Se você ainda não se acostumou com as mudanças recentes nas regras e na dinâmica da arbitragem do futebol, prepare-se: vem mais por aí. Além da introdução do assistente de vídeo (VAR) nos 380 jogos da Primeira Divisão, outras mudanças vão estar em campo nas mais importantes competições do país, que começam entre o próximo dia 26 e o dia 5 de maio.
Quem garante é ninguém menos que o assistente Fifa radicado em Juiz de Fora, Marcelo Van Gasse, que considera cedo para prever como isso afetará as partidas. “Os campeonatos brasileiros das séries A, B, C e D se iniciam com as novas regras. Temos que vivenciar as mudanças para saber como afetarão o jogo”, disse o bandeirinha brasileiro na Copa do Mundo de 2018 e que também atuou no Mundial do Brasil, em 2014, em breve contato exclusivo com o Portal Toque de Bola.
O que muda?
Após dois anos de experimentos, a International Board aprovou em 2 de março as alterações. A entidade também autorizou a CBF a incluí-las em seus campeonatos mais cedo. No resto do planeta bola elas só entram em vigor a partir de 1º junho. São três mudanças principais nas regras: cartões amarelo e vermelho para integrantes das comissões técnicas; bola em jogo assim que se move claramente em tiros de meta ou livre dentro da área; e indicação de saída do jogador substituído na linha limite mais próxima de onde estiver.
Há ainda novas orientações para situações específicas. As diretrizes da International Board incluem mudanças na redações de texto para situações de mão na bola. Na principal delas, a partir do início do Brasileirão, todo gol marcado com um toque na mão ou braço do atacante, mesmo que acidentalmente, será anulado.
Outra determinação é que jogadores do time cobrador de uma falta fiquem pelo menos 1m distantes da barreira quando esta for formada por três a ou mais jogadores. Também foi dada permissão para que o goleiro tenha apenas parte de um dos pés sobre ou alinhado à linha do gol, sem poder ficar atrás da mesma, na hora da cobrança de um pênalti contra ele. E, agora, caso a bola toque em um integrante da arbitragem e entre no gol, mude sua posse ou inicie um ataque promissor para o adversário, será dada bola ao chão.
Justificativas
Por conta da dificuldade em lidar com integrantes mais exaltados das comissões técnicas e para facilitar a compreensão pelo público, a International Board permitiu a aplicação de cartões advertência e expulsão a eles. Um membro do banco de reservas que não seja jogador vai poder receber amarelo se cometer uma infração e, persistindo ou cometendo outra, o vermelho. Se este não puder ser identificado, o treinador levará os cartões.
No caso das reposições e tiros livres dentro da área, antes a bola teria que ultrapassar a linha da grande área para estar em jogo. Agora, basta se mover claramente. A nova orientação busca dar mais dinâmica à partida e evitar que o defensor possa usar a entrada na região na qual não permitiria a bola estar em jogo como artifício para repetir a cobrança. Outra mudança para dar mais dinamismo aos embates foi a oficialização da saída de atletas substituídos por qualquer região do campo.
Sem vantagem ilegal
Na reunião International Board, a intenção foi de deixar mais clara as situações de mão na bola nas quais, mesmo que acidentalmente, o toque se torna uma infração. Assim, a não consignação de um gol mesmo com toque de mão involuntário do atacante segue o princípio de que, no futebol, não se pode usar mãos e braços para obter vantagem, ainda que não deliberadamente, justifica a entidade.
Segundo a Board, a proximidade de atacantes à barreira gera problemas para gerenciar o desperdício de tempo. A entidade considera que não há justificativa tática legítima para sua presença ali, e que este expediente fere o espírito do jogo, muitas vezes danificando sua imagem. Caso os jogadores não cumpram a distância, será marcado tiro livre indireto contra o time que cobrou a falta.
Finta e reação
Em relação aos goleiros no momento da cobrança do pênalti, a entidade internacional que controla a plicação das regras do futebol oficializou algo que já vinha sendo tolerado pela maioria dos árbitros. A Board justifica a troca dos dois pés na linha por parte de um pé tocando ou alinhado à linha de meta por conta da possibilidade de o cobrador fintar na corrida até a cobrança. Assim, o comitê considera razoável que o arqueiro possa mover um pé na expectativa do chute.
Incluído nas situações nas quais a bola está em jogo, o toque em um integrante da arbitragem agora causa bola ao chão nas situações que beneficia uma equipe. De acordo com a justificativa da Board, é injusto que um time ganhe vantagem ou marque um gol em decorrência de a bola acertar um oficial, especialmente o árbitro.
Texto: Toque de Bola – Wallace Mattos
Fotos: Facebook Fifa; Facebook TheIFAB; Bruno Cantini/Atlético