Tinha juiz-forano em campo no time do América-MG, que conquistou o Campeonato Mineiro sub-20 em 2021. O meia Gustavinho, que recém-completou 20 anos, participou da campanha que terminou com a vitória de 3 a 1 sobre o Cruzeiro, no Independência, no dia 31 de outubro.
“Ganhar um título é sempre muito bom, você deixa o seu nome marcado na história. O América já tinha um tempo que não ganhava. Eu me sinto honrado em poder contribuir com mais uma conquista do clube”, afirmou à reportagem.
Quem vê Gustavinho com a taça do Mineiro sub-20 não sabe como ele já está acostumado a levantar troféus desde que começou a jogar no futsal e no futebol de campo em Juiz de Fora.
Nova fase
As origens e o início da carreira, a ida para Belo Horizonte quando estava no início da adolescência e o caminho que o levou ao América foram alguns dos assuntos que ele contou em entrevista à Live de Quinta na webradio Nas Ondas do Toque. Além disso, destacou os sonhos para a nova fase carreira – já integrado ao time profissional do América.
“Minhas expectativa para a próxima temporada é jogar e se firmar, ajudar a equipe, ser titular e fazer com que o objetivo coletivo seja cumprido”, resumiu o camisa 10 do Coelhãozinho.
Conheçam Gustavinho
Gustavo César Mendonça Gravino nasceu em 29 de outubro de 2001 em Juiz de Fora. Com 1,77m, atua como meia.
De acordo com o site transfermarket , Gustavinho fez parte da equipe principal do Coelho em nove partidas da Série A do Brasileiro: foi titular em uma, entrou no longo da partida em outras quatro e permaneceu entre os reservas nas demais.
Já o site oGol contabiliza 34 jogos de Gustavinho na temporada com a camisa do América. Ele jogou mais vezes – 11 – em duas competições: o Campeonato Mineiro e o Brasileiro sub-20. Ele tem cinco presenças pelo Mineiro Júnior e pelo Brasileirão e duas pela Copa do Brasil.
Ainda conforme oGol, até o momento, o meia juiz-forano contabiliza mais de 2 mil minutos em campo, com 4 gols marcados (três pelo Brasileiro sub-20 e 1 pelo Mineiro Júnior) e quatro assistências (duas pelo Brasileiro Sub-20, uma pela Copa do Brasil e uma pelo Campeonato Mineiro).
Futsal e futebol em JF
Como muitos outros jogadores, o ponto de partida de Gustavinho não foi na grama, mas no piso da quadra e com uma bola menor.
“Comecei no Olímpico, aos 5 anos de idade, jogava futsal. ali e fiquei no Olímpico até os 10 anos. Aí com 10 anos, comecei a praticar o campo no Sport Club Juiz de Fora e também fui para o futsal. E tive a oportunidade de disputar um Campeonato Mineiro pelo Sesi com 12 anos e acabamos sendo campeão mineiro. E logo depois voltei pro Sport, continuei fazendo o futsal e o campo também”.
Ele confessou que a principal lembrança deste período de infância e pré-adolescência entre quadra e campo vem do futsal foi a conquista do Campeonato Mineiro sub-11 com o time do Sesi.
“Fizemos um grande campeonato, disputamos com grandes equipes que estavam acostumadas sempre a chegar na final do Campeonato Mineiro e foi um jogo muito marcante. É um título muito expressivo, pela idade, pela experiência que eu adquiri no torneio em si. Foi um campeonato muito especial para mim, que eu consegui crescer, ter uma base e alimentar esse sonho de ser jogador de futebol”.
O técnico de Gustavinho neste time campeão do Sesi foi Ivan Gal, que tem recordações e elogios ao ex-atleta. “Falar do Gustavinho é muito fácil. Ele sempre foi muito diferenciado, muito acima da média dos outros meninos, fora da curva, a gente pode dizer. Além de ser um menino extremamente educado, companheiro, amigo. Gostaria de deixar os parabéns para ele agora por esse título do América no sub-20. Um abraço para ele e toda família também, merecedores”.
Confira galeria de fotos do arquivo de Gustavinho em Juiz de Fora
Partiu BH!
Um ano depois desta conquista, o juiz-forano se mudou para Belo Horizonte. O destino vestia azul. “Vim para jogar no rival, jogar no Cruzeiro. E passei quatro anos pela base, do sub-14 até sub-17, cheguei em 2015 e fiquei até 2018”.
Com 17 anos, ele se transferiu para o América, onde chegou em abril de 2018. Segundo Gustavinho, foi o clube que permitiu que ele tivesse oportunidade de “viver grandes coisas”.
“Trabalhei muito. Sabemos como é difícil você trilhar toda base e conseguir chegar ao profissional. Infelizmente não são todos e eu fui agraciado por Deus por ter essa oportunidade. Agradecer também muito ao América por essa oportunidade de estar jogando, estar representando esse grande clube. É um momento de muito aprendizado profissional, mas também pessoal. A expectativa é a melhor possível, acabou meu ano de júnior, de sub-20, vou me integrar à equipe profissional”.
Time principal
Antes mesmo de deixar oficialmente a categoria de base, as páginas escritas por Gustavinho no América incluíram neste ano estar em algumas partidas do Brasileirão. Ele contou como foi esta experiência que o deixou “muito feliz”.
“No profissional fui recepcionado muito bem pelos companheiros, pela comissão. Toda confiança de que eu precisava foi dada. Fui muito feliz de fazer alguns jogos da Série A em um campeonato elite no mundo. Isso alimenta mais a vontade de chegar até níveis maiores e mais altos. O momento foi muito marcante para mim”.
A caminho do quinto ano do clube, o juiz-forano que tem contrato até o final de 2022, destacou que contribuir para o América alcançar os objetivos é o maior sonho que espera transformar em realidade.
“Todos os meninos que sobem da base assim têm em comum querer jogar mais partidas possíveis na equipe principal. Eu não sou diferente. Tenho muitos sonhos, o primeiro é poder fazer o máximo de jogos possíveis em 2022 e poder dar muita alegria à torcida americana. E, com certeza, ajudar meus companheiros no objetivo anual”, ressaltou.
“Tudo tem um propósito”
Na despedida da base, Gustavinho fez parte do time que conquistou o Mineiro sub-20 em 2021 de forma invicta: 12 vitórias e dois empates em 14 jogos. Foi o 18º título estadual no Sub-20, depois de doze anos de espera.
Ele contou que, solicitou e a comissão técnica aceitou, que ele ficasse disponível para a equipe quando não fosse relacionado para compor o grupo na disputa de algum compromisso da série A.
“Eu não fui relacionado para o jogo do primeiro turno contra o Grêmio e teria um clássico no sub-20 contra o Atlético. Conversei com a comissão técnica pedindo para, ao invés de treinar à parte com os não-relacionados, se eles poderiam me deixar jogar o clássico. Eles concordaram, joguei e voltei para o profissional. Todas as vezes que não era convocada para o profissional, eu e os outros atletas começamos a ajudar propriamente a equipe sub-20”, explicou.
Gustavinho diz que o título mostrou que nem sempre os caminhos são tão claros para se firmar em um clube de futebol profissional.
“Eu estou muito feliz com essa oportunidade. Apesar de no momento a gente não entender, a gente às vezes não querer, esse título veio para coroar, veio para mostrar que tudo tem um propósito. Eu estou muito honrado de fazer parte deste grupo e de ter a oportunidade de colocar o meu nome na história do clube.
Gosto diferente
O Mineiro sub-20 foi decidido em dois jogos. O primeiro terminou empatado em 1 a 1. O segundo teve três gols em oito minutos. Rodrigo abriu o placar para o América aos 22 do primeiro tempo. Igor Lemos empatou para o Cruzeiro aos 28 e aos 30, Carlos Alberto recolocou o Coelho na frente. O placar permaneceu sem alterações até os 46 do segundo tempo, quando Arthur deu números finais à partida: 3 a 1 para o América.
Para Gustavinho, a vitória foi mais especial por ter sido contra o ex-clube. “Um jogo muito pegado, muito truncado, em que as duas equipes entraram para vencer. Acredito que fomos muito superiores no segundo jogo, fazendo três gols. O titulo contra o Cruzeiro, um clube que eu passei, fui dispensado de lá, tinha um gosto diferente, toda história envolvida. Então vibrei muito, estou muito feliz em ser campeão mineiro em cima do Cruzeiro. Foi muito legal, muito bom.”
Coletivo
O meia juiz-forano fez questão de lembrar que o título no sub-20 foi a recompensa do esforço coletivo representado pelos integrantes da equipe.
“Não foi o trabalho de uma pessoa, um jogador só, mas de todo elenco, de todo staff, de toda diretoria, de toda comissão técnica, do presidente ao mais humilde funcionário. Representa as pessoas que não aparecem, que quase nunca estão no holofote. Esse título coroou não só os jogadores, mas todas as pessoas envolvidas no clube. Estou muito feliz e honrado de fazer parte desse título”, afirmou Gustavinho.
Texto: Toque de Bola – Roberta Oliveira
Fotos: Gustavinho/arquivo pessoal; Mourão Panda/América; Vinicius Silva/ Portre Imagens; Ivan Gal/arquivo pessoal