Com as mesmas dificuldades estruturais no início da pré-temporada e apenas cinco novos atletas contratados até o momento, o Toque de Bola conversou com o técnico do Tupi, Júnior Lopes, que emitiu sua opinião e conhecimento sobre as deficiências do Carijó e os diferentes momentos do mercado no futebol brasileiro, reconhecidos e estudados pelo experiente profissional hoje no comando do Galo. Apesar de poucos reforços anunciados até meados de dezembro, o técnico garantiu que o clube não cairá na armadilha de apenas manter os jogadores que conquistaram o acesso à Série B.
Estrutura
“O Tupi é um clube que vai disputar a Série B pela primeira vez, então você tem que crescer de patamar em todos os sentidos e a questão estrutural é só uma delas. O clube tem que crescer como um todo. Há dois, três anos atrás estava na Série D, então possui muitos méritos, mas sempre alguma coisa para melhorar. Trabalhei em Grêmio, Palmeiras, Flamengo, Fluminense, Botafogo, Coritiba, Atlético e têm vários times com muitas coisas para melhorar. É normal, temos sempre que buscar a excelência, um patamar maior e é isso que todos no clube estão procurando. A cidade também tem que crescer, tem que visualizar o Tupi. Acho muito importante as pessoas terem essa consciência do que é disputar uma Série B em nível de Prefeitura, de Universidade, então toda a cidade tem que se unir em torno do Tupi, para que o clube seja um clube importante em nível nacional”, avaliou o técnico.
Montagem do elenco
Dividindo a construção do grupo de jogadores em duas prioridades, Júnior Lopes destacou a importância do clube não se contentar em apenas renovar com os atletas do acesso sem qualificar o elenco para uma competição de exigências maiores:
“Nós procuramos tentar valorizar o que foi feito com qualidade e ter dois parâmetros: o primeiro de buscar manter a base, os atletas de qualidade que deram esse sustentáculo para o Tupi conseguir subir, e, ao mesmo tempo, também ter cuidado, porque quando você consegue um acesso desse não adianta só trabalhar com atletas por gratidão e achar que está tudo bom. Quando você chega em um patamar maior, tem que qualificar seu elenco. E tivemos vários exemplos nesse ano de clubes que subiram da C para a B e agora voltaram para a terceira divisão, como Macaé e Mogi. Na própria Série A, inclusive uma grande equipe do futebol brasileiro como o Vasco da Gama. Então procuramos ter esses exemplos, como do próprio Tupi que subiu para a Série C de 2011 para 2012 e acabou voltando no ano seguinte. Por isso estamos construindo nosso elenco com muito cuidado e critério”, explicou.
Mercado promissor
Questionado sobre uma quantidade de atletas que gosta iniciar a temporada, Júnior Lopes preferiu não contabilizar. Em análise do mercado, o comandante se mostrou otimista com o final de ano por novas contratações:
“É muito relativo, às vezes você planeja um número, mas depois que está com um elenco pronto, aparece um atleta no mercado que você desejava. Estou há mais ou menos um mês planificando a montagem do elenco com a direção e o mercado varia muito de momento para momento. Tivemos que esperar as competições acabarem e propostas são feitas para vários atletas, e às vezes ele espera uma situação melhor, o que é normal por ser um profissional. Mas agora acaba se invertendo um pouco. Antes os clubes estavam procurando muito os atletas e você tinha uma dificuldade porque o jogador, quando não tem uma satisfação 100%, acaba não aceitando a proposta e fica negociando. Agora, vai chegando o fim de ano e o atleta que não acertou com clube algum acaba de repente facilitando e indo atrás do clube. É uma situação que estamos acostumados a viver todo ano e que precisamos de cuidado e atenção”, explicou o técnico.
Estabilidade e contrato de um ano
Estes dois pontos, segundo Júnior Lopes, vêm sendo utilizados como algumas das seduções em contatos com potenciais reforços. Isto porque clubes do interior que participam de torneios como o Campeonato Paulista acabam tendo recursos para oferecer salários maiores, mas apenas para o Estadual:
“O Tupi hoje é um clube que tem um atrativo muito importante, que é a Série B, onde o atleta quer ter contrato no ano inteiro, mas você encontra algumas concorrências em mercados que não têm uma competição nacional no segundo semestre, como o Campeonato Paulista, por exemplo, em que os clubes arrecadam mais dinheiro da federação e cotas de TV e logicamente oferecem contratos melhores nesse período para os atletas. Então você tem que convencer o atleta nesse outro segmento, em um contrato de período maior, e essa tem sido nossa busca. Mas têm atletas que visualizam isso, outros que querem estabilidade, alguns que buscam dinheiro maior naquele momento e correr o risco de ficar parado no segundo semestre, até confiando em seu potencial. Isso depende de cada atleta e de cada cabeça”, relatou Júnior Lopes.
Até o momento o Tupi anunciou 11 renovações e cinco contratações. Outros quatro atletas treinam com o restante do elenco na pré-temporada, estando sujeitos a avaliações da comissão técnica para a possibilidade de firmarem contrato com o clube juiz-forano.
Texto: Bruno Kaehler
Foto: Toque de Bola
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