Leia a crônica “Currículo: gandulas do Tupi”

Juiz de Fora (MG), 6 de novembro de 2011

Leia a crônica escrita especialmente para o blog, pelo jornalista Guilherme Salgado Rocha, o Guilhermão.

Currículo: gandulas do Tupi

Agora no meu currículo vai constar, encimando o texto: Ex-gandula do Tupi.

Pois imaginem a expectativa na noite do sábado anterior aos jogos. Tínhamos de 10 a 13 anos, e éramos os quatro gandulas do Tupi. Isso era 70, 71, 72…

Camisa branca, um galo desenhado, short limpinho, peito estufado, orgulho de estar no Estádio Salles Oliveira, prontos a correr atrás de qualquer bola que viesse. Garotos mesmo, bem diferentes dos marmanjões que vemos pela tevê, mais parecendo pai de gandula do que gandula.

Éramos três primos: daqui de São Paulo, este ex-gandula que lhes escreve; o Lúcio Henrique da Silva Fonseca, que mais tarde foi médico do Tupi, e hoje está em Brasília, competentíssimo ortopedista, casado, três filhos; o Rogério Fonseca Silva, também primo, que mora em Belo Horizonte, três filhos (ambos, Lúcio e Rogério, coincidentemente amargando as dores de uma fase cruzeirense lá não muito boa… Mas daqui lanço o chamamento: se acaso um precipício bem perto se abrir agarrem-se ao Tupi, mais do que nunca a nossa grande alegria mineira); e por último, mas não o último a pegar as bolas, o amigo Manoel Pinto Cardoso Filho, cujas veredas da vida, infelizmente, nos fizeram distantes fisicamente (mora no Rio, a notícia mais recente que tive dele).

Fomos escolhidos por uma intercessão do meu grande pai, Diógenes Mattos Rocha, diretor do clube à época, e ardoroso torcedor do preto e branco de Santa Terezinha.

Naqueles idos, os mais antigos devem se lembrar, o Tupi jogou (e se deu muito bem) contra os cinco grandes do Rio (sim, o América tinha um timaço, com Edu e companhia). E, ali atrás do gol, víamos desfilar as belas jogadas de tantos jogadores magistrais.

Mas a minha passagem como gandula do Tupi ficou maculada por uma fotografia inusitada, publicada no Diário da Tarde.

Jogavam Tupi e Botafogo. O gandula, torcedor de ambos, queria, até mesmo para manter o “emprego”, que o Tupi ganhasse. Até ali por volta dos 30, 35 do segundo tempo, Tupi 1 a 0, jogando bem. Carlos Roberto (formava o meio-campo com Gérson, e anos depois seria o técnico do Botafogo na conquista do Carioca de 2006) chuta da meia-lua. O grande Lumumba, figuraça, deixa a bola passar sob os seus quase 2m de altura.

O fotógrafo do Diário da Tarde faz a foto de um desolado Lumumba pegando a bola no fundo das redes. Atrás do gol, e bem nítido na foto, este ex-gandula que lhes escreve, brandia os dois pequenos braços, inconformado com o gol. Mas, todo ponto de vista é a vista a partir de um ponto, correu, e meu pai foi alvo de muitas brincadeiras, que o gandula do Tupi estava vibrando com o gol do Botafogo, pois era, a exemplo do pai, ferrenho torcedor do Glorioso de General Severiano. Mas naquele jogo não. Naquele éramos Tupi inteiro.

O tempo passa, a Lusitana roda.

2011. Diógenes já no céu, não há mais jogos em Santa Terezinha.

E o Tupi nos dá essa grande, imensa alegria…

Primeiras providências: fundar a TupiSampa, “ocupar” a SportTV para ter pay-per-view da Série C, e abolirmos, em definitivo, a estranha mania de ver jogos do Tupi com camisa de time do Rio, pecado pelo qual me penitencio.

Tupi, nosso nome é Tupi.

E que venha 2012. Emoções em preto e branco não faltarão, os deuses da bola sejam louvados!

ps: serão muito bem-vindas adesões de periquitos e baetas, não se acanhem.

Guilherme Salgado Rocha

guilhermesalgadorocha3@gmail.com

Leia também: “Um Tupi como nos velhos tempos”, também crônica exclusiva do blog, texto de Ronaldo Dutra Pereira

 

 

 

 

Este post tem 3 comentários

  1. Antonio Braga

    Valeu querido amigo Guilhermão. Estão citados na crônica os queridos Lúcio e Rogério e o nosso velho e saudoso Barriga. Saudações.
    Antonio Braga
    De Varginha para Juiz de Fora

  2. Allan Del Duca Teixeira

    Mesmo longe de Juiz de Fora, faço de tudo para acompanhar meu time de coração… Tupi! Abordado de forma excelente em sua crônica, velhos e bons tempos…

  3. Lo Campomizzi

    Muito bom, Guilhermão.
    abs

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