ano todo, enquanto clubes como a Caldense e o Democrata, de Governador Valadares, passam todo o segundo semestre lutando para arrecadar verbas e disputar o Mineiro.”

Até na formação tática da equipe o treinador justifica seu pensamento. “Eu, por exemplo, gosto de jogar com uma linha de quatro na defesa. Mas nós temos, hoje, dois zagueiros muito bons e experientes, mas com idade avançada, então com os jogadores que tenho armei este esquema com mais um zagueiro, para poder liberar os laterais. Não é o meu esquema preferido, mas é o que entendemos ser o melhor pelas características dos jogadores. O São Paulo foi tricampeão brasileiro jogando com três zagueiros, então vamos procurar fazer um esquema vitorioso também assim. O técnico faz aquilo que pode. O Dorival Júnior, por exemplo, montava uma equipe no ano passado no Santos, um esquema com, na época, Neymar, Robinho, Ganso e André. Este ano, no Atlético, o mesmo treinador tem que montar outro esquema porque não tem as mesmas peças que tinha no outro clube. É assim o treinador”.

Mesmo com as limitações provocadas por falta de maior investimento, Condé defende o esquema de jogo implantado pelo Tupi na competição. “Procuramos marcar bem e chegar na frente para tentar o gol. E conseguimos criar, pelo menos, cinco a seis chances claras de gol por partida. Tentamos fazer com que a equipe seja eficiente e competitiva, o torcedor vai ao estádio às vezes em busca de espetáculo, mas com o que temos procuramos ser eficientes. É hora de unir forças nesta reta final e buscar os próximos objetivos, a vaga na Série D e um lugar na semifinal do Mineiro”.

Texto: Ivan Elias, sobre entrevista concedida à Rádio Globo instantes depois de Guarani 0x2 Tupi, em Divinópolis
Foto: site da Federação Mineira de Futebol

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