Após o incêndio que matou dez jovens jogadores no Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo, no último dia 8 de fevereiro, os clubes brasileiros passam por fiscalização intensa das autoridades para que sua estrutura esteja segura, tragédias como as do clube carioca sejam evitadas e os times ofereçam boas condições a seus atletas.

  Neste contexto, o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) vistoriou e interditou parte da estrutura da sede social do Tupi, localizada no centro de Juiz de Fora, na última sexta, dia 5. O setor, utilizado como alojamento dos atletas do clube, foi isolado após um diagnóstico de risco iminente feito pelos militares.

Sem estrutura de emergência

  De acordo com a nota oficial publicada pelos Bombeiros, o local não possui nenhum equipamento de segurança contra incêndio e pânico, além de ter apenas uma saída de emergência. Em nota, o Carijó comunicou que a capacidade do alojamento é para 35 atletas, e que já trabalha para a regularização do espaço (veja a íntegra dos comunicados abaixo).

  Segundo a apuração do Toque de Bola, a estrutura não oferece boas condições de estadia aos atletas. Além das questões apontadas no relatório do Corpo de Bombeiros, como, por exemplo, fiação exposta, há relatos de pessoas que utilizaram a estrutura de que, “quando chovia molhava o quarto todo”. Há ainda testemunhos de habitações com teto quebrado e banheiros em má condição de conservação.

Sem respostas

  De acordo com os relatos feitos ao Toque, o alojamento é composto por quatro quartos: dois grandes, um médio e um pequeno. No início da temporada de 2019, 22 atletas foram acomodados nessa construção. Segundo os Bombeiros, no momento da fiscalização havia 29 jovens da equipe sub-20 no local.

  Sobre as informações trazidas pelo Toque, a reportagem entrou em contato com seis membros da administração do clube, entre assessoria de imprensa e diretoria, inclusive com a presidente Myriam Fortuna, mas ninguém atendeu. O diretor comercial Bernardo Fortuna foi o único a retornar o contato, mas disse estar ocupado e não poder falar sobre o assunto no momento.

Explicações em nota

  Segundo a nota oficial divulgada pela assessoria carijó, o clube busca alternativas para solucionar o problema. Ainda de acordo com a publicação do Tupi, a documentação necessária para a liberação do local já foi enviada à Prefeitura de Juiz de Fora.

  Mas, por exigência dos Bombeiros, o alojamento foi interditado mesmo com os documentos protocolados junto à administração municipal. Com relação à realocação dos atletas da equipe sub-20, que utilizavam o local, o comunicado Carijó diz que o clube liberou os jovens enquanto resolve a situação e o remanejamento dos mesmos.

A ÍNTEGRA DAS NOTAS OFICIAIS DO CORPO DE BOMBEIROS E DO CLUBE:

NOTA OFICIAL DO CORPO DE BOMBEIROS:

“Nesta sexta feira (05/04) o CBMMG realizou fiscalização em clubes de futebol da cidade de Juiz de Fora, com o intuito de saber se nos centros de treinamentos dos clubes existiam alojamentos em condições para os atletas pernoitarem ou até mesmo morarem.

 No momento da vistoria realizada no Clube Tupi, localizado no centro da cidade, foi detectado um alojamento com 29 adolescentes de diversas cidades que moravam em tempo integral.

 A Guarnição BM realizou fiscalização nas dependências desse alojamento e verificou que o local, além de não possuir nenhum equipamento de segurança contra incêndio e pânico, possui somente uma saída de emergência, porém com obstrução na rota de fuga. Verificou-se, ainda, que a porta de acesso à descarga tinha abertura contrária a rota de fuga, podendo gerar alguns transtornos em um possível momento de pânico. Além disso, havia fiações elétricas expostas em contato com material combustível, ar condicionado antigo e, em alguns cômodos, com fiação elétrica exposta e com isolamento provisório de fita crepe ou fita isolante.

 Diante da gravidade encontrada e do risco iminente devidamente comprovado, a Guarnição BM, comandada pelo Ten. Pereira, interditou parcialmente o alojamento do clube Tupi, ficando os adolescentes sob responsabilidade do vice-presidente do clube.

Apesar de o Clube possuir Processo de Segurança Contra Incêndio e Pânico em tramitação no CBMMG, a situação do alojamento era de risco iminente, sendo portanto, interditado conforme legislação em vigor, a saber Lei Estadual 14.130/2001 e Decreto Estadual 44.746/08.”

 NOTA OFICIAL DO CLUBE:

“Nota de esclarecimento sobre a interdição do alojamento

O nosso alojamento tem a capacidade para 35 jogadores. No momento da interdição tinham no local cerca de 28 atletas. Já estamos trabalhando para dar o maior conforto e segurança para os nossos atletas, tanto que já encaminhamos a Prefeitura a documentação necessária, mas tivemos exigências dos bombeiros, o que ocasionou a interdição. Liberamos nossos atletas que já estão sendo remanejados em novas locações e estão tendo todo apoio e atenção. Prezamos sempre pela segurança dos nossos atletas e parabenizamos os bombeiros pela atuação.”

Texto: Toque de Bola; Reprodução das notas oficiais do Corpo de Bombeiros e do Tupi Football Club

Fotos: Corpo de Bombeiros/Divulgação