Kiprop Mutai e Tecla Chebet: confira a entrevista exclusiva com atletas e técnico

A participação dos quenianos Kiprop Mutai e Tecla Chebet, vencedores da Meia Maratona de Juiz de Fora, realizada no último domingo, 11 de junho, foi a última dos dois atletas no Brasil em 2012. Nesta quarta-feira, 13, eles embarcam de volta ao país africano levando na bagagem, além de vitórias como as vistas em Juiz de Fora, premiações que permitirão a continuidade dos treinamentos na terra natal e a possibilidade de ajudar família e amigos.

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Após a prova, a equipe do Portal Toque de Bola conseguiu uma entrevista exclusiva com os dois atletas, que integram a equipe Luasa, de Taubaté (SP). Nossa reportagem teve o privilégio de ter como intérprete o técnico do time paulistano, Luiz Antônio dos Santos, ex-atleta que foi bicampeão da Maratona de Chicago (93 e 94), Campeão da Meia Maratona do Rio de Janeiro (99), Campeão da Maratona Internacional de São Paulo (95), medalhista de bronze no Campeonato Mundial de Atletismo, em Gotemburgo, na Suécia (95), 10º colocado na maratona dos Jogos Olímpicos de Atlanta (1996), melhor desempenho brasileiro até então (Vanderlei Cordeiro de Lima seria bronze em Athenas-2004) e por três anos consecutivos top ten na Corrida Internacional de São Silvestre. Luiz Antônio tem ainda no currículo títulos da Corrida da Fogueira, prova que participou “umas cinco vezes”. Disse também ter participado, em Juiz de Fora, da Corrida do 2º Batalhão da Polícia Militar.

Foi através desse intérprete que Kiprop, de 26 anos, comentou a prova do último domingo. “Gostei muito do percurso e da temperatura. Estava ótimo para correr. No próximo ano, se trouxermos um grupo maior, dá até para tentar uma marca melhor. Talvez baixar o tempo em três a quatro minutos”, disse Kiprop, que completou os 21 km com tempo bruto de 1h06min56. Após a fala do corredor, Luiz Antônio revelou que durante a sua estada no Brasil, Kiprop participou de 11 corridas, vencendo dez delas, sendo a última a Meia Maratona de Porto Alegre, realizada no final de semana que antecedeu a disputa em Juiz de Fora.

Tecla também aprovou o percurso. “A cidade é muito boa. Gostei do percurso por ser plano, sem subida. Em relação às adversárias, consegui abrir bem e tinha consciência do que estava fazendo”, expôs por meio do intérprete-técnico-corredor, que acrescentou que essa foi a primeira passagem de Tecla pelo Brasil. “Nunca tinha saído do Quênia. Quero voltar em breve ao Brasil”, completou a atleta. Luiz Antônio depois completaria: “Acho que ela volta ainda melhor no ano que vem porque sabe que não é tão fácil correr no Brasil”.

Perguntado se pretende participar dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, Kiprop provou ser bem realista. “Penso sim, mas é muito difícil porque no Quênia tem muitos corredores bons. É uma dificuldade muito grande também pela quantidade de atletas”, respondeu o corredor, que não integra a equipe queniana para os Jogos Olímpicos de Londres.

Taubaté: a base do Quênia no Brasil

Após parar de correr, Luiz Antônio não abandonou o atletismo. Ele passou a ser uma referência para quenianos que querem correr um direção a um futuro melhor. “Eles ficam de dois a três meses no Brasil devido aos vistos. Nesta quarta-feira, todos eles estão indo embora. Depois, chega outro grupo. O que eles ganham nas corridas aqui faz a diferença para eles no Quênia, um país muito pobre. Têm a possibilidade de ajudar os familiares”, disse o treinador.

Depois, ele explicou o seu papel na vinda de quenianos para o Brasil. “Pelo fato de eu ter muito conhecimento por ter sido atleta, preparo a documentação deles junto às federações e Polícia Federal. Inicialmente, a Federação de Atletismo do Quênia precisa enviar uma carta para a Federação de Atletismo do Brasil informando a vontade dos atletas de treinar e competir aqui. Temos uma chácara, um campo de treinamento em Taubaté, onde eles ficam alojados”, relatou o treinador.

Com participação em Juiz de Fora, Kiprop e Tecla receberam, cada um, moto de 100 cc.

Texto: Thiago Stephan

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